terça-feira, 8 de abril de 2008

Bancos devem ampliar prejuízos com crise das hipotecas, diz FMI

O Fundo Monetário Internacional (FMI) afirmou nesta terça-feira que a crise financeira poderia se intensificar, com novos prejuízos para os bancos que possuem valores dos Estados Unidos, onde as perdas potenciais são de cerca de US$ 1 trilhão, segundo seus cálculos.

O Fundo Monetário Internacional publicou hoje seu relatório
semestral sobre a estabilidade dos mercados financeiros, o "Assessing Risks to Global Financial Stability" (Avaliando os riscos à estabilidade financeira global), no qual mostra um panorama pouco promissor.

Segundo o documento, a supervalorização do real pode ser um fator de vulnerabilidade da economia brasileira em caso de um novo pico de volatilidade nos mercados internacionais.

Em um capítulo do relatório dedicado a avaliar o quão vulnerável à crise estão os países emergentes, como o Brasil, o FMI afirma que a força continuada de moedas como o real brasileiro ou a rupia indiana sugere a persistência de operações conhecidas como "carry trades".

Nessas operações, os investidores tomam empréstimos em moedas de países com baixas taxas de juros, convertem o montante na moeda de outro país com taxas de juros maiores e aplicam os recursos nesse país, ganhando com a diferença.

Isso aumentaria o fluxo de investimentos externos aos países com maiores taxas de juros e pressionaria a cotação da moeda para o alto.

Segundo o relatório, além do Brasil, outros países que vêm recebendo um fluxo grande desse tipo de investimento são Colômbia, Islândia, Indonésia, Nova Zelândia, Turquia e África do Sul, a partir de financiamentos em iene japonês, franco suíço e, mais recentemente, com os cortes de juros nos Estados Unidos, em dólar americano.

Dependência
Apesar da observação quanto à supervalorização da moeda, o FMI considera o Brasil em posição relativamente melhor do que no passado para lidar com a dependência de fluxo de capitais externos.

Segundo o relatório, os países emergentes mais vulneráveis à escassez de crédito internacional são aqueles nos quais o crescimento do crédito interno foi alimentado por fontes externas de financiamento e onde grandes déficits em conta corrente precisam ser financiados, o que não é o caso do Brasil.

O documento do FMI observa que "até agora, os mercados dos países emergentes têm resistido (à crise)".

A organização adverte, porém, que "mercados de dívida, particularmente de dívidas externas corporativas, já sentiram o impacto da turbulência nos países desenvolvidos e os custos de financiamento aumentaram".

Na visão do FMI, "novos choques para o apetite dos investidores por ativos de risco nos mercados emergentes não podem ser descartados se as condições financeiras piorarem".

(Com informações da Efe e BBC)