segunda-feira, 29 de junho de 2009

Nova conjuntura indica fim do reinado do dólar como moeda forte da economia?

Por: Rafael de Souza Ribeiro

Moeda indispensável em qualquer transação financeira, o dólar ganhou força no cenário internacional ao longo do século XX e tornou-se hegemônico com o colapso do lastro no ouro.

Divisa oficial dos Estados Unidos, maior economia em atividade, o dólar norte-americano é muito usado como reserva internacional dos países e é o "porto seguro" das aplicações quando o mercado financeiro vai mal.

Entretanto, a crise financeira mundial abalou o alicerce da economia norte-americana, colocando em xeque até sua robustez como alternativa de reserva e meio de pagamento internacional, questionando o jargão de "moeda forte".

Em busca de alternativas
Diferentemente das economias desenvolvidas, os países emergentes, especialmente os Brics (Brasil, Rússia, Índia e China), resistiram, parcialmente, aos efeitos perversos da recessão mundial, graças à demanda interna.

A expressão dos países emergentes no cenário internacional rendeu-lhes uma cúpula de discussão própria e abertura para indagar os fundamentos do dólar, ao passo que atualmente discutem alternativas para substituir aos poucos a moeda norte-americana nas transações internacionais.

No encontro realizado no último final de semana, organizado pelo BIS (Banco de Compensações Internacional), os respectivos presidentes dos bancos centrais de Brasil e China manifestaram-se, mais uma vez, sobre a substituição do dólar nas transações internacionais por moedas locais como o real e o Yuan.

Além das duas potências do mundo emergente, outras nações do bloco estudam alterar a moeda de troca e de reserva, por também se declararem preocupadas quanto à manutenção do dólar como elemento dominante.

Ainda viciados
A China, maior detentora de reservas em dólar do mundo, renovou na sexta-feira (26) seu apelo pela criação de uma moeda de reservas suprassoberana para reduzir o domínio global do dólar. Enquanto a Rússia, terceira maior em reservas, vem articulando desde a reunião dos Bric que o mundo deve reduzir sua dependência frente o dólar.

Apesar das especulações, é fato que todos ainda dependem do fluxo de dólares e de sua liquidez internacional. Zhou Xiaochuan, presidente do BC chinês, afirmou que o país não pretende mudar suas reservas tão depressa como estipulam, mas não descartou a possibilidade.

Aos mais entusiasmados pela conversão, é plausível considerar que o sistema financeiro mundial foi construído sob a tutela da divisa norte-americana e há um árduo processo por trás da substituição. Do outro lado, como no início do século passado, existe a necessidade, ao menos no longo prazo, de mudar a estrutura financeira mundial, uma vez que o dólar vem trazendo consigo certas dúvidas quanto a seu posto.

O certo é que haverá nos próximos anos uma concentração intelectual para articular a reforma do sistema econômico mundial, a fim de resolver de vez as pendências da crise exposta nos últimos dois anos, e, a partir daí, será decidido o futuro do reinado do dólar como a moeda forte da economia.