quinta-feira, 5 de março de 2009

Lula, Mantega e Meirelles reforçam vantagem dos bancos públicos

Após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva questionar se os países avançados "vão ter a coragem de estatizar os bancos", o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que a dificuldade dos americanos para tal decisão é porque eles consideram banco público "um bicho de sete cabeças". Já o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, apenas defendeu a atuação dos bancos públicos brasileiros com maior oferta de crédito na crise. "Os bancos públicos estão cada vez mais agressivos e profissionais" em meio à concorrência, disse ele.Lula questionou na abertura do Seminário Internacional para o Desenvolvimento se os países ricos vão continuar colocando dinheiro com o intuito de salvar os bancos ou se algum país "terá coragem de estatizar, salvá-los e fazer voltar o crédito".

Dois discursos depois, Mantega retomaria a questão, ao citar que a solidez do sistema financeiro nacional, "cuja regulação aqui é melhor", é um dos "círculos de defesa" do Brasil da crise.

"No momento de crise financeira como essa, é muito importante ter bancos públicos para irrigar o crédito", afirmou o ministro. "É uma vantagem do Brasil", prosseguiu ele.

"Acho que uma das dificuldades dos gestores nos Estados Unidos para estatizar os bancos é a falta de experiência. Eles acham que é um bicho de sete cabeças", continuou Mantega. "Aqui, temos bancos públicos que funcionam bem, cumprem suas funções de fomento e dão lucro", afirmou.

Lula aproveitou para rejeitar, mais uma vez, barreiras comerciais como medidas anticrise. "Não podemos passar do vale-tudo financeiro, que jogou o planeta na crise atual, para um vale-tudo protecionista, que nos jogará em uma crise ainda pior do que aquela que resultou na 2ª Guerra Mundial", concluiu o presidente.

(Azelma Rodrigues | Valor Online)