O Brasil nunca teve um ministro da Fazenda competente. Todos os ocupantes da cadeira, enquanto estão no governo, erram mais do que acertam, propõem soluções inexiquíveis e estabelecem metas otimistas que jamais são alcançadas.
Em compensação, o Brasil é o país que tem os melhores ex-ministros da Fazenda do mundo. Basta deixar o posto para que cada um deles se veja, de uma hora para outra, elevado à categoria de grande formulador e passe a ser ouvido, respeitado e acatado por todos.
Se o que está escrito acima é verdade, falta pouco mais de nove meses para que o economista Guido Mantega - visto com uma certa reserva quando assumiu o ministério em março de 2006, há quatro anos, portanto - seja elevado à condição de gênio.
Brincadeiras à parte, a passagem de Mantega pelo posto, que pode ser prolongada caso a ministra Dilma Rousseff vença a disputa presidencial, terá sido, no fim das contas, uma das mais bem-sucedidas da história. Afinal, poucos ministros da Fazenda tiveram a certeza de entregar para seu sucessor um país em condições tão melhores do que receberam após enfrentar, pelo meio do caminho, uma crise que poderia ter colocado tudo a perder.
Foi de Mantega a proposta de combater a crise internacional que ameaçou atingir o Brasil em cheio, no final de 2008, com uma política que envolvia a combinação de renúncia fiscal com a ampliação do crédito para o consumo de automóveis, eletrodomésticos e imóveis.
Isso, somado ao extraordinário desempenho das commodities no comércio internacional em 2009, fez com que a economia invertesse a tendência de queda e embicasse para o alto.
O ministro está otimista com o desempenho da economia em 2010 e nos próximos anos. "O Brasil se tornou um país de longo prazo", diz.
Segundo ele, os investimentos continuarão estimulando a geração de empregos, que (essa sim) é uma fonte de estímulo ao consumo, que, por sua vez, é indutor de novos investimentos. Tomara que ele esteja certo.Clique aqui para ver entrevista do Brasil Econômico com o ministro da fazenda Guido Mantega.
