quarta-feira, 1 de julho de 2009

Tesouro Direto pode mais que triplicar número de investidores

O secretário-adjunto da Secretaria do Tesouro Nacional, Paulo Valle, acredita que o total de investidores que usam o sistema do Tesouro Direto pode chegar a 550 mil, número de pessoas físicas cadastradas hoje na base da BM & FBovespa. Valle não estipulou em quanto tempo a meta poderia ser atingida, mas lembrou que, em maio, o número de cadastrados no Tesouro Direto - sistema de compra e venda de títulos públicos pela internet - atingiu 158.578 pessoas, um crescimento de 33,6% em 12 meses.

"Não trabalhamos com metas, mas os 550 mil são um primeiro número de referência", ressaltou Valle, ao participar de seminário promovido pela BM & FBovespa. "(O Tesouro Direto) é o investimento mais básico de qualquer economia e é feito para atender todo mundo", acrescentou.

Atualmente, o custo de aquisição dos títulos do Tesouro Direto é de 0,4% no primeiro ano e de 0,3% ao ano nos anos seguintes, fora as taxas cobradas pelas corretoras. Valle explicou que as cobranças das corretoras variam de zero a 5% ao ano e frisou que, embora haja um "contato permanente" com as corretoras, não há uma política de forçar a redução das taxas cobradas.

"Não vamos fazer força legal para baixar as taxas, mas acreditamos que as regras de mercado forçarão uma redução", disse Valle, lembrando que este ano o Bradesco reduziu suas taxas para o Tesouro Direto de 4% para 0,5% ao ano.

Valle destacou que o aprofundamento da crise financeira, a partir de outubro, fez com que o investidor brasileiro migrasse para opções mais seguras, como o Tesouro Direto. Em maio, último dado disponível, o montante vendido no Tesouro Direto foi de R$ 150,5 milhões, o melhor resultado mensal desde o lançamento do programa, em janeiro de 2002, e 55,1% acima do volume vendido em maio do ano passado.

"No Brasil também houve um 'flight to quality', com pessoas migrando para os títulos públicos", lembrou Valle.

O secretário-adjunto mostrou ainda que as vendas de títulos com prazos superiores a cinco anos corresponderam a 53,6% do total vendido em maio, o que mostra a confiança dos investidores na economia do país. Além disso, as recompras, que são as vendas dos títulos para o Tesouro, atingiram em maio o volume de R$ 39,8 milhões, do total de R$ 150,5 milhões, decorrência da recuperação do mercado de capitais, o que aumentou a procura por aplicações em renda variável.

A atual rentabilidade da caderneta de poupança - que não sofre com taxas com administração, nem com imposto de renda - não é apontada como empecilho à expansão das aplicações no Tesouro Direto. Para Valle, as duas formas de investimento são complementares. Segundo ele, a Nota do Tesouro Nacional (NTN-B) tem hoje uma rentabilidade de pelo menos 6% acima do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o que significa 10,5% ao ano, caso a meta de inflação seja alcançada em cheio.

"A poupança chega a 8% ao ano. Mesmo com a diferença da tributação, não acho que a poupança compense. Por isso, acho que são investimentos complementares", ressaltou Valle.

O diretor de mercado à vista da BM & FBovespa, Fábio Urban, ressaltou que, em agosto, entrará em operação o novo simulador para as operações do Tesouro Direto. Atualmente, na página oficial do programa, há um simulador sobre os rendimentos obtidos com as operações. A nova ferramenta, que também estará disponível na página da BM & FBovespa, será mais simples, com simulações dos melhores investimentos para objetivos como casamento, compra da casa própria ou pagamento de viagens.

"O novo simulador será mais lúdico, mais fácil de ser utilizado", resumiu Patrícia Quadros, gerente dos programas de popularização da BM & FBovespa.

(Rafael Rosas | Valor Online)