Em reunião encerrada na noite desta quarta-feira, o Comitê de Política Monetária do Banco Central manteve a taxa Selic em 8,75% pela quinta vez consecutiva. Não houve unanimidade entre os membros do Copom, com 3 diretores defendendo o aumento dos juros já neste encontro, mas tendo prevalecido a opinião da maioria dos componentes (5). O comunicado anunciado ao término da reunião citou que o “Comitê irá monitorar atentamente a evolução do cenário macroeconômico até sua próxima reunião, para então definir os próximos passos na sua estratégia de política monetária”. O uso da expressão “monitorar atentamente”, que não aparecia no texto passado, e principalmente a divisão do placar, sinalizam abertamente mudanças na política monetária na próxima reunião em abril.
Tal decisão veio em linha com as expectativas de cerca de metade dos analistas – entre os quais nos incluíamos – sendo que a outra parte aguardava uma elevação dos juros já neste encontro de hoje. Apesar da deterioração do cenário inflacionário, com aceleração dos índices correntes e alta das expectativas futuras para acima do centro da meta, nossa expectativa se baseou no texto da última ata, que não apontou claramente a urgência do aperto monetário, e também na necessidade de se obter mais informações a respeito (i) da participação da demanda na alta recente da inflação e (ii) do ritmo de aquecimento da atividade.
Tendo em vista o cenário exposto acima e a sinalização agora mais contundente por parte do BC, esperamos que a alta da Selic ocorra de fato na próxima reunião, em abril (dias 27 e 28). A inflação deve manter a desaceleração nas próximas semanas, mas sem reduzir substancialmente os riscos em torno de uma dinâmica menos favorável e incompatível com o centro da meta, o que coloca viés de alta para as expectativas. Neste contexto, o Banco Central também deverá endurecer o discurso cauteloso na ata, apontando uma clara possibilidade de elevação no encontro seguinte. Com isso, manteria o protocolo de transparência na comunicação com o público, que tem direcionado suas ações de política monetária nos últimos anos.
Sendo assim, mantemos nosso cenário principal para a evolução da Selic ao longo de 2010, que contempla um ajuste total de 250 pontos-base, iniciando o ciclo com um aumento de 50 pontos na reunião de abril, e prosseguindo no movimento de alta até a taxa básica alcançar 11,25% no segundo semestre.
De toda maneira, fica a expectativa pela leitura da ata, que será divulgada na próxima quinta-feira (25), e que poderá dar indícios mais claros sobre esta perspectiva de iminência do início de um novo ciclo de aperto monetário no país.
Silvio Campos Neto
Tal decisão veio em linha com as expectativas de cerca de metade dos analistas – entre os quais nos incluíamos – sendo que a outra parte aguardava uma elevação dos juros já neste encontro de hoje. Apesar da deterioração do cenário inflacionário, com aceleração dos índices correntes e alta das expectativas futuras para acima do centro da meta, nossa expectativa se baseou no texto da última ata, que não apontou claramente a urgência do aperto monetário, e também na necessidade de se obter mais informações a respeito (i) da participação da demanda na alta recente da inflação e (ii) do ritmo de aquecimento da atividade.
Tendo em vista o cenário exposto acima e a sinalização agora mais contundente por parte do BC, esperamos que a alta da Selic ocorra de fato na próxima reunião, em abril (dias 27 e 28). A inflação deve manter a desaceleração nas próximas semanas, mas sem reduzir substancialmente os riscos em torno de uma dinâmica menos favorável e incompatível com o centro da meta, o que coloca viés de alta para as expectativas. Neste contexto, o Banco Central também deverá endurecer o discurso cauteloso na ata, apontando uma clara possibilidade de elevação no encontro seguinte. Com isso, manteria o protocolo de transparência na comunicação com o público, que tem direcionado suas ações de política monetária nos últimos anos.
Sendo assim, mantemos nosso cenário principal para a evolução da Selic ao longo de 2010, que contempla um ajuste total de 250 pontos-base, iniciando o ciclo com um aumento de 50 pontos na reunião de abril, e prosseguindo no movimento de alta até a taxa básica alcançar 11,25% no segundo semestre.
De toda maneira, fica a expectativa pela leitura da ata, que será divulgada na próxima quinta-feira (25), e que poderá dar indícios mais claros sobre esta perspectiva de iminência do início de um novo ciclo de aperto monetário no país.
Silvio Campos Neto