quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

O que esperar para 10 setores da economia brasileira em 2013

Após um ano de "pibinho", veja quais setores devem se recuperar em 2013
 
Beatriz Olivon
Lilian Sobral, de EXAME.com

O resultado oficial do produto interno bruto (PIB) de 2012 será divulgado apenas em março, mas as perspectivas indicam um crescimento muito baixo na economia brasileira, próximo a 1%.

Para 2013, o ano deve ser de leve recuperação, mas ainda longe de registrar uma expansão econômica robusta. Após várias quedas consecutivas nas expectativas, o Boletim Focus mais recente projeta uma alta de 3,09% no PIB deste ano.

Diante desse cenário, alguns setores acabam sendo os mais afetados. Outros, porém, conseguem ignorar o "pibinho" e apontam boas perspectivas para o ano.

Confira a seguir as projeções, oportunidades e desafios para dez setores da economia brasileira em 2013.

Automóveis

No setor automotivo, os holofotes estão no fim da redução de IPI. "A tendência é o mercado ficar estagnado em relação a 2012, que foi um ano de muito crescimento", disse Milad Kalume Neto, da consultoria Jato Dynamics, que prevê elevação de cerca de 2% nas vendas em 2013.

O número deve vir apesar do bom resultado de janeiro, quando as vendas foram recorde para o mês. Esse efeito, explica Neto, acontece pela venda de estoques.

A estimativa da Tendências Consultoria para as vendas de veículos leves em 2013 é de crescimento de 3,2%. A produção deve crescer 7,4%. A expectativa de aumento da produção maior que o das vendas deve-se, principalmente, a uma reposição de estoques, que diminuíram em 2012.

Outros fatores que devem contribuir são a demanda interna que segue aquecida, a melhora - mesmo que ligeira - nas exportações e a contínua redução das importações, segundo Rodrigo Baggi, analista de setor automotivo da Tendências Consultoria.

O efeito do fim da redução do IPI vai se acomodar ao longo do ano, segundo Baggi. "O fator de risco do ponto de vista da demanda das vendas, se existe, está na parte de crédito [com forte inadimplência durante 2012]. Mas acreditamos que isso pode não atrapalhar", disse.

Já no campo dos comerciais pesados, há a expectativa de um crescimento de 15% em relação a 2012, segundo Neto. "O segmento é beneficiado pela comparação com 2012, um ano perdido" afirmou. No ano passado, o segmento sofreu com as vendas antecipadas no final de 2011 e com a adoção da Norma Euro 5 (determinação de redução na emissão de poluentes).

A Tendências Consultoria projeta um crescimento de 21% na venda de caminhões em 2013 e de 6,6% na de ônibus. O cenário positivo de emprego e renda no país é o grande motor da demanda do setor, segundo Baggi, além disso, há alguns projetos de investimentos em logística que estimulam a demanda.

Desafios

O aumento da gasolina teria naturalmente algum impacto nas vendas, segundo Baggi, mas o efeito de queda real de preço do automóvel atrelado a um cenário positivo de renda e emprego pode neutralizar esse impacto.

Imobiliário

O setor imobiliário em 2012 passou por um ano mais estável. Segundo Basilio Jafet, presidente da Fiabci/Brasil (unidade nacional da Federação Internacional das Profissões Imobiliárias), esse período foi uma espécie de "arrumação" no segmento, que tinha saído de um momento de demanda muito forte nos anos anteriores, para um ano de economia estável.

"Após esse momento, em 2013, deve acontecer um novo aumento da demanda", afirma. A estimativa é de um crescimento beirando os 5% neste ano, acompanhado de um novo aumento de preços para o setor.

As oportunidades, segundo Jafet, estarão em diversas regiões e setores. O residencial e comercial, por exemplo, continuam com forte demanda em grandes metrópoles. Já os imóveis dedicados a operações logísticas, como estocagem de safra, terão forte demanda no interior do país.

Desafios

Um ponto polêmico sobre o setor imobiliário é o financiamento para compra de imóveis, que tem como principal fundo a poupança. Com as novas regras, cogitou-se a hipótese de que os recursos da caderneta deixassem de ser suficientes para financiar o setor.

Para Jafet, esse é um desafio que vem sendo bem superado e não oferece os riscos que se imaginou no início. "Acredito que por pelo menos mais dois anos, os recursos ainda serão suficientes", disse. Ele também afirma que, para suprir a necessidade de fundos, o mercado também já está desenvolvendo novos produtos, como fundos imobiliários e títulos como LCIs (letras de crédito imobiliário).

Assim, o setor tem desafios maiores para se preocupar. Um deles, aponta o presidente Fiabci/Brasil, é a falta de terrenos disponíveis no perfil que os empreendimentos demandam. Outra questão importante é a aprovação em novos projetos, que mesmo por conta da alta demanda, acaba desacelerando.

Turismo

Com a proximidade da Copa do Mundo, as expectativas para o setor de turismo são grandes. Para o presidente da Braztoa, Marco Ferraz, o benefício é a divulgação do país, as melhorias em infraestrutura e o turismo gerado em decorrência dos jogos.

A expectativa da Braztoa é que o setor cresça cerca de 10% neste ano, apesar da economia fraca. Para o primeiro semestre, a projeção é de estabilidade. O crescimento deve vir na segunda metade do ano, segundo Ferraz.

Desafios

"Hoje, por conta dos preços, o Brasil tem mais passageiros vindo a trabalho do que a turismo. O país não está competitivo", disse.

Com a proximidade da Copa do Mundo, a expectativa é que os preços subam - como se observou durante a Rio +20, no Rio de Janeiro. "Pode haver menos demanda que oferta, como foi na Olimpíada de Londres", disse. No evento esportivo, muitos ingressos não foram vendidos e o governo inglês chegou a distribuir os tickets entre soldados para evitar os lugares vazios.

Além disso, eventos como a Copa acabam atraindo o turista eventual que, segundo Ferraz, é mais suscetível a câmbio e preço. Nessas épocas, o turista que viria visitar o país independentemente de preços desiste da viagem.

Varejo

No geral, o varejo ainda deve ter um desempenho razoável em 2013, porém não tão robusto como em 2012, conforme avalia Eugenio Foganholo, diretor da Mixxer, consultoria especializada em bens de consumo e varejo. Isso porque os fundamentos que sustentaram o crescimento nos últimos anos ainda estão presentes, mas não tem tanto espaço para crescer como tinham antes. O emprego, por exemplo, que vem crescendo, já está próximo da estabilidade, assim como a massa salarial e a renda das famílias.

Alguns segmentos podem sentir mais efeitos negativos por motivos específicos e outros podem ter um desempenho melhor. Um ponto importante no ano passado foi a redução do IPI (Imposto Sobre Produtos Industrializados) para linha branca. Com a medida, o consumo desses produtos aumentou muito e deve começar a estabilizar ou até diminuir neste ano. Por outro lado, como lembra Foganholo, setores como o de confecções, que ficaram de lado já que o bolso do consumidor estava comprometido com outros produtos, devem apresentar recuperação.

Desafios

Com os fundamentos mais estabilizados, o crescimento do setor deve estabilizar também, lembra Foganholo. Além disso, nos últimos anos os consumidores vêm apresentando um comportamento mais imprevisível em relação a suas compras. Datas que costumavam ter picos no varejo já não são sucesso de venda e outros momentos que não teriam um desempenho atípico, apresentam sucesso nos negócios. Para Foganholo, esse movimento vai continuar.

Segundo ele, as grandes varejistas já começam a driblar esse desafio incentivando gastos o ano todo. Isso pode ser feito com vários artifícios, desde o aumento do mix de produtos nas lojas, até promoções durante o ano.

 

Petróleo e Gás

A demanda deve continuar forte no setor, segundo Walter de Vitto, analista de petróleo e gás da Tendências Consultoria.

A necessidade de petróleo deve continuar crescendo, segundo De Vitto, em decorrência do aumento de renda e de crédito, e consequente elevação no consumo de automóveis e de bens que demandam derivados de petróleo. Na produção industrial as expectativas também são boas.

Já o segmento de gás deve se beneficiar do baixo nível de chuvas. "Um ano como 2012 ou 2011 não teve muita demanda [de gás], então a produção foi menor, mas ao acionar as usinas [que entram em ação quando hidrelétricas não são suficientes], a demanda aumenta muito e acaba sendo necessário produzir mais para atender essa demanda. É positivo", disse De Vitto.

Desafios

Embora tenha boas perspectivas para a demanda, quando o assunto é a produção de petróleo, o cenário não é positivo, segundo Walter de Vitto, analista de petróleo e gás da Tendências Consultoria.

Com desempenho muito atrelado ao da gigante Petrobras, a produção de petróleo reflete algumas escolhas da empresa. O aumento de preço na gasolina tem um impacto positivo para a Petrobras, mas "ainda não resolve o problema dela", segundo De Vitto.

"Nos últimos anos, a Petrobras passou por problemas e agora paga o preço. O cenário para produção não é positivo. A OGX também aparecia como promissora, mas não está entregando resultados tão favoráveis como tinha prometido", comentou sobre empresas do setor. De Vitto explica que a Petrobras diversificou demais seus investimentos, ao invés de focar em pontos que poderiam ter dado mais retorno e isso deve continuar esse ano, na opinião do analista, tendo em vista que é reflexo da gestão anterior.

Cosméticos e produtos de higiene pessoal

Uma teoria batizada de efeito batom dá conta de que o setor de cosméticos é quase imune a crises. A julgar pelo desempenho no Brasil, a teoria está bem próxima da prática. Os números do setor (que também engloba higiene pessoal e perfumaria) em 2012 ainda não estão consolidados mas, segundo João Carlos Basilio, presidente da ABIHPEC (Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosmético), já apontam para o 17º ano consecutivo de crescimento real de dois dígitos.

A indústria é composta por produtos que são de necessidade básica, como cremes dentais ou sabonetes, e de produtos de adorno, como maquiagens e perfumes. Por isso, o crescimento da renda no Brasil vem impulsionando o segmento. Como explica Reynaldo Saad, sócio-líder no atendimento às empresas do setor varejista da Deloitte, esse é um segmento de produtos aspiracionais, ou seja, as pessoas têm o desejo de consumir. A partir do momento que mais pessoas têm acesso a esses produtos, o crescimento se sustenta.
As empresas dessa indústria colocam no mercado produtos de diversos tipos, preços e funções, o que abre caminho para diferentes perfis de consumidores. "É um setor por si só inovador. O consumidor precisa da novidade no produto e na embalagem", diz Saad.

Além da inovação e do avanço tecnológico, outro ponto deve continuar impulsionando é o crescimento dos pontos de venda, como lembra Saad. Além da tradicional venda porta a porta e do aumento de lojas físicas, o comércio eletrônico continua se fortalecendo para o varejo de cosméticos e produtos de higiene pessoal.

Com o consumo desses produtos crescendo no Brasil, o desempenho no mercado interno é o que deve continuar puxando a indústria. Segundo Basilio, da ABIHPEC, o Brasil já é o terceiro maior mercado consumidor, atrás dos Estados Unidos e Japão.

Desafios

Mesmo um setor que não se abala pela crise tem desafios para ultrapassar. Saad destaca três principais.

O primeiro é a questão logística, que ainda é um problema para vários setores no Brasil. A pouca estrutura pesa ainda mais para essa indústria, já que os produtos são perecíveis e precisam de condições especiais de transporte.

Outro desafio importante para a indústria é a questão da pirataria, que atinge tanto produtos nacionais quanto internacionais.

A questão tributária é uma das que mais merece destaque. Cosméticos são considerados produtos supérfluos pelo governo brasileiro e, assim, estão sujeitos a altos impostos. Além disso, alguns produtos de higiene pessoal, muito ligados à saúde, não são vistos como essenciais e não escapam da alta carga de impostos.

Mineração e Siderurgia

Enquanto a siderurgia deve observar um aumento de consumo e de produção em 2013, a produção na mineração não consegue aproveitar as oportunidades oferecidas pela demanda, segundo Bruno Rezende, analista de mineração e siderurgia da Tendências Consultoria.

Para o BB Investimentos, no o ano de 2013, a perspectiva para determinar o desempenho do setor continuará dependendo do crescimento econômico da China.

O maior risco para o setor de siderurgia em 2013 é de o país não crescer como o esperado, segundo Rezende. "Essa política mais desenvolvimentista do governo, se não surtir efeito, é mais um ano de baixo crescimento e o consumo de siderúrgicos pode ser menor que o projetado", disse.

Em 2013, o consumo na siderurgia deve ser puxado por automotivos e bens de capital, segundo Rezende.  Na produção, o aumento na alíquota de importações e o fim da guerra fiscal são fatores que podem beneficiar. "Produtores nacionais podem ganhar participação sobre os internacionais", afirmou Rezende.

Desafios

Em mineração, o Brasil está desperdiçando uma oportunidade, segundo Rezende.  "Não vamos conseguir fazer a produção crescer no ritmo que poderia ou que existiria demanda para absorver", afirmou.  Para Rezende, o Brasil poderia ter avançado mais. "A discussão de aprovação de um novo marco regulatório para o setor de mineração vem barrando o desenvolvimento do setor há um tempo, está tudo parado, a questão regulatória e o processo de licenciamento ambiental lento impactam negativamente", afirmou.

Por outro lado, como o cenário atual é de excesso de oferta de aço, se a demanda externa não reagir de forma mais efetiva em 2013, os preços internacionais podem ficar mais baixos, segundo Rezende.  O BB Investimentos nãoacredita em um movimento de forte recuperação no setor até que os preços dos produtos siderúrgicos das companhias brasileiras comecem uma trajetória consistente de alta, segundo relatório assinado por Victor Penna. O relatório ainda cita como risco para o setor a volatilidade no preço de matérias primas, como minério de ferro e carvão, sem a possibilidade de repasse.

Setor financeiro

O ano de 2012 foi desafiador para os bancos brasileiros em decorrência da desaceleração no ritmo de expansão das carteiras de crédito, da queda da Selic e da redução dos spreads bancários, segundo relatório do BB Investimentos, assinado pelos analistas Nataniel Cezimbra e Carlos Daltozo. No ano passado, a inadimplência foi a grande vilã da expansão do crédito, afirmam.

Para Carlos Daltozo, analista do BB Investimentos, a perspectiva para 2013 é de maior estabilidade, retomada do crescimento da economia e estabilidade na taxa de juros, um cenário mais favorável para os bancos. A inadimplência já está em queda, segundo Daltozo. "Nossa visão é positiva para esse ano", disse.

Desafios
 
A instabilidade externa continua sendo um risco. "Olhando a economia interna, a expectativa para 2013 é mais favorável e os bancos, em tese, terão uma performance melhor, mas é um cenário dinâmico que demanda atenção", disse Ricardo de Carvalho, sócio da área de Transaction Services da Deloitte.

Além disso, na visão de Carvalho, os bancos devem continuar seletivos quanto ao crédito em 2013.

 

Pecuária

O setor de proteínas no Brasil, especialmente no segmento de bovinos, tem tudo para se destacar no ano por dois motivos principais, como explica Paulo Pinese, sócio da Deloitte na área de consultoria tributária e especialista no setor de agronegócios.

Um deles é pelo tamanho do rebanho brasileiro, um dos maiores do mundo explorados comercialmente. Em segundo lugar, o país tem muita área de pasto. Como explica Pinese, isso aumenta a competitividade da carne brasileira, que utiliza muito menos ração e mais pasto na alimentação do gado, ganhando qualidade e preferência pelo mundo.

Desafios

Um dos pontos de atenção para a pecuária brasileira é a proibição de carne nacional que alguns países colocam após identificarem possíveis contaminações. Segundo Pinese, o Brasil já eliminou diversos desses problemas, mas em algumas ocasiões localizadas, essas proibições podem acabar pressionando o preço das carnes.

Além disso, para outros tipos de proteínas, como frangos, existe a questão dos preços alimentação, feita por produtos como milho e soja. Assim, os valores estão muito ligados ao sucesso da safra agrícola.

Agricultura

A safra agrícola deve ter novo recorde em 2013. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a safra nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas deve chegar a 178 milhões de toneladas em 2013, 9,9% maior que a de 2012, quando o volume colhido já havia sido o maior da série histórica.

Paulo Pinese, sócio da Deloitte na área de consultoria tributária e especialista no setor de agronegócios, destaca dois fatores que impulsionam o setor. "Na agricultura não há forte intervenção do governo e há profissionalização", diz.

Além disso, o Brasil tem alta produção excedente, o que ajuda o país a se destacar também na exportação.

Desafios

O maior desafio para o setor é incontrolável: o clima.

Além desse, Pinese também destaca a questão da infraestrutura. Segundo ele, o Brasil consegue sim escoar sua produção excedente, porém com tempo e custos muito altos, acima do que seriam com uma infraestrutura eficiente.

Preço alto do petróleo arrisca economia global, diz AIE

Preço alto do petróleo arrisca economia global, diz AIE
 
AE - Agencia Estado
 
O economista-chefe da Agência Internacional de Energia (AIE), Fatih Birol, disse que a alta dos preços do petróleo tipo brent representa sérios riscos para a economia global.

"Os preços atuais são hoje um grande problema para a recuperação econômica mundial, em especial para a Europa, o elo mais fraco da economia global no momento", comentou Birol à Dow Jones, às margens de uma conferência do setor na capital inglesa.

Birol também afirmou que os gastos com importação de petróleo e gás deverão alcançar cerca de 500 bilhões de euros (US$ 668 bilhões) este ano se os preços se mantiverem nesses níveis. "Isso significa um grande problema para a economia europeia e global."

A IEA, que tem sede em Paris e representa os interesses dos grandes países consumidores de petróleo, reduziu na semana passada sua projeção para o consumo global de petróleo em 2013 ao reavaliar a velocidade do crescimento da demanda mundial. A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), por outro lado, elevou sua previsão, citando sinais de melhora econômica. As informações são da Dow Jones. 

Invista como Einstein, sugere especialista

Ao contrário do que muitos devem imaginar, a conclusão de Einstein foi muito simples: juros compostos fazem toda a diferença

Por Gabriella D'Andréa 

O famoso cientista Albert Einstein uma vez afirmou que a força mais poderosa do universo eram os juros compostos. De fato, os "juros sobre juros", aliados ao longo prazo do investimento, são capazes de multiplicar o patrimônio dos investidores. Com base nisso, o site Market Watch sugere que essa "arma" seja usada a favor do investidor.

Para quem investe por um período muito longo, alguns poucos pontos percentuais a mais de retorno anual podem fazer uma grande diferença depois de alguns anos. A partir dessa constatação, Paul Merriman, autor do artigo, fez alguns cálculos para mostrar que em alguns momentos vale à pena arriscar mais e deu alguns exemplos de situações que comprovam a ideia de Einstein. Um jovem que aplica US$ 5 mil por ano em um fundo, durante 40 anos e que recebe uma rentabilidade de baixo risco de 4% ao ano, conseguirá acumular US$ 475,128 mil. Já um com retorno de 6% ao ano, no longo prazo, receberia US$ 773,810 mil, uma diferença de US$ 298,682 mil.

Isso quer dizer que, correndo um pouco mais de risco, o investidor conseguiria um retorno 1,5 vezes maior do que a primeira situação, aumentando sua reserva para a aposentadoria. Como Einstein concluiria, uma pequena mudança faria uma grande diferença por conta do juros sobre juros.

Especialistas financeiros afirmam que é possível conseguir 4% de retorno anual em uma carteira para se aposentar com segurança. No entanto, enquanto alguém que teve retorno de 4% pode retirar US$ 19,005 mil por ano de aposentadoria, quem optou pelo retorno de 6% consegue US$ 30,952 mil por ano, uma diferença significativa.

E caso o investidor opte por continuar com o dinheiro aplicado mesmo enquanto recebe a renda da aposentadoria e já parou de contribuir, a diferença também será significativa. Depois de 30 anos de aposentadoria, com um retorno de 4% ao ano, o investidor deixaria US$ 452 mil para os herdeiros, enquanto aquele que correu mais risco e conseguiu juros de 6% ao ano, deixaria quase o triplo deste valor.

Como chegar lá
Para conseguir esse aumento de apenas 2% não é preciso se arriscar tanto. Uma carteira posicionada em renda fixa com 20% a 30% alocado no mercado acionário atingiria esse objetivo, segundo Merriman.

Também há outras maneiras de diversificar seus investimentos. Investir em fundos de índice negociados em bolsa (ETFs – Exchange Traded Funds) ou outros tipos de fundos podem ser uma boa opção, assim como small caps e ações de mercados emergentes.

Mas se o investidor ainda não estiver satisfeito com os retornos de 4% e 6%, pode buscar um retorno de 8% ao ano, investindo os mesmos US$ 5 mil anuais durante 40 anos. Claro que para isso seria necessário correr mais risco e existe sempre a possibilidade de perdas. Se conseguir uma rentabilidade deste nível, essa poupança atingiria o total de US$ 1,295 milhão depois do prazo de acumulação.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Índia já é o 2º maior destino, entre os Brics, das vendas do Brasil

Por Rodrigo Pedroso | De São Paulo

Mais aberta ao petróleo e açúcar brasileiro, a Índia passou a Rússia como o segundo país de maior destino das exportações nacionais entre os Brics, grupo que inclui ainda a China e a África do Sul, indicando uma perspectiva de crescente importância dos dois parceiros menos tradicionais do bloco para o comércio exterior brasileiro. A África do Sul, que dos quatro Brics é o que tem a menor corrente comercial com o Brasil, rendeu quase US$ 1 bilhão ao saldo da balança comercial brasileira no ano passado. Contudo, enquanto indianos e sul-africanos trouxeram bons resultados, o superávit com chineses e russos diminuiu.

Em 2012, o Brasil exportou à Índia US$ 5,6 bilhões - crescimento de 75% em relação a 2011 - fazendo com que o déficit de mais de US$ 2 bilhões na balança comercial com o país verificado em 2011 se transformasse em superávit de US$ 534 milhões. Já os russos compraram 26% a menos (US$ 3,1 bilhões) dos produtores brasileiros e mantiveram as vendas em US$ 2,8 bilhões. As contas foram feitas com base nos dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic).

A China segue como o país de maior peso. Mesmo com queda de 39%, o superávit com os chineses representou mais de três quartos do resultado do comércio com os Brics no ano passado, que foi positivo em US$ 8,7 bilhões. Com a África do Sul, o saldo positivo de quase US$ 1 bilhão foi alcançado com um crescimento de 19% no superávit. O resultado ajudou a fazer com que o grupo como um todo tivesse bom desempenho para o Brasil frente ao resto do mundo. Enquanto o saldo positivo com os Brics encolheu 18% no ano passado frente a 2011, o superávit da balança comercial como um tudo retrocedeu 34,8%.

Com a urbanização em marcha, a Índia, que ainda tem cerca de 72% de sua população de mais de 1,2 bilhão de habitantes vivendo na zona rural, é o próximo mercado gigante a florescer, na esteira do que aconteceu com a China. Como a Rússia tem a curva demográfica estagnada, população já predominantemente urbana e políticas comerciais mais instáveis, as perspectivas são de uma demanda indiana muito maior por bens e alimentos na próxima década. Na visão de analistas, as empresas brasileiras devem entrar o quanto antes em território indiano para pegar carona nesse crescimento.

Para Fabio Silveira, da RC Consultores, o Brasil tem espaço para fornecer bens de consumo não duráveis, como alimentos e commodities agrícolas, produtos onde os brasileiros são competitivos no mercado internacional. O resultado positivo com os indianos em 2012 se deveu pelos US$ 500 milhões em vendas de açúcar, montante que quadruplicou em relação ao ano anterior, e pelos US$ 3,4 bilhões em vendas de petróleo. Em 2011, o Brasil vendeu a metade disso para os indianos. Cinco anos atrás, o total das exportações à Índia não passou de US$ 1,2 bilhão.

"O açúcar é mais sazonal, pois a Índia é o maior produtor do mundo. Mas os derivados de petróleo mostram a crescente demanda deles por energia, que também acontecerá na área de alimentos. Mesmo sendo uma sociedade mais estratificada, a Índia experimenta aumento em todas as classes, pois o crescimento tem sido vigoroso", diz Silveira.

A Rússia, por sua vez, adota política mais incerta, como na recente paralisação de importação de carne suína do Brasil. Como resultado, as carnes congeladas brasileiras, carro-chefe da exportação ao país presidido por Vladimir Putin, estagnaram no ano passado em US$ 1,5 bilhão, valor igual ao do ano anterior. Se para a Índia houve aumento na remessa de açúcar, os russos fecharam o mercado, comprando menos da metade dos US$ 1,8 bilhão registrados em 2011.

"Embora a Rússia não produza uma série de produtos de que seu mercado interno precisa, esse vácuo é abastecido atualmente pelos europeus, que estão mais perto e são mais competitivos. Além disso, há paralelismo entre as economias brasileira e russa. A produção nossa compete com a deles, não temos muita complementaridade", afirma José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).

Um olhar mais distante também mostra estagnação nas exportações aos russos. Cinco anos atrás, as vendas brasileiras ao país renderam US$ 3,7 bilhões à balança. No mesmo período, as importações saltaram. Em 2008, elas foram de US$ 1,7 bilhão. Em 2012, somaram US$ 2,8 bilhões.

Criada por iniciativa dos asiáticos em 2006, a Câmara de Comércio Brasil-Índia conta que até aquele ano o comércio bilateral se restringia a poucos setores. A aproximação entre os dois países poderia estar mais solidificada não fosse a estagnação provocada pela crise em 2008, de acordo com Roberto Paranhos do Rio Branco, presidente da entidade. A previsão era que os US$ 10 bilhões em corrente comercial atingidos ano passado fossem ultrapassados em 2011. Há cinco anos, a corrente era de pouco mais de US$ 3 bilhões.

Desde o ano passado, segundo Rio Branco, os ministérios de Comércio Exterior dos dois países reúnem-se semestralmente para discutir retiradas de entraves e alíquotas às importações. O movimento recentemente ganhou a adesão de empresas, que também entram na discussão para propor alterações e facilitar o comércio. "A Índia protege a soja dela em função dos produtores locais, mas não coloca obstáculos à importação de óleo de soja. O Brasil pode explorar mais esse nicho, por exemplo", afirma o presidente da câmara.

Outro setor em que o Brasil se mexe para entrar de forma consistente no mercado indiano é o de frango congelado. Em 2012, o governo local baixou a alíquota de importação de 100% para 60% do preço do produto. Contudo, a perspectiva futura é mais atraente. Atualmente, conta Rio Branco, 95% do frango consumido na Índia é fresco e vendido em pequenos mercados. A tendência futura é que os congelados ganhem esse espaço, fazendo a Índia abrir mais o mercado.

No entanto, a avaliação do comércio bilateral para o curto e médio prazo é de manutenção do atual ritmo de crescimento sem muita diversificação da pauta, segundo Rio Branco. "Eles vão seguir demandando muito petróleo e açúcar, pois ainda não conseguiram aumentar a produção para ter abastecimento pleno."