quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Petrobras: Gabrielli garante investimentos mesmo com petróleo em forte queda

Por: Rafael de Souza Ribeiro

Com a queda brusca dos preços do petróleo, que já recuaram mais de US$ 100 por barril desde o topo histórico em julho, parte do mercado questiona a viabilidade do projeto de investimento da Petro
bras (PETR3, PETR4) nos campos do pré-sal espalhados na costa brasileira.

Em respostas às especulações, José Sérgio Gabrielli, presidente da estatal, garantiu na última quarta-feira (10) que a petrolífera brasileira pode fazer dinheiro mesmo com o recuo de 70% do petróleo no mercado internacional.

"Não vemos nenhum problema para continuar nossos investimentos na camada do pré-sal", afirmou Gabrielli. "O pré-sal continua viável perante os preços atuais".

A principal dúvida condiz à viabilidade de crédito para financiar os investimentos, que deverão custar cerca de US$ 20 bilhões por ano. Gabrielli também reiterou que a empresa pretende elevar os gastos até 2013, números que serão divulgados na sexta-feira (19), dia em que a estatal divulgará sua cartilha de investimentos para os próximos anos.

O presidente da empresa afirmou que irá focar sua exploração na Bacia do Espírito Santo, onde já existem equipamentos instalados, facilitando a extração do óleo bruto e, conseqüentemente, resultando em gastos menores à estatal.

Negócios com gás natural
De acordo com Márcio Demori, coordenador de desenvolvimento para a área de GNL (Gás Natural Liquefeito) da Petrobras, a demanda brasileira por GNL deverá crescer 50% nos próximos três anos, o que deve suscitar mais investimentos por parte da estatal nos terminais.

Atualmente, a empresa tem capacidade de processar cerca de 21 milhões de metros cúbicos de gás por dia, enquanto necessitará prospectar mais de 33 milhões de metros cúbicos de gás até 2012.

Porém, afirma Demori, as dificuldades em encontrar financiamentos já afetam o desenvolvimento de alguns terminais de gás. Segundo o coordenador, a Petrobras planeja vender duas cargas de GNL que havia comprado neste ano, já que seus terminais de importação ainda não estão preparados para operar.

Segundo Demori, o Brasil está "reorganizando" seu calendário de importações do produto. Entretanto, as cargas prometidas para a BP (British Petroleum) e para o navio Celestine River estão praticamente concluídas, reiterou o coordenador.

As investidas brasileiras no comércio de GNL visam reduzir a dependência da comercialização do produto com a Bolívia, que fornece praticamente metade do GNL utilizado pelo Brasil e constantemente designa ameaças em cortar o fornecimento dos gasodutos brasileiros.

Acordos internacionais
Além disso, a Petrobras assinou na quarta-feira um acordo com a empresa argentina de energia YPF para realizar estudos exploratórios offshore no Atlântico Sul, compreendendo uma zona que vai do sul de Porto Alegre até o sul da Terra do Fogo, província argentina.

O principal objetivo deste projeto consiste em absorver ganhos de sinergia entre as companhias e buscar oportunidades exploratórias de petróleo e gás natural nesta vazão do Atlântico do Sul.