segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Etanol levará vantagem com mudança nos EUA

Parlamentar que é contra a redução de subsídios e de tarifas de importação será substituído por representante favorável à liberalização comercial



Denise Chrispim Marin CORRESPONDENTE/ WASHINGTON - O Estado de S.Paulo

O melhor resultado das eleições para o Congresso, do ponto de vista do Brasil, foi a saída do republicano Chuck Grassley, de Iowa, da posição de vice-líder da Comissão de Finanças do Senado.

Ativo opositor da redução da tarifa de importação do etanol e das preferências comerciais a produtos do Brasil, Grassley será substituído por Orrin Hatch, de Utah, Estado sem tradição agrícola e crítico dos subsídios. A mudança poderá anular uma série de pendências que há anos contamina a agenda Brasil-EUA.

A convivência política entre os dois países a partir de 2011, quando Dilma Rousseff assume a Presidência e o Congresso americano toma posse, ainda é incerta. O presidente dos EUA, Barack Obama, telefonou para Dilma para cumprimentá-la e falou de seu "compromisso em aprofundar a cooperação bilateral e explorar novas áreas de colaboração". Segundo analistas, essa agenda positiva depende de gestos e decisões que a presidente eleita tomará antes da posse. Em especial, a escolha do sucessor de Celso Amorim no Itamaraty.

Do ponto de vista político, o cenário para a relação Brasil-EUA é ainda marcado pelas tensões criadas pela aproximação de Brasília com Teerã, e pelo episódio de Honduras. Segundo Peter Hakim, presidente do Diálogo Interamericano, o Brasil certamente será alvo fácil de críticas do novo Congresso nas audiências das comissões de Relações Exteriores das duas Casas.

A expectativa da Brazil Industries Coalition (BIC) é que o novo Congresso prorrogue as tarifas de importação reduzidas para 3.379 produtos brasileiros. O benefício vai expirar em dezembro. Mas, com uma Comissão de Finanças sem o domínio de Grassley e com a presença de senadores mais favoráveis à liberalização comercial, a aprovação deve ocorrer sem problemas, e de forma retroativa a dezembro.

A União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) acredita que a tarifa adicional de importação do etanol e o subsídio para a mistura do álcool à gasolina vão expirar no final de dezembro, sem renovação. A substituição de Grassley por Hatch será notada nessa questão. A presença maior no Senado de republicanos favoráveis à redução do déficit público também terá impacto. Os subsídios ao etanol de milho custam US$ 6 bilhões ao ano. Há expectativa no Itamaraty e nos setores privados brasileiros de uma solução, em 2012, para os subsídios dos EUA ao algodão.