O governo dos Estados Unidos anunciou nesta segunda-feira um megaplano de reestruturação das regras para o setor financeiro e bancos. A proposta mudará como o governo americano controla centenas de negócios, desde os maiores bancos do país e bancos de investimentos até o sistema de seguros e hipotecas.
O secretário do Tesouro dos EUA, Henry Paulson, apresentou o plano com 218 páginas em discurso nesta manhã. Ele afirmou que um sistema financeiro forte é importante não apenas para os negócios em Wall Street, mas também para os trabalhadores americanos.
De acordo com o apresentado por Henry Paulson, o plano propõe dar mais poderes ao Fed (Federal Reserve, o Banco Central dos EUA) para combater crises de crédito, como a atual, que atinge o mercado financeiro global.
O plano vai designar o Fed como "regulador de estabilidade de mercado" e dar poder ao órgão de examinar os livros com todos os aspectos financeiros de qualquer instituição, não apenas bancos, de quebrar sigilos e tomar ações corretivas quando necessário.
Segundo o mencionado na página 22 do documento, obtido pela Associated Press, o plano também vai fundir a Comissão Negociadora de Commodities Futuras e o Escritório de Supervisão Econômica.
O projeto de Paulson, cuja administração está na ativa há um ano, pede ainda a criação de três agências reguladoras.
Além disso, o projeto prevê criar um "regulador financeiro preventivo" para os bancos americanos, gastos e empresas de crédito, em vez de cinco agências que regulam a área atualmente.
A terceira agência vai regular a conduta do mercado e dar proteção ao consumidor, substituindo o que faz hoje a Securities and Exchange Commission (a CVM norte-americana).
A proposta de hoje faz uma revisão completa na regulação do mercado financeiro atual, a mais extensa já feita desde a 1929, quando ocorreu a Grande Depressão da economia dos EUA.
O anúncio ocorre no momento em que o mercado global está contaminado pela maior crise de crédito nos EUA em 20 anos, desencadeada por uma outra crise, a dos empréstimos imobiliários "subprime", aqueles feitos a pessoas com histórico de inadimplência.
O temor de calotes generalizados fez o dinheiro em circulação retrair no país, desacelerando a maior economia do planeta. Isso fez crescer o medo que o EUA caiam em recessão, já que 70% do PIB americano é movido pelo consumo.
Nesse contexto, bancos têm anunciado perdas bilionários e prejuízos, chegando a ser vendidos por preços baixíssimos a concorrentes.