segunda-feira, 15 de março de 2010

BM diz que América Latina fez o que devia para superar a crise

A vice-presidente do Banco Mundial (BM) para a América Latina e o Caribe, Pamela Cox, afirmou hoje que a maioria dos países da região resolveu bem a crise econômica."Eles reduziram sua dívida externa e reformaram seu sistema financeiro. Aprenderam com as lições do passado e as aplicaram agora, o que lhes permitiu sair da crise", assegurou Cox em entrevista à Agência Efe em Foz do Iguaçu, onde participa da Segunda Conferência Latino-Americana de Saneamento.

No entanto, Cox reconheceu que a crise afetou "e muito" alguns países da América Central e do Caribe pelos vínculos estreitos que eles têm com os Estados Unidos, o principal mercado para suas exportações e a origem da maioria das remessas que recebem.

Essas economias "estavam muito ligadas à dos EUA, o que lhes transformou em países muito mais vulneráveis à crise", disse.

Apesar das dificuldades surgidas no panorama econômico mundial, Cox defendeu a atuação dos Governos e instituições multilaterais de crédito. "Durante a crise, o BM fez mais empréstimos do que nunca.

Só em 2009, investimos US$ 14 bilhões na América Latina, três vezes o que tínhamos investido anteriormente", declarou.

A instituição financeira deve pedir um aumento de capital devido à magnitude dos empréstimos realizados durante o período da crise financeira.

Quanto às desigualdades sociais que persistem na América Latina, apesar das previsões do Banco Mundial de que a região crescerá 3% em 2010, Cox ressaltou que o crescimento econômico não é suficiente para combater a pobreza e deve vir acompanhado da aplicação correta de determinadas políticas sociais.

"O Brasil é um exemplo perfeito", assinalou a vice-presidente.

Ela explicou que entre 2002 e 2008 o país reduziu seu nível de pobreza pela metade, mas também combateu as desigualdades com programas como Bolsa Família.

Sobre o saneamento, tema da reunião em Foz do Iguaçu, Cox comentou que vários estudos do BM demonstram que as crianças que cresceram em zonas com acesso a serviços básicos têm mais probabilidades de concluir a escola e conseguirem melhores empregos.

"Investir em saúde tem uma relação direta com a saída da população da pobreza", apontou a vice-presidente do BM. Este ano a organização investirá US$ 2,6 bilhões de dólares em projetos de tratamento de água e saneamento na América Latina.

Cox ressaltou, além disso, a intervenção rápida do Banco Mundial nos recentes terremotos no Haiti e Chile, "dois países em extremos totalmente opostos no que se refere ao desenvolvimento e a pobreza".

Além de uma ajuda imediata de US$ 100 milhões, o BM deve aprovar nesta quinta-feira um novo projeto com um orçamento de US$ 65 milhões para ajudar o Governo haitiano na reconstrução do país que, segundo Cox, "vai durar muitos anos".

Junto com o Fundo Monetário Internacional (FMI), o BM também cancelou uma dívida no valor de US$ 1,2 bilhão que o Haiti tinha e está à espera das indicações do novo Governo chileno para poder definir a ajuda ao país. EFE