segunda-feira, 15 de março de 2010

Morgan Stanley eleva previsão de alta do PIB do Brasil para 5,8% em 2010

Após a divulgação de que o PIB brasileiro contraiu 0,2% em 2009, mas já mostrando reação, com alta de 2% no último trimestre do ano passado, os analistas do Morgan Stanley elevaram de 4,8% para 5,8% a projeção de expansão da atividade econômica do País.

A previsão de inflação também foi elevada, subindo de 4,5% para 5% para o IPCA ( Índice de Preços ao Consumidor Amplo) ao final do ano, enquanto a expectativa para a taxa básica de juros anual foi mantida, em 11,0% também no final de 2010. Para a equipe, o momentum melhor em 2010 e a mudança na composição do crescimento - com demanda doméstica mais forte - são as principais justificativas.

Atividade econômica: momentum e demanda forte...
Com consumo e investimento do setor privado mais robustos, e as exportações líquidas também respondendo por maior parte do crescimento, a demanda doméstico teve uma forte contribuição para o PIB. "O investimento foi um dos destaques do quarto trimestre, subindo 6,6% na comparação trimestral", afirmam os analistas, completando que as perspectivas são favoráveis para o curto prazo, citando indicadores positivos, como a confiança do empresariado em alta.

Assim, o efeito carry over para 2010 (isto é, o crescimento anual do PIB este ano sob a hipótese de variações dessazonalizadas nulas em todos os trimestres de 2010) sobe de 2% para 2,7%, segundo as estimativas da equipe. Já a demanda doméstica deve crescer entre 7% e 8% este ano, com melhora no mercado de trabalho, incentivos fiscais, alta na confiança do consumidor e melhores condições de crédito.

Falando em crédito, a equipe citou o canal de crédito mais efetivo, atingindo 45% do PIB ao final de 2009, ante a proporção de 22% em 2002.

... mas economia deve entrar em ritmo mais suave em 2011
A principal razão para esse palpite é que o crescimento tende a se acomodar após a forte recuperação depois de uma recessão. Ademais, "e mais importante", a futura alta na taxa de juros deve diminuir o ritmo de expansão da economia.

"Em outras palavras, investidores não devem confundir uma forte recuperação no curto prazo com crescimento sustentado no longo prazo", afirma a equipe, enfatizando que muito deve ser feito em termos de reformas estruturais para impulsionar o potencial de crescimento, que continua dependendo de promover condições para encorajar ganhos de produtividade.

Política monetária: aposta é de alta na Selic só em abril
Revisando para cima o IPCA, medida oficial da inflação brasileira, de 4,5% para 5,0% ao final do ano, os analistas lembram que o indicador já acumula alta de 1,5% nos dois primeiros meses do ano, número projetado pelo governo para ser alcançado apenas ao final de março.

"O interessante é que embora o consenso do mercado para a inflação em 2010 tenha aumentado, a projeção para 2011 continua perto de 4,5% - talvez um sinal de aumento da credibilidade do Banco Central".

Com isso, a equipe mantém a projeção de 11,00% para a taxa Selic no final do ano, mas com mudanças em como será chegada a essa alta de 2,25 pontos percentual. Para os analistas, o que deve acontecer são três altas de 0,5 ponto percentual, em abril, junho e julho, seguidas de uma pausa em setembro e outubro - em função das eleições - seguida de uma alta de 0,75 ponto percentual em dezembro.

Ainda assim, a projeção é menor do que a curva esperada pelo mercado, que espera alta de cerca de 3,75 ponto percentual ainda para este ano.

Início da alta: março ou abril?
A deterioração do cenário da inflação, a ideia de que "quanto antes melhor" - ou seja, se a alta é inevitável, que comece mais cedo -, e o fato de que com a provável saída de Meirelles seria mais fácil para o sucessor que a alta já estivesse se iniciado, são os argumentos favoráveis ao início do aperto já em março.

Por outro lado, os analistas citam também justificativas para uma alta iniciada em abril - o mais provável, na visão da equipe. Primeiramente, o Copom poderia esperar a divulgação do Relatório de Inflação, no final de março. Além disso, a saída de Meirelles também pode justificar a postergação do aumento por mais um mês: o comitê pode preferir esperar a incerteza sobre esse assunto antes de iniciar o ciclo de aperto. Em terceiro ligar, a autoridade monetária deve citar incertezas globais como uma razão para esperar, além da possibilidade de mencionar sinais divergentes nos indicadores recente para uma espera maior.