quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Comprar e manter: crise traz oportunidade de aplicação a longo prazo, diz gestora

Por: Giulia Santos Camillo

Como foi visto durante o último ano, em
tempos de bear market a queda das ações pode tanto assustar os investidores quanto levá-los à busca de oportunidades. Para aqueles que optarem pela segunda reação, uma das chaves é a estratégia chamada nos Estados Unidos de buy-and-hold (comprar e manter, em português).

Como o próprio nome sugere, a estratégia consiste em comprar papéis baratos, visando um horizonte de investimento de longo prazo. "Nós não sabemos se o mercado irá subir ou cair em 2009, mas nós acreditamos que muitas ações atualmente apresentam os melhores preços que vimos em anos", indicam Gary Motyl e Cindy Sweeting, da gestora Franklin Templeton.

Os analistas indicam que, apesar do impacto negativo das turbulências no valor dos portfólios de renda variável, a crise fornece oportunidades claras tanto de aumentar a exposição a ativos atrativos quanto de investir em ações que sempre foram admiradas, mas eram consideradas caras demais.

"Nós acreditamos que a utilização de uma estratégia buy-and-hold, combinada com valuations que nós não vemos há 10 ou 15 anos, tem o potencial de sustentar a performance no longo prazo", enfatizam.

Estratégias que deram certo
Os analistas da Franklin Templeton citam alguns exemplos de como se beneficiaram de turbulências ao longo dos anos. No caso da crise atual, a aposta foi em ações do setor de saúde. Quando as visões sobre o segmento farmacêutico eram pessimistas, a gestora aproveitou para comprar papéis baratos de empresas que tinham yields de fluxo de caixa livre historicamente altos e potencial de crescimento.

"Nossa tese de investimento começou a se materializar no setor e muitas das nossas posições no segmento de saúde entregaram performances sólidas ao longo de 2008", explicam os analistas. A mesma estratégia foi utilizada após o estouro da bolha das tecnológicas, quando a gestora aproveitou para comprar ações do setor de telecomunicações.

"Apesar de os papéis do setor terem caído em termos absolutos em 2008, como tudo o mais, nossa decisão de nos posicionarmos no setor trouxe retornos relativos no quarto trimestre", contam, relembrando as palavras de John Templeton, de que "para aqueles preparados com antecedência, um bear market nas bolsas não é uma calamidade e sim uma oportunidade".