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terça-feira, 7 de junho de 2011

Demanda por etanol pode triplicar até 2020

Estimativa do ex-ministro leva em consideração metas dos países de mistura do etanol à gasolina, que devem aumentar a demanda para mais de 200 bilhões de litros ao ano

Gustavo Porto, da Agência Estado

Se os países que determinaram mandatos de mistura do etanol à gasolina cumprirem as metas até 2020, a demanda do combustível pode triplicar dos atuais 70 bilhões de litros por ano, para mais de 200 bilhões de litros ao fim da década. A estimativa foi apresentada nesta terça-feira, 7, pelo físico, professor da Universidade de São Paulo (USP) e ex-ministro do Meio Ambiente, José Goldemberg, no Ethanol Summit.

Segundo ele, o volume de etanol previsto seria capaz de substituir ainda 20% do 1 trilhão de litros da gasolina prevista para ser consumida no mundo por ano até 2020 e até 7% de todo o petróleo. "Há então uma janela de oportunidade muito grande para ampliar a produção atual", avaliou Goldemberg, na plenária "Cana-de-açúcar e a Economia de Baixo Carbono".

Goldemberg lembrou que um terço da energia do mundo é usada para transporte, principalmente em carros, e praticamente toda ela advém do petróleo. "Se quisermos encontrar um vilão para a crise ambiental de hoje é o transporte individual", disse o ex-ministro. Para ele, a substituição de parte da gasolina pelo etanol é uma das formas para "não abrir mão de automóveis e ainda assim poder ter condições ambientais toleráveis no futuro".

Na mesma plenária, o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Cledorvino Belini, ressaltou que a frota de veículos flex fuel no País é de 15 milhões de unidades. Com o aumento do uso de etanol no País desde 2003, quando os flex fuel foram lançados, a estimativa é que em 2017 o etanol responda por 31,4% da matriz de combustíveis no País, ante 12,8% da gasolina. Cenário diferente do de 2008, quando a gasolina respondia por 25,6% e o etanol por 17,9%.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Por que as petrolíferas estão de olho nos biocombustíveis

Para Shell e BP, duas das maiores empresas do setor de petróleo do mundo, os combustíveis renováveis são um aliado para suprir a crescente demanda energética dos transportes

Por Vanessa Barbosa, Exame.com

De um lado, a energia renovável e limpa dos biocombustíveis. Do outro, a energia fóssil e finita dos combustíveis derivados do petróleo. Duas fontes antagônicas, mas com um desafio comum: suprir a crescente demanda energética mundial do setor de transporte. Por isso, não é de causar surpresa que as maiores companhias globais de petróleo e gás tenham uma queda pela energia verde, cada vez mais apontada como a fonte que deverá abastecer a economia de baixo carbono.

“Longe do que se pensa, os biocombustíveis não são uma ameaça à indústria do petróleo. Eles são mais um aliado para garantir o suprimento de energia para o setor de transporte”, afirma Mark Gainsborough, vice-presidente de Portfólio Estratégico e Energias Alternativas da Shell, que participou nesta segunda (6) do Ethanol Summit, em SP, evento da indústria sucroenergética para discutir os desafios e oportunidades do setor no Brasil e no mundo.

A petrolífera desenvolve pesquisas sobre tecnologias em biocombustível há pelo menos dez anos. “Temos quatro equipes centradas nisso e parcerias com universidades pelo mundo”, conta o executivo. Em agosto passado, a Shell fechou um acordo com a Cosan, maior produtora mundial de açúcar e álcool, para criação de uma joint-venture, que foi concluída na semana passada. “Se queremos proteger o futuro, precisamos criá-lo já”, diz.

Outra gigante do setor petrolífero, a BP, também aparece como uma grande entusiasta da energia renovável. “Nossas projeções mostram que os biocombustiveis responderão por 9% da demanda energética dos transportes daqui a dez anos, devendo alcançar um crescimento anual na produção de 40% em 2020”, afirma Phil New, presidente da BP Biocombustíveis, que também participou do encontro. “Como uma empresa de energia, consideramos legítima nossa participação nesse processo”, defendeu.

Não é de hoje o interesse da petrolífera britânica no mercado brasileiro. A BP Biocombustíveis iniciou suas operações no país há três anos, com a compra de 50% da usina Tropical BioEnergia, em Goiás. E há dois meses, adquiriu o controle majoritário da CNAA, que tem duas usinas em operação por aqui. “Acreditamos que os biocombustíveis são a melhor alternativa e a mais viável no curto e médio prazo para atender a demanda por combustível renovável no mundo”, destacou Phil New.

De acordo com o presidente da Petrobrás Biocombustíveis, Miguel Rossetto, o Brasil deve ter uma liderança mais efetiva na coordenação de investimentos em combustíveis sustentáveis. “Entre 2009 e 2010 a Petrobrás investiu R$ 400 milhões em biocombustíveis e tecnologias ambientais”, destacou.

Aposta em novos produtos da cana
Para além dos biocombustíveis, algumas empresas do setor petrolífero apostam na pesquisa e desenvolvimento de novos produtos da cana. É o caso da petrolífera francesa Total, que possui parceria com a Amyres para estudo de sistemas de conversão de moléculas de açúcar em produtos químicos renováveis. “Um dos nossos focos é produzir biocombustível para aviões”, diz Philippe Boisseau Presidente de Gás e Energia da Total. “Com esses novos produtos, atraímos mercados interessados em produtos verdes. Ao final da década, acreditamos que esse negócio pode representar até 10% do mercado sucroenergético mundial”, prevê.

Para o presidente da Khosla Ventures, Vinod Khosla, inovação é essencial nesse processo. Segundo ele, só os EUA serão capazes de produzir 300 bilhões de litros de biocombustíveis em 2030. “E o Brasil pode fazer mais. Mas é preciso se comprometer com os riscos”, alertou. “Não acredito que o etanol de cana de açúcar seja o combustível do futuro. Para mim, os biocombustíveis de segunda geração, como os hidrocarbonetos, serão mais importantes.

terça-feira, 17 de maio de 2011

FAO cita Brasil como modelo na produção de bioenergia

Estudo feito pela organização ligada a ONU mostra como os governos podem investir no setor

Danilo Macedo, Agencia Brasil


O estudo cita a produção de etanol brasileiro como exemplo

Após três anos de pesquisas sobre impactos da produção de bioenergia, a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) divulgou hoje (16) o “Marco analítico da bioenergia e segurança alimentar”. O estudo, segundo a instituição, apresenta uma nova metodologia que pode ajudar governos a avaliar os prós e contras de investimentos no setor. O Brasil é citado como exemplo de como um país pode usar a bioenergia para suprir suas necessidades energéticas.

Segundo a FAO, o estudo consiste em uma série de avaliações e respostas sobre questões importantes relacionadas com a viabilidade de desenvolvimento da bioenergia e seu impacto na oferta de alimentos e segurança alimentar das famílias. Também foram levadas em conta as dimensões social e ambiental.

"Nosso objetivo é ajudar as autoridades a tomar decisões, se o desenvolvimento da bioenergia é uma opção viável e, nesse caso, identificar as políticas que permitem maximizar os benefícios e minimizar os riscos”, afirmou o coordenador do projeto, Heiner Thofern.

Entre os fatores de incentivo que levam ao aumento da produção de bioenergia apresentados pela FAO, destacam-se as altas no preço do petróleo e a preocupação com a segurança energética, além das emissões de gases de efeito estufa dos combustíveis fósseis. A organização ressalta também que o investimento em bioenergia pode trazer melhorias à infraestrutura agrícola e ao transportes nas áreas rurais, criando empregos e aumentando a renda familiar.

A FAO cita o Brasil como exemplo de economia que usa a bioenergia para suprir as necessidades energéticas. “O país é o segundo produtor mundial de bioetanol e tem cerca de 1 milhão de veículos movidos pelo combustível procedente da cana-de-açúcar”, informa a instituição.

De acordo com a FAO, a Europa deve ser um mercado importante para as exportações dos produtos bioenergéticos, oferecendo novas oportunidades aos camponeses dos países em desenvolvimento. A instituição informa ainda que os estudos mostraram que os projetos de bioenergia de pequena escala, não voltados à exportação, também podem melhorar a segurança alimentar e ajudam a impulsionar as economias rurais.

Entre as desvantagens e preocupações sobre o setor estão o risco da expansão dos cultivos energéticos vir às custas de uma diminuição da produção de alimentos e aumento de seus preços, além de possíveis desmatamentos causadas pela conversão de novas terras e o impacto em populações indígenas.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Shell e Cosan confirmam parceria e nova empresa de US$ 20 bi

Mônica Pestana

Direto de São Paulo



Royal Dutch Shell e Cosan confirmaram nesta segunda-feira a joint venture para produzir e distribuir etanol. Fruto da associação, a Raízen (com inicial minúscula ou maiúscula, segundo a assessoria) nasce com um valor de ativos de US$ 20 bilhões, faturamento de US$ 50 bilhões e cerca de 40 mil funcionários. A marca Esso, comprada pela Cosan em 2008, deve desaparecer dos postos de combustíveis no Brasil em até 36 meses.

A Raízen será uma das cinco maiores do País em faturamento, de acordo com as empresas. A nova organização será responsável por uma produção de mais de 2,2 bilhões de litros de etanol por ano para atendimento ao mercado interno e externo. A tentativa será de transformar o etanol em uma commodity internacional. As atuais 23 usinas da Cosan produzem 4 milhões de toneladas de açúcar e tem 900 MW de capacidade instalada de produção de energia elétrica a partir do bagaço da cana.

De acordo com o Rubens Ometto, presidente do conselho de administração da nova empresa, a fusão nasce da reunião de forças para tornar a marca uma referencia mundial em energia. "Formamos uma organização com números significativos e já iniciamos uma produção de liderança em energia sustentável", afirmou Ometto. "Nossa intenção é aumentar significativamente a exportação de etanol e cana de açúcar. Nossa é meta é dobrar a produção de etanol."

As empresas haviam assinado em agosto de 2010 um acordo para unir as operações no ramo do combustível renovável. "Tenho certeza que essa associação vai ser melhor e maior do que todos esperam", disse Vasco Dias, diretor presidente da nova empresa. "Estamos criando mais um líder global".

Conforme o memorando assinado no ano passado, a joint venture inclui a transferência de todas as usinas de açúcar e etanol da maior produtora de açúcar e álcool do Brasil, incluindo co-geração de energia a partir do bagaço da cana e ativos de distribuição e comercialização de combustíveis. A Cosan continuará existindo no segmento da cana de açúcar.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Consumo de biodiesel cresce no país

Mônica Scaramuzzo | De São Paulo


Sérgio Beltrão, diretor da Ubrabio: "Brasil será o terceiro maior produtor global"



A mistura de biodiesel no óleo diesel já começa a surtir efeito positivo na balança comercial brasileira. No ano passado, o consumo obrigatório do produto estabelecido em 5% pelo governo (conhecido como programa B5) respondeu por cerca de 30% do volume total importado pelo Brasil de diesel para atender à demanda no país. Em 2009, essa proporção chegou a 50%, mas as importações do diesel foram bem menores, por conta da crise financeira global.

A expectativa é de que a dependência de importação de diesel no país recue aos poucos, até zerar nos próximos seis anos, considerando que a mistura do biodiesel no combustível aumente para 10% em 2014 e alcance 20% em 2020, além da instalação de novas refinarias no país pela Petrobras até 2017, segundo informações da estatal.

No ano passado, o consumo nacional de biodiesel totalizou 2,5 bilhões de litros, crescimento de 56% sobre 2009, reflexo da obrigatoriedade de utilização de 5% do produto no diesel estabelecida pelo governo no início de 2010, informou Sérgio Beltrão, diretor-executivo da Ubrabio (União Brasileiro de Biodiesel). Por conta dessa política, o país deixou de importar diretamente o mesmo volume consumido de diesel, evitando gastos diretos em torno de US$ 1,4 bilhão. Até 2008, a mistura era facultativa e começou com 2% em 2005.



Criado para ter o mesmo status que o Proálcool, que em meados dos anos 1970 revolucionou o mercado brasileiro de combustíveis, o programa de mistura do biodiesel, ainda que a passos lentos, começa a ganhar espaço.

No ano passado, o Brasil importou 9,1 bilhões de litros de diesel para suprir suas necessidades. Os gastos foram de US$ 5,131 bilhões, de acordo com dados do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Mdic). O consumo total de diesel totalizou em 2010 cerca de 49,7 bilhões de litros, um aumento de 12,7% de acordo com estimativas do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom). Esse salto no consumo, depois de dois anos de estagnação por conta da crise econômica mundial, ocorreu com a recuperação da economia nacional.

Em 2009, a importação do diesel foi de 3,5 bilhões de litros, de acordo com dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP), quando o consumo total no país ficou em 44,3 bilhões de litros. "O aumento de consumo do diesel está ligado diretamente ao PIB. A economia deu sinais claros de recuperação no ano passado, com maior transporte de mercadorias", afirmou Alísio Vaz, diretor do Sindicom. Cerca de 90% do diesel consumido no país é utilizado em transporte, sobretudo de caminhões e ferrovias.

Com investimentos de cerca de R$ 4 bilhões nos últimos anos, o país conta com 63 usinas produtoras do biocombustível. A Petrobras é dona de três usinas e tem participação em uma quarta unidade. Apesar dos tropeços no início de sua implantação, o mercado de biodiesel começa a amadurecer. O setor aguarda novo marco regulatório para que a mistura de 10% seja efetivada até 2014 e aumente para 20% em 2020. "Tivemos avanços em relação à obrigatoriedade da mistura de 5%, que estava prevista somente para 2013, mas foi antecipada para o ano passado", observou Beltrão.

Para o Sindicom, uma nova elevação da mistura tem de ser discutida, antes de sua implementação. "Somos a favor da revisão ampla, antes das mudanças", afirmou Vaz. Ele lembra que os custos da mistura de biodiesel por litro são até R$ 0,07 maiores, por conta da logística de se transportar o biodiesel até as distribuidoras de combustíveis.

Assim como o Proálcool no início de sua implementação, o programa do biodiesel, criado em 2005, é controlado pelo governo. As compras do produto são feitas 100% pela Petrobras via leilão, coordenado pela ANP. No caso do etanol, o governo não intervém diretamente nesse setor desde os anos 1990. A mistura obrigatória do etanol anidro na gasolina é de 25% e o etanol hidratado é utilizado diretamente como combustível no automóvel. "A diferença do biodiesel em relação ao etanol é que o impacto do produto na balança comercial é bem maior, uma vez que o Brasil importa pouco álcool", disse Beltrão.

Estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostra que a capacidade instalada de produção de biodiesel no país está em torno de 5,1 bilhões de litros. A demanda para atender a mistura de 20% até 2020 é estimada em 14,3 bilhões de litros, com investimentos em torno de R$ 7,3 bilhões. "Hoje, todo biodiesel produzido é consumido para viabilizar a mistura. As usinas não acumulam estoques", disse Beltrão. A soja responde por mais de 80% da matéria-prima para a produção do biocombustível.

Neste ano, Beltrão disse que a expectativa é de que o Brasil se torne o terceiro maior produtor global de biodiesel, ficando somente à frente da Alemanha e França.

Bill Gates é convidado para vir ao Brasil discutir etanol

A União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica) convidou Bill Gates para fazer a palestra de abertura de seu principal evento sobre biocombustíveis, o Ethanol Summit, realizado a cada dois anos.

O fundador da Microsoft prometeu dar uma resposta nos próximos dias. Mas já adiantou que tem espaço em sua disputada agenda para os dias 6 e 7 de junho, quando o evento será realizado em São Paulo.

Gattes, como se sabe, é atualmente um dos maiores entusiastas da energia renovável no mundo, sobretudo em países em desenvolvimento e tornou-se um grande investidor em novas fontes de energia.

Em 2009, o palestrante do Ethanol Summit foi outro Bill. O Clinton.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Sai, nos EUA, acordo para prorrogar apoio a etanol

Alex Ribeiro | De Washington
08/12/2010

O presidente americano, Barack Obama, fechou um acordo com lideranças do Congresso para prorrogar o subsídio ao etanol e a tarifa de importação do produto, de acordo com relato do senador republicano Chuck Grassley, do Estado de Iowa, que defende os interesses dos agricultores americanos que produzem milho.

A Unica, que representa as usinas brasileiras produtoras de etanol de cana-de-açúcar, divulgou nota afirmando que irá pedir ao governo brasileiro que inicie disputa na Organização Mundial do Comércio (OMC) assim que o prorrogação dos incentivos virar lei.

O governo americano concede subsídio de US$ 0,45 para a mistura de etanol, produzido a partir de milho, na gasolina. Também impõe uma tarifa de importação de US$ 0,54 por galão para impedir que o subsídio beneficie produtores de etanol de fora dos EUA.

Até ontem à noite não havia detalhes oficiais sobre o acordo fechado pelo governo Obama, mas as informações disponíveis indicavam que o subsídio, que expiraria no fim desse mês, será prorrogado por um ano, mas seu valor cairia para US$ 0,36.

A Unica defende a tese de que, com o corte do subsídio, a tarifa de importação de US$ 0,54 fica um pouco mais difícil de sustentar numa eventual disputa na OMC. Se o objetivo do governo americano é evitar que o subsídio vá para empresas no exterior, sustenta a Unica, a tarifa deveria ser igual ao subsídio. Se o subsídio de fato cair, a diferença entre o apoio e a tarifa sobe de US$ 0,09 para US$ 0,18.

A continuidade dos incentivos aos produtores de etanol, que no ano passado custaram US$ 6 bilhões aos contribuintes americanos, deve ser incluída num projeto de lei maior negociado entre Obama e lideranças do Congresso para prorrogar cortes de impostos feitos no governo George W. Bush. A aprovação em plenário ainda não está completamente garantida porque parlamentares democratas, da base de apoio de Obama, estão descontentes com a extensão dos benefícios tributários à fatia de renda mais alta da população.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Lobby do etanol tenta prorrogar subvenções nos EUA

Alex Ribeiro | De Washington
07/12/2010

As negociações no Congresso americano para a prorrogação do subsídio e da tarifa de importação sobre o etanol entram em seus momentos decisivos nesta semana. O lobby do etanol do milho, que contraria os interesses dos produtores brasileiros, tenta incluir o assunto no acordo que está sendo costurado pelo governo Barack Obama com os parlamentares de oposição para estender os cortes de impostos feitos na gestão George W. Bush.

Hoje, os EUA concedem subsídio de US$ 0,45 por galão (equivale a 3,79 litros) de etanol misturado na gasolina, além de uma tarifa de importação de US$ 0,54. Esses incentivos vêm sendo renovados desde a década de 1980 e, se nada for feito, devem expirar em 31 de dezembro. Uma eventual prorrogação é ruim para as usinas brasileiras, que, embora produzam etanol de cana-de-acúcar mais baratos, não conseguem competir com os produtores americanos.

Nas últimas semanas, o lobby brasileiro conseguiu ampliar a sua base de apoio, juntando 17 senadores democratas e republicanos numa declaração contra a prorrogação dos incentivos. Mas o lobby do etanol do milho, que reúne produtores do cinturão agrícola do Meio-Oeste americano, fez uma ofensiva para vincular os subsídios à prorrogação dos cortes de impostos do governo Bush, um tema prioritário na agenda legislativa de Obama.

No sábado, o Senado rejeitou uma proposta apresentada pelo presidente da comissão de finanças, senador Max Baucus, cujo tema principal eram os cortes de impostos do governo Bush, mas que continha um artigo sobre o etanol. O dispositivo prorrogava o subsídio por mais um ano, com um valor de US$ 0,36 em vez US$ 0,45, além da tarifa de importação.

A rejeição da proposta nada tem a ver com o etanol - os senadores não conseguem se entender porque os republicanos querem estender o corte de impostos de Bush para todos os contribuintes, enquanto que Obama quer tirar os benefícios dos mais ricos. Os dois partidos voltaram à mesa de negociação, e o lobby do etanol do milho tenta de novo incluir a prorrogação. Há grandes chances de chegarem a um acordo para ser votado até amanhã.

O representante nos EUA da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), Joel Velasco, afirma que uma eventual queda do subsídio para US$ 0,36 o galão não é suficiente para eliminar a barreira ao produto brasileiro. Se o benefício for aprovado por apenas um ano, porém, crescem as chances de ele cair na próxima renovação. "O Congresso que acaba de ser eleito será mais conservador em termos fiscais", afirma Velasco.

A embaixada brasileira em Washington informou que intensificou gestões para o fim do subsídio ao etanol no Congresso e no governo americano.

Os subsídios ao etanol de milho custam US$ 6 bilhões anuais. Em janeiro, toma posse uma bancada mais conservadora, que defende cortes de gastos e redução da dívida pública. Senadores mais à esquerda do Partido Democrata também apoiam o fim do subsídio por entenderem que o etanol do milho compete com a produção de alimentos e não dá uma contribuição expressiva para a redução da emissão de gases-estufa.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Cientistas saem em defesa do etanol de celulose

Agência Fapesp

Biomassa sustentável
"A biomassa é, de longe, a mais viável fonte sustentável de combustíveis líquidos que, por sua vez, continuarão a ser necessários por muito tempo, se não indefinidamente."

A afirmação está em uma carta publicada na edição atual da revista Science, de autoria de Lee Lynd, professor da Thayer School of Engineering do Dartmouth College, e de Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da FAPESP e professor titular da Universidade Estadual de Campinas.
O texto é uma resposta à reportagem publicada pela mesma revista em sua edição de 13 de agosto, em seção especial sobre energias alternativas.

De autoria do jornalista Robert Service, a reportagem identifica fatores que contribuiriam para a eventual queda do entusiasmo nos Estados Unidos com relação ao etanol celulósico e observa que decisões políticas adotadas este ano poderão moldar a nascente indústria de biocombustíveis no país por décadas.

"O principal plano do governo dos Estados Unidos para reduzir sua dependência do petróleo com a produção comercial do etanol celulósico corre grande perigo, o que ressalta as complexas forças técnicas, econômicas e políticas que se contrapõem aos esforços globais para criar alternativas viáveis aos combustíveis fósseis", disse Service.

Combustíveis líquidos
Para Brito Cruz e Lynd, é importante que seja feita a distinção entre "o fundamental e o efêmero" e que as políticas tenham como base o que realmente importa, não circunstâncias momentâneas.
O primeiro ponto, segundo eles, é que combustíveis líquidos continuarão muito requisitados, mesmo em cenário de adoção em massa de alternativas como a eletricidade, por exemplo.

"As baterias são completamente impraticáveis para a aviação ou para o transporte rodoviário pesado. Mesmo no cenário mais agressivo de eletrificação de veículos leves, os combustíveis líquidos continuarão responsáveis por mais de 50% da energia empregada em transportes nos Estados Unidos", disseram.
De acordo com os cientistas, chegar a um setor de transportes sustentável é muito mais viável com os biocombustíveis do que sem eles. E virar as costas para os biocombustíveis envolve riscos substanciais.
"O mais importante dos próximos passos na área dos biocombustíveis é a produção comercial de etanol a partir de matéria-prima celulósica. A alternativa de converter fontes de açúcares facilmente fermentáveis (principalmente a partir do milho e da cana-de-açúcar) para alimentar outras moléculas além do etanol pode permitir a manutenção da infraestrutura atual, mas contribuiria pouco para nossos maiores objetivos: criar uma fonte de energia sustentável, reduzir as emissões de gases estufa, garantir a segurança energética e promover o desenvolvimento econômico das regiões rurais", disseram
.
Biocombustível de celulose
Segundo Lynd e Brito Cruz, o etanol muito provavelmente será o primeiro biocombustível celulósico do mundo, porque é inviável tanto comercializar novas tecnologias para converter a lignocelulose em açúcares como para converter açúcares em combustíveis.
"Desafios de infraestrutura associados com a distribuição e utilização de etanol são facilmente solucionáveis, como mostra a experiência brasileira, e decididamente menores do que os desafios associados com outras alternativas ao petróleo, como baterias ou o hidrogênio", destacaram.
De acordo com os cientistas, a maioria dos fatores mencionados na reportagem em questão é específica para os Estados Unidos, não se aplicando para o Brasil (onde a produção de etanol é maior do que o uso de gasolina) ou o resto do mundo.
"A comunidade internacional deve tomar muito cuidado para não tomar conclusões negativas a partir dos problemas vividos pelos Estados Unidos, particularmente diante da importância do assunto em questão", afirmaram.
Em um encontro realizado na semana passada em São Paulo, pesquisadores e empresários ressaltaram a importância de que as pesquisas sobre etanol sejam publicadas em inglês, para aumentar a visibilidade e difundir o conhecimento gerado no Brasil nesse campo - veja Biocombustíveis precisam aprender a falar inglês.

Manifestação contra subsídio ao etanol nos EUA é positiva a produtores do Brasil, diz Citi

InfoMoney


SÃO PAULO – Na última terça-feira (30), 17 senadores norte-americanos assinaram uma carta argumentando a favor do fim dos subsídios para a indústria de etanol dos EUA. Segundo os analistas Juan Tavarez e Felipe Koh, do Citigroup, essa oposição de alguns senadores é positiva para os produtores brasileiros do combustível no médio e longo prazo.

Atualmente, a indústria de etanol norte-americana conta com um subsídio de US$ 0,45 por galão (unidade equivalente a aproximadamente 3,8 litros) de combustível misturado à gasolina, além do etanol que entra nos EUA ser tarifado em US$ 0,54 por galão. Esses subsídios estão programados para expirar já neste mês de dezembro.

Argumento
O argumento dos senadores norte-americanos pelo fim dos subsídios é a percepção de que estes são “fiscalmente irresponsáveis e insensatos do ponto de vista ambiental, e sua extensão pode tornar os EUA mais dependentes do óleo estrangeiro”.

Ainda de acordo com a carta, se os subsídios forem prorrogados por mais cinco anos, o governo norte-americano pode ter um gasto de no mínimo US$ 31 bilhões.

Positivo para a indústria brasileira de Etanol
Na avaliação dos analistas do Citi, embora o desfecho da discussão ainda seja incerto, a posição dos senadores é positiva para a indústria de etanol do Brasil, no médio e no longo prazo, uma vez que a eliminação dos subsídios pode “criar um ambiente melhor para o comércio de etanol, eliminando uma das barreiras que impedem que esse combustível torne-se uma commodity global”.

Já no curto prazo, a avaliação é de que a indústria brasileira não terá nenhum beneficio dessa discussão nos EUA, pois os preços do combustível aqui no Brasil estão maiores que os do mercado norte-americano, condição para a qual não são esperadas mudanças até o fim da colheita em razão da demanda doméstica.

Resultados
Segundo o relatório do Citi, uma fonte da indústria envolvida nas discussões afirmou que a probabilidade do fim integral dos subsídios é por volta de 60%.

Já na avaliação da dupla de analistas, a decisão deve recair sobre uma redução das condições atuais, com a tarifa de importação indo para US$ 0,45 por galão, em linha com o incentivo ao etanol misturado à gasolina nos EUA.

Recomendações
As recomendações para empresas brasileiras do setor foram reiteradas: compra para a Cosan (CSAN3) e manutenção para a São Martinho (SMTO3). Os preços-alvo são, respectivamente, R$ 32,50 e R$ 21,00. Dessa forma, o upside (potencial teórico de valorização) em relação ao último fechamento para a primeira é de 23,80%, enquanto a segunda tem downside (potencial teórico de desvalorização) de 11,01%.

Até 2019, consumo final de etanol deve registrar aumento anual de 8,7%

Por: Camila F. de Mendonça
InfoMoney


SÃO PAULO – Até 2019, a demanda por etanol será 8,7% maior ao ano, ao passo que o consumo final de gasolina deve cair em torno de 2,1% ao ano, em média, conforme consta no Plano Decenal de Expansão de Energia 2019, do Ministério de Minas e Energia.

Os dados mostram que o consumo de etanol deve encerrar o ano em 28,966 milhões de metros cúbicos de combustível. Em 2014, por sua vez, o volume final consumido do derivado de petróleo deve ser de 39,026 milhões de metros cúbicos. Em 2019, devem ser consumidos 52,384 milhões de metros cúbicos.

Por outro lado, o consumo final de gasolina deve cair ao longo dos anos. Neste ano, o ministério prevê um consumo final de 19,525 milhões de metros cúbicos. Em 2014, o consumo deve ficar em 16,275 milhões, ao passo que, em 2019, cerca de 15,511 milhões de metros cúbicos de gasolina devem ser consumidos.

Biodiesel
De acordo com o plano, o biodiesel será destaque ao longo dos anos até 2019, pois apresentará crescimento médio de 9,8% ao ano. Neste ano, devem ser consumidos, ao todo, 2,506 milhões de metros cúbicos do combustível. Em 2014, devem ser consumidos 3,155 milhões e em 2019, 4,194 milhões de metros cúbicos.

Segundo o ministério, o crescimento do consumo de etanol e biodiesel deve-se ao aumento da frota de carros flex, pela elevação da renda e pela consolidação desta tecnologia na indústria automobilística. Para o crescimento desses combustíveis, será preciso um investimento de R$ 66 bilhões.

Já o consumo final de óleo diesel deve apresentar um crescimento de 6% ao ano, encerrando 2019 com 76,579 milhões de metros cúbicos consumidos. Neste ano, o consumo do combustível deve ser de 45,107 milhões e, em 2014, de 57,365 milhões de metros cúbicos.

Energia elétrica
A demanda por energia elétrica crescerá, em média, 5,3% ao ano até 2019, aponta o plano. Naquele ano, devem ser consumidos 711,978 GWh contra os 561,770 GWh que devem ser registrados em 2014 e 455,189 GWh neste ano.

Cosan vê tendência de queda no subsídio ao etanol norte-americano

LONDRES - A Cosan aposta em uma tendência de queda no subsídio para exportação de etanol dos Estados Unidos. A declaração foi feita ontem por Marcos Lutz, presidente da companhia, durante o 19º Seminário da Organização Internacional do Açúcar (OIA) que acontece em Londres. "O subsídio não vai crescer. Eu diria que a tendência é reduzir", disse o executivo durante uma sessão de perguntas e respostas no evento.

Por outro lado, o analista de alimentos e agronegócios do Rabobank entende que refinarias em joint ventures com companhias de petróleo e com empresas que têm fácil acesso aos mercados de capital devem liderar a expansão da indústria de etanol do Brasil.

"Sem o etanol no mercado, poderia haver um desequilíbrio na oferta mundial de açúcar", afirma Cid Caldas, diretor de Cana-de-Açúcar e Agroenergia do Ministério da Agricultura. Para ele, a organização, que tradicionalmente trata apenas o mercado açucareiro, já incluiu o etanol nas discussões.

A produção de etanol ganhou espaço nas pautas do seminário da OIA. A ampliação da oferta do produto, a relação com o preço do açúcar no mercado internacional e a estratégia do governo brasileiro para o setor fazem parte dos debates.

Os representantes brasileiros apresentaram as ações governamentais de apoio ao setor sucroalcooleiro, as políticas públicas de fomento às atividades e a expectativa de produção para a próxima safra de cana-de-açúcar, etanol e açúcar.

Líder mundial na produção de açúcar e etanol de cana-de-açúcar, o Brasil é responsável por mais de 50% do comércio internacional. A experiência brasileira com etanol combustível tornou-se referência mundial no campo das energias renováveis, como forma de reduzir as emissões dos gases de efeito estufa e a dependência de combustíveis fósseis. A produção de cana-de-açúcar no País tem crescido 11% ao ano.

Açúcar

"A elevação dos preços do açúcar no Brasil, maior produtor mundial, deve tornar a produção da commodity mais vantajosa que a de etanol nos próximos dois anos", disse Lutz.

Os preços do açúcar dispararam no mercado brasileiro nas últimas semanas, alcançando o recorde de US$ 0,40 por libra-peso, por causa da expectativa de que a estiagem nas áreas produtoras prejudique o desenvolvimento da safra 2011/12. Hoje, o valor do açúcar é o dobro do praticado no etanol no mercado doméstico e muitos observadores preveem que o preço continuará alto em 2011.

Etanol brasileiro nos EUA será importante para demanda, diz Gabrielli

Porém, presidente da Petrobras admitiu que processo de abertura do mercado norte-americano será lento
Vitor Abdala, da AGÊNCIA BRASIL


Rio de Janeiro - Apesar de a Petrobras não ter os Estados Unidos como mercado prioritário para a venda de etanol, a possível abertura do mercado norte-americano para o produto brasileiro poderá representar um aumento importante de demanda. A afirmação foi feita pelo presidente da empresa, José Sergio Gabrielli, durante entrevista no programa Brasil em Pauta, produzido pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, em parceria com a EBC Serviços.


Gabrielli acredita, no entanto, que a abertura do mercado americano será um processo de longo prazo. “Ela não é uma mudança que vai ocorrer em curto prazo. Ela envolve um complexo econômico muito grande dos produtores de milho, um processo de subsídios e transferências internas de recursos muito grandes nos Estados Unidos.”

Segundo o presidente da Petrobras, a estratégia da empresa de energia brasileira, por enquanto, está mais voltada ao mercado brasileiro e a outros países. “É evidente que os Estados Unidos são o maior mercado do mundo e, abrindo-se, ele vai representar um aumento de demanda muito importante para o nosso álcool.”

Na entrevista, Gabrielli também disse que a construção do etanolduto que ligará os principais centros produtores no país, nas regiões Centro-Oeste e Sudeste, representará uma redução do custo de transporte do produto e um aumento de competitividade dos produtores.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Cosan e Petro anunciam parceria em transporte e armazenagem de etanol

A Cosan (CSAN3) anunciou na última terça-feira (23) que assinou acordo de parceria junto a Petrobras (PETR3, PETR4), Camargo Corrêa (CCIM3) Copersucar, Odebrecht e Uniduto visando desenvolver, construir e operar um “sistema logístico multimodal para transporte e armazenagem de líquidos, com ênfase em etanol”.

Segundo a empresa, o acordo é resultado de estudos preliminares realizados pelos parceiros com o objetivo de implantar um único projeto de transporte e armazenagem de etanol.

Participação
O capital social da empresa resultante da parceria será, inicialmente, de R$ 100 milhões, com as ações sendo divididas na seguinte proporção: Copersucar: 20%, Cosan: 20%, Odebrecht: 20%, Petrobras: 20%, Camargo Corrêa: 10% e Uniduto: 10%. Vale lembrar que a Cosan, com aproximadamente 36,5% de participação, é acionista desta última.

O comunicado finaliza dizendo que dentro de 60 dias será definido a forma de associação, seja através de uma nova sociedade ou através da PMCC – empresa que realizou parte dos estudos e que é controlada pela Petrobras e Camargo Corrêa – com a incorporação dos novos sócios.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

BP negocia a aquisição de 50% das usinas do grupo Cerradinho

Fabiana Batista

O grupo sucroalcooleiro Cerradinho e a BP (ex-British Petroleum) devem assinar na primeira quinzena de dezembro um acordo pelo qual a companhia inglesa ficará com 50% de participação nas três usinas da empresa paulista, por cerca de R$ 800 milhões. A negociação inclui a assunção de dívidas, que em abril somavam R$ 1,27 bilhão. O acordo deve prever gestão compartilhada dos ativos.

Com isso, a BP passará a ter no Brasil participação em ativos de açúcar e álcool com capacidade total de processamento de 12 milhões a 13 milhões de toneladas de cana-de-açúcar.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Etanol levará vantagem com mudança nos EUA

Parlamentar que é contra a redução de subsídios e de tarifas de importação será substituído por representante favorável à liberalização comercial



Denise Chrispim Marin CORRESPONDENTE/ WASHINGTON - O Estado de S.Paulo

O melhor resultado das eleições para o Congresso, do ponto de vista do Brasil, foi a saída do republicano Chuck Grassley, de Iowa, da posição de vice-líder da Comissão de Finanças do Senado.

Ativo opositor da redução da tarifa de importação do etanol e das preferências comerciais a produtos do Brasil, Grassley será substituído por Orrin Hatch, de Utah, Estado sem tradição agrícola e crítico dos subsídios. A mudança poderá anular uma série de pendências que há anos contamina a agenda Brasil-EUA.

A convivência política entre os dois países a partir de 2011, quando Dilma Rousseff assume a Presidência e o Congresso americano toma posse, ainda é incerta. O presidente dos EUA, Barack Obama, telefonou para Dilma para cumprimentá-la e falou de seu "compromisso em aprofundar a cooperação bilateral e explorar novas áreas de colaboração". Segundo analistas, essa agenda positiva depende de gestos e decisões que a presidente eleita tomará antes da posse. Em especial, a escolha do sucessor de Celso Amorim no Itamaraty.

Do ponto de vista político, o cenário para a relação Brasil-EUA é ainda marcado pelas tensões criadas pela aproximação de Brasília com Teerã, e pelo episódio de Honduras. Segundo Peter Hakim, presidente do Diálogo Interamericano, o Brasil certamente será alvo fácil de críticas do novo Congresso nas audiências das comissões de Relações Exteriores das duas Casas.

A expectativa da Brazil Industries Coalition (BIC) é que o novo Congresso prorrogue as tarifas de importação reduzidas para 3.379 produtos brasileiros. O benefício vai expirar em dezembro. Mas, com uma Comissão de Finanças sem o domínio de Grassley e com a presença de senadores mais favoráveis à liberalização comercial, a aprovação deve ocorrer sem problemas, e de forma retroativa a dezembro.

A União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) acredita que a tarifa adicional de importação do etanol e o subsídio para a mistura do álcool à gasolina vão expirar no final de dezembro, sem renovação. A substituição de Grassley por Hatch será notada nessa questão. A presença maior no Senado de republicanos favoráveis à redução do déficit público também terá impacto. Os subsídios ao etanol de milho custam US$ 6 bilhões ao ano. Há expectativa no Itamaraty e nos setores privados brasileiros de uma solução, em 2012, para os subsídios dos EUA ao algodão.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

BM&FBovespa quer ser referência no preço do etanol

Bolsa alerta que o setor precisará de investimentos de US$ 8 bilhões por ano apenas para atender à demanda de açúcar e combustível até 2014

Agência Estado

GENEBRA - A BM&FBovespa monta uma estratégia de médio prazo para se tornar a referência internacional no preço do etanol e ser um veículo para financiar o setor nos próximos anos. A Bolsa alerta que o setor do etanol precisará de investimentos de US$ 8 bilhões por ano apenas para atender à demanda de açúcar e combustível até 2014.

A ofensiva surge em um momento em que o setor do etanol no Brasil passa por uma transformação profunda. Consolidações estão ocorrendo e a projeção é de que, em 2015, 40% da produção nacional já esteja nas mãos de estrangeiros. Mas a constatação também é de que parte da expansão do setor terá de passar pelo mercado financeiro e por uma maior integração com as bolsas.

A ideia da BM&FBovespa é a de se consolidar como um "farol" do preço do etanol, da mesma forma que Nova York serve de base para o café e a soja segue as tendências da Bolsa de Chicago. Um dos argumentos da Bolsa é que o Brasil é hoje um dos países que menos intervêm nos preços do etanol e, portanto, seria o mercado onde a commodity tem um comportamento de preço mais parecido com o de um mercado livre.

Um primeiro passo foi dado em maio, com o lançamento dos contratos de etanol com liquidação financeira. O contrato é cotado em reais e, na avaliação de Ivan Wedekin, diretor de commodities da Bolsa, a iniciativa está contribuindo para a maior transparência no mercado. Apenas seis meses depois, 4 mil contratos de etanol já são negociados mensalmente. Wedekin aponta que o processo está apenas começando e aposta em uma expansão ainda maior nos próximos meses. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Braskem anuncia nova fábrica de plástico verde

Empresa vai investir US$ 100 milhões em fábrica que deve começar a funcionar em 2013

Rio de Janeiro - A Braskem, maior fabricante de resinas da América Latina e que no mês passado inaugurou uma fábrica para produzir eteno a partir da cana-de-açúcar, anunciou hoje uma nova unidade de fabricação de plástico verde.

A Braskem informou em comunicado que concluiu a etapa conceitual do projeto para construir uma fábrica com capacidade para produzir 30 mil toneladas anuais de propeno verde e na qual investirá US$ 100 milhões.

"Em 2011 serão concluídos os estudos de engenharia básica (da nova fábrica) e, após a obtenção da aprovação final, o projeto começará a ser implantado para que possa começar a operar no segundo semestre de 2013", segundo o comunicado da empresa.

A nova fábrica também utilizará como matéria-prima etanol de cana-de-açúcar em vez de petróleo. A primeira produz eteno e a segunda fabricará propeno, dois dos plásticos de maior demanda no mundo.

A fábrica de eteno verde, com capacidade para produzir 200 mil toneladas de resinas plásticas, começou a funcionar no mês passado em Triunfo, no Rio Grande do Sul.

A Braskem informou que o propeno verde será fabricado graças a uma tecnologia já testada industrialmente e que permite obter um produto com as mesmas propriedades técnicas e o mesmo desempenho do plástico produzido a partir de petróleo.

A companhia acrescentou que os estudos preliminares de eficiência ecológica foram bem-sucedidos e mostraram que cada tonelada de propeno verde produzido permite capturar e fixar 2,3 toneladas de dióxido de carbono.

"A Braskem considera esta fábrica parte de sua estratégia de desenvolvimento de biopolímeros e se compromete a expandir sua capacidade produtiva para que o plástico verde possa ser utilizado por um maior número de clientes", acrescenta a nota.

Antes da inauguração da fábrica de eteno verde, a empresa já tinha assinado 20 contratos com multinacionais que compram plásticos, como Johnson & Johnson e Procter & Gamble, para oferecer a elas o plástico ecológico.

A Braskem produz anualmente cerca de 15 milhões de toneladas de resinas e outros produtos petroquímicas nas 31 fábricas que opera no Brasil e nos Estados Unidos.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Cargill entra em biodiesel no Brasil com usina no MS

A Cargill construirá a sua primeira usina de biodiesel no Brasil no município de Três Lagoas, em Mato Grosso do Sul, onde investirá cerca de 130 milhões de reais em uma unidade com capacidade para a produção de 200 mil toneladas do biocombustível, segundo nota da empresa divulgada nesta sexta-feira.

"(...) A nova fábrica funcionará anexa à atual unidade de esmagamento de soja da Cargill (em Três Lagoas) e terá capacidade anual de produção de 200 mil toneladas de biodiesel", afirmou a companhia, sem dar mais detalhes em comunicado.

A unidade deve começar a operar em 2012.

A exemplo do que deverá ocorrer com a Cargill, outras companhias do setor no país utilizam a soja como a principal matéria-prima para a produção de biodiesel --cerca de 85 por cento da produção do biocombustível no país é feita com a oleaginosa.

Em 2010, o Brasil passou a adotar mandatoriamente o B5, uma mistura de diesel com 5 por cento de biodiesel que demanda quase 2 milhões de toneladas de óleo de soja por ano.

A Cargil comercializa e processa soja e outros grãos e oleaginosas, e é uma das maiores exportadoras e processadoras da commodity do país.

Em 2009, quando a empresa inaugurou a sua sexta unidade processadora de soja no Brasil, em Primavera do Leste (MT), o Complexo Soja da empresa comercializou 9,1 milhões de toneladas do grão no país, contra 7,15 milhões de toneladas em 2008.

No ano passado, incluindo todos segmentos, a Cargill teve receita líquida de 15,8 bilhões de reais no Brasil, registrando um lucro após impostos) de 325 milhões de reais.

As exportações da companhia alcançaram 11,6 bilhões de reais em 2009.

O investimento da companhia no Brasil segue anúncio de recursos para uma unidade de biodiesel na Argentina. Em agosto, a empresa informou o início das obras de uma usina que deverá operar a partir de 2011 no país vizinho.

Em julho, o governo argentino determinou o aumento do volume de biodiesel à base de soja na mistura de combustíveis, de 5 por cento para 7 por cento.

(Por Roberto Samora; Edição de Denise Luna)

Alcoolduto une Petrobras, Cosan e Copersucar

Mônica Scaramuzzo e Fabiana Batista

O principal projeto do alcoolduto criado para escoar o etanol do Centro-Oeste do país até São Paulo, enfim, deverá sair do papel. Grandes grupos sucroalcooleiros, como Cosan e Copersucar, vão se unir à Petrobras para colocar em prática o empreendimento, que terá investimentos superiores a US$ 2 bilhões, apurou o Valor.

Originalmente criado pela petrolífera brasileira, o alcoolduto foi desenhado para escoar a produção de etanol de Senador Canedo (GO) até Paulínia (SP). No meio do caminho, grandes grupos sucroalcooleiros também anunciaram projetos paralelos para transportar etanol por dutos.

O mais estruturado, o da Uniduto, companhia que reúne grandes usinas como Cosan e Copersucar, decidiu unir forças com a estatal para viabilizar o projeto, que mal saiu do papel desde que foi anunciado há cinco anos. Procuradas, as duas empresas não se pronunciaram.

Sem mencionar nomes, o gerente de logística da Petrobras, Eduardo Autran, que está à frente desse projeto, confirmou que a estatal está negociando com outros "players importantes" da indústria de álcool para constituir uma sociedade para desenvolver um sistema integrado de logística para etanol, que inclui dutovia, mas não se restringe a ela. Outros modais, segundo ele, integram a negociação, entre eles, a hidrovia e a ferrovia.

Autran informa que a Petrobras ficará com 20% da nova sociedade, cujas negociações devem ser concluídas até o fim deste ano, conforme prevê o executivo. Uma fonte familiarizada com a negociação afirmou que as outras empresas privadas integrantes não poderão ter fatia maior que a da estatal.

A saída da trading japonesa Mitsui do projeto, que participava do bloco da PMCC, em parceria com a Petrobras e a construtora Camargo Corrêa, acelerou a união do setor privado e da estatal. "Parecia óbvio que os projetos de alcooldutos existentes fossem se convergir. Começamos a conversar e as negociações, ainda no início, já dão mostras da grande dimensão que esse empreendimento poderá tomar", afirmou outra fonte que também participa das conversações.

O percurso da Uniduto Logística, empresa criada em 2008 e que reúne 80 usinas associadas, ligadas a dez grandes grupos produtores de etanol, previa a construção de um corredor dutoviário de 612,4 quilômetros, interligando 46 municípios do Estado até o terminal portuário, com capacidade para escoar 16,6 bilhões de litros de álcool por ano. Entre os principais associados estão, além dos já citados, o grupo São Martinho, Santa Cruz, São João e a Bunge.

Segundo fontes próximas às negociações, os dois projetos se fundirão, mas o traçado original, de Goiás a Paulínia, deverá se manter. A partir de Paulínia, havia expectativa de que o combustível seria escoado até Ilha D'Água (RJ), em dutos adaptados de outros combustíveis da Petrobras. Agora, esse pedaço a partir de Paulínia será repensado.

Os dois projetos de dutovia para etanol, o da Uniduto e o da PMCC, já preveem a integração com modais hidroviário e ferroviário, modelo que deve ser estendido para a nova sociedade.

Anunciado em meados de 2004, o alcoolduto da Petrobras começou a ser desenhado para facilitar o escoamento do etanol até os portos, uma vez que as exportações estavam em ascensão. Com expectativa de embarques superiores a 5 bilhões de litros/ano, marca só alcançada em 2008, o projeto começou a perder espaço por conta do recuo das vendas externas.

No entanto, o crescimento do consumo no mercado interno (os projetos incluem distribuição no mercado doméstico) voltou a colocar o empreendimento em pauta, uma vez que várias usinas, estimuladas pelo boom de investimentos do setor, começaram a construir projetos "greenfields" (construção do zero) no país fora do Estado de São Paulo - principal polo produtor de cana no país.

Entre os maiores projetos "alcooleiros" está o da antiga Companhia Brasileira de Energia Renovável (Brenco), que foi comprada pela ETH Bioenergia, do grupo Odebrecht, no primeiro semestre deste ano. Somente desse polo "ex-Brenco" são quatro usinas alcooleiras que, quando concluídas, vão produzir mais de 1,2 bilhão de litros, nos estados do Centro-Oeste.

Além das usinas, a ETH também trouxe da Brenco um projeto de alcoolduto. Antes da fusão, a Centro-Sul Transportadora Dutoviária, já havia sido criada pela Brenco para implantar o duto entre Alto Taquari (MT) e o porto de Santos.

Os estudos de pré-engenharia mostravam que esse duto poderia se encontrar com o duto projetado pela PMCC na altura da Serra do Mar (SP). Segundo fontes ouvidas pelo Valor, a ETH, neste momento, não participa das negociações com a Petrobras, embora tenha interesse na integração. Procurada, a ETH não se pronunciou