terça-feira, 30 de junho de 2009

Fazenda cita prudência para explicar meta de inflação de 2011

Prudência e credibilidade foram os argumentos levados em conta pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para repetir a meta de 4,5% para a inflação em 2011. É o que esclarece o gabinete do ministro da Fazenda, Guido Mantega, em nota divulgada algumas horas após o término da reunião do CMN.O texto explica os avanços que o sistema de metas de inflação proporcionaram à economia brasileira nos últimos 10 anos. E cita que, embora a retração mundial da atividade, gerada pela crise financeira global, indique um cenário de acomodação para a inflação, "ainda assim, a boa prática da administração monetária recomenda prudência em relação à possibilidade de ocorrência de novos choques internacionais", diz a nota.

O texto justifica ainda que a decisão de repetir a mesma meta de 2008, 2009 e 2010 "tem por objetivo manter a credibilidade e flexibilidade da política monetária e proporcionar, simultaneamente, o controle da inflação nos próximos anos."
Segue abaixo a íntegra da nota divulgada pela Fazenda:
"Nos últimos anos a economia mundial experimentou grande instabilidade nos preços de insumos básicos, especialmente dos alimentos e do petróleo, que registraram altas recordes em 2008. A situação mudou rapidamente ao final do ano passado, quando o agravamento da crise financeira internacional gerou uma grave restrição de crédito, seguida de uma queda rápida e substancial no nível de atividade mundial.

Atualmente a economia mundial enfrenta a maior crise financeira desde o período da Grande Depressão, nos anos 30 do século passado.

Não obstante o expressivo aumento dos preços internacionais de insumos básicos e do alto nível de atividade econômica nos três primeiros trimestres do ano passado, a meta de inflação estabelecida pelo CMN foi cumprida em 2008.

Um dos principais motivos para o sucesso do regime de metas de inflação em lidar com os choques econômicos no ano passado foi a definição, pelo CMN, em junho de 2006, de uma meta de inflação compatível com a realidade nacional e capaz de absorver flutuações não antecipadas na economia mundial.

Uma das principais vantagens do sistema de metas de inflação é a sua flexibilidade para acomodar situações extraordinárias. Metas restritivas e ambiciosas podem se revelar prejudiciais à administração da política monetária, como ocorreu entre 2001 e 2003, quando a inflação ficou acima do teto estabelecido pelo CMN com dois anos de antecedência.

A experiência brasileira nos últimos 10 anos recomenda a manutenção de uma postura pragmática na determinação da meta de inflação para 2011. No momento atual, a crise econômica implica forte retração da atividade econômica global em 2009, e as expectativas para a inflação mundial são de acomodação, sem a evidência de pressões altistas no futuro próximo. Ainda assim, a boa prática da administração monetária recomenda prudência em relação à possibilidade de ocorrência de novos choques internacionais.

Com base nessas considerações, o CMN decidiu pela manutenção do patamar atual de inflação, de 4,5% ao ano, com intervalo de tolerância de 2,0 pontos percentuais para cima e para baixo, para o ano de 2011. Essa decisão tem por objetivo manter a credibilidade e flexibilidade da política monetária e proporcionar, simultaneamente, o controle da inflação nos próximos anos."
(Valor Online)