Após um breve lampejo de animação, visto nos últimos dias, volta a crescer o sentimento pessimista sobre o processo de
capitalização da Petrobras. A possibilidade de o preço do barril do petróleo, a ser cedido onerosamente pela União à estatal, ficar muito alto
pode inviabilizar a oferta, segundo analistas e profissionais do mercado consultados pela Agência Estado. Além do valor do barril, um eventual
adiamento da operação pressiona os papéis da companhia na Bolsa. Os títulos PN abriram os negócios com forte baixa de 3%. Às 12h45 a
queda da ação PN desacelerava para 2,35% e ON recuava 3,08%, ante desvalorização de 1% do Ibovespa.
Segundo noticiado ontem pela Agência Estado, o laudo que a Agência Nacional do Petróleo (ANP) receberá hoje da Gaffney Cline &
Associates(GCA) estima entre US$ 10 e US$ 12 o valor do barril na cessão onerosa. O valor corresponde ao petróleo da área de Franco (área
em análise para ser repassada pelo governo à Petrobras). A informação apurada pela AE surpreendeu analistas financeiros e técnicos da
própria reguladora, que esperavam algo entre US$ 8 e US$ 10.
O analista setorial da Spinelli Corretora, Max Bueno, lembra que o preço da GCA, se confirmado, extrapola o teto das estimativas do mercado,
que estavam entre US$ 5 a US$ 6 por barril, chegando a US$ 7 em algumas casas. "Isso aumenta a diluição da base acionária e essa
montanha de emissão a ser feita pela Petrobras pode não ser absorvida pelos minoritários", avalia.
Para o chefe da mesa de operações da HSBC Corretora, Frederico Soares, o valor do barril acima de US$ 7 inviabiliza a oferta. Ele explica que
investidores e fundos estrangeiros, que detêm em torno de um terço das ações da estatal, não terão interesse em entrar no processo com o
preço do barril nesse patamar.
Os analistas Osmar Cesar Camilo e Marcelo Alves Varejão, da Socopa, avaliam que mantendo constante a quantidade de barris da cessão
onerosa em 5 bilhões, a US$ 10 cada, o mercado teria que acompanhar o aumento de capital em, aproximadamente, US$ 85 bilhões para não
ser diluído. O valor corresponde ao limite aprovado pelos acionistas da empresa para a capitalização, de R$ 150 bilhões. "Tal cenário se mostra
sensivelmente inviável", afirmam os profissionais.
Com o valor de US$ 10, caberá à cessão onerosa US$ 50 bilhões, montante que vinha sendo estimado pelo mercado para a capitalização
como um todo, o que já era considerado muito alto e com dificuldades para que os minoritários acompanhassem. "Talvez o mercado não tenha
forças para acompanhar a operação e a liquidez pode ser baixa, o que elevaria a fatia do governo na estatal para perto de 50%", comenta o
operador da Um Investimentos, Paulo Hegg.
"Se esses investidores não subscreverem, haverá um gap entre o que a empresa precisa levantar de recursos para tocar seu plano de
investimentos e o que vai efetivamente conseguir", diz Soares, da HSBC. Segundo o profissional, o preço precisa ser justo para atrair os
investidores não só estrangeiros, mas também nacionais. "A indefinição do processo de capitalização e a ingerência política estão afugentando
os compradores do papel", constata.
O analista setorial Erick Scott, da SLW Corretora, observa que quanto menos a estatal pagar pelo preço do barril na área do pré-sal, melhor,
uma vez que esse valor vai definir o tamanho da oferta e o sucesso da operação está diretamente ligado à demanda dos investidores.
Adiamento da operação
Além do valor do barril, investidores também temem mais uma postergação da operação, inicialmente prevista para julho e agora para
setembro. A diretoria da Petrobras e representantes do Ministério de Minas e Energia vêm reiterando que a capitalização deve ocorrer até o
final do mês que vem. No entanto, segundo fontes, nos bastidores do governo há divergências.
Para o chefe da área comercial de renda variável da Link, Adriano Yamamoto, o sentimento de que a capitalização não vai acontecer em
setembro está aumentando, o que deve gerar pressão adicional sobre os papéis da empresa. "O mercado está muito sensível às recentes
notícias sobre o tema, apesar de não serem oficiais."
O economista da Legan Asset, Fausto Gouveia, lembra que, se a operação ficar para depois das eleições, em outubro, a companhia estaria
proibida por lei de ir ao mercado em novembro, quando anunciará os resultados do terceiro trimestre deste ano. "E dezembro é um mês fraco
em termos de liquidez, por causa das festividades de fim de ano", acrescenta.
Para alguns profissionais, o adiamento da operação é tão ruim ou até pior que o preço do barril acima do previsto. "Crescem os temores de que
a Petrobras não consiga equilibrar os investimentos programados com a necessidade de preservar o rating de grau de investimento", avalia
Max, da Spinelli. Segundo ele, caso a operação fique mesmo para o ano que vem, a empresa poderia ter que revisar seu plano de investimentos
em razão do fluxo de caixa.
Porém, na avaliação de Gouveia, da Legan, o adiamento da capitalização até mesmo para o ano que vem pode permitir que as ações da
Petrobras voltem a respirar, adiando os efeitos negativos sobre os papéis para o médio prazo. "Se ficar para o ano que vem, tira-se a pressão
da diluição dos acionistas." (Beth Moreira e Olívia Bulla)
Fonte: AE Broadcast
capitalização da Petrobras. A possibilidade de o preço do barril do petróleo, a ser cedido onerosamente pela União à estatal, ficar muito alto
pode inviabilizar a oferta, segundo analistas e profissionais do mercado consultados pela Agência Estado. Além do valor do barril, um eventual
adiamento da operação pressiona os papéis da companhia na Bolsa. Os títulos PN abriram os negócios com forte baixa de 3%. Às 12h45 a
queda da ação PN desacelerava para 2,35% e ON recuava 3,08%, ante desvalorização de 1% do Ibovespa.
Segundo noticiado ontem pela Agência Estado, o laudo que a Agência Nacional do Petróleo (ANP) receberá hoje da Gaffney Cline &
Associates(GCA) estima entre US$ 10 e US$ 12 o valor do barril na cessão onerosa. O valor corresponde ao petróleo da área de Franco (área
em análise para ser repassada pelo governo à Petrobras). A informação apurada pela AE surpreendeu analistas financeiros e técnicos da
própria reguladora, que esperavam algo entre US$ 8 e US$ 10.
O analista setorial da Spinelli Corretora, Max Bueno, lembra que o preço da GCA, se confirmado, extrapola o teto das estimativas do mercado,
que estavam entre US$ 5 a US$ 6 por barril, chegando a US$ 7 em algumas casas. "Isso aumenta a diluição da base acionária e essa
montanha de emissão a ser feita pela Petrobras pode não ser absorvida pelos minoritários", avalia.
Para o chefe da mesa de operações da HSBC Corretora, Frederico Soares, o valor do barril acima de US$ 7 inviabiliza a oferta. Ele explica que
investidores e fundos estrangeiros, que detêm em torno de um terço das ações da estatal, não terão interesse em entrar no processo com o
preço do barril nesse patamar.
Os analistas Osmar Cesar Camilo e Marcelo Alves Varejão, da Socopa, avaliam que mantendo constante a quantidade de barris da cessão
onerosa em 5 bilhões, a US$ 10 cada, o mercado teria que acompanhar o aumento de capital em, aproximadamente, US$ 85 bilhões para não
ser diluído. O valor corresponde ao limite aprovado pelos acionistas da empresa para a capitalização, de R$ 150 bilhões. "Tal cenário se mostra
sensivelmente inviável", afirmam os profissionais.
Com o valor de US$ 10, caberá à cessão onerosa US$ 50 bilhões, montante que vinha sendo estimado pelo mercado para a capitalização
como um todo, o que já era considerado muito alto e com dificuldades para que os minoritários acompanhassem. "Talvez o mercado não tenha
forças para acompanhar a operação e a liquidez pode ser baixa, o que elevaria a fatia do governo na estatal para perto de 50%", comenta o
operador da Um Investimentos, Paulo Hegg.
"Se esses investidores não subscreverem, haverá um gap entre o que a empresa precisa levantar de recursos para tocar seu plano de
investimentos e o que vai efetivamente conseguir", diz Soares, da HSBC. Segundo o profissional, o preço precisa ser justo para atrair os
investidores não só estrangeiros, mas também nacionais. "A indefinição do processo de capitalização e a ingerência política estão afugentando
os compradores do papel", constata.
O analista setorial Erick Scott, da SLW Corretora, observa que quanto menos a estatal pagar pelo preço do barril na área do pré-sal, melhor,
uma vez que esse valor vai definir o tamanho da oferta e o sucesso da operação está diretamente ligado à demanda dos investidores.
Adiamento da operação
Além do valor do barril, investidores também temem mais uma postergação da operação, inicialmente prevista para julho e agora para
setembro. A diretoria da Petrobras e representantes do Ministério de Minas e Energia vêm reiterando que a capitalização deve ocorrer até o
final do mês que vem. No entanto, segundo fontes, nos bastidores do governo há divergências.
Para o chefe da área comercial de renda variável da Link, Adriano Yamamoto, o sentimento de que a capitalização não vai acontecer em
setembro está aumentando, o que deve gerar pressão adicional sobre os papéis da empresa. "O mercado está muito sensível às recentes
notícias sobre o tema, apesar de não serem oficiais."
O economista da Legan Asset, Fausto Gouveia, lembra que, se a operação ficar para depois das eleições, em outubro, a companhia estaria
proibida por lei de ir ao mercado em novembro, quando anunciará os resultados do terceiro trimestre deste ano. "E dezembro é um mês fraco
em termos de liquidez, por causa das festividades de fim de ano", acrescenta.
Para alguns profissionais, o adiamento da operação é tão ruim ou até pior que o preço do barril acima do previsto. "Crescem os temores de que
a Petrobras não consiga equilibrar os investimentos programados com a necessidade de preservar o rating de grau de investimento", avalia
Max, da Spinelli. Segundo ele, caso a operação fique mesmo para o ano que vem, a empresa poderia ter que revisar seu plano de investimentos
em razão do fluxo de caixa.
Porém, na avaliação de Gouveia, da Legan, o adiamento da capitalização até mesmo para o ano que vem pode permitir que as ações da
Petrobras voltem a respirar, adiando os efeitos negativos sobre os papéis para o médio prazo. "Se ficar para o ano que vem, tira-se a pressão
da diluição dos acionistas." (Beth Moreira e Olívia Bulla)
Fonte: AE Broadcast