terça-feira, 24 de agosto de 2010

Total de ofertas de fundos imobiliários já soma R$ 5,5 bi

Por Luciana Monteiro


Diante de um mercado muito incerto, os ativos imobiliários vêm roubando a cena. Em apenas uma semana, cerca de R$ 2 bilhões em ofertas de fundos imobiliários coordenadas pelo BTG Pactual ingressaram na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Para se ter ideia, o valor total de R$ 5,519 bilhões deste ano, considerando as operações em análise, as registradas e as dispensadas de registro, já supera os R$ 3,445 bilhões registrados no ano passado.

Os aluguéis comerciais de grandes empresas são o foco do fundo imobiliário RB Capital Renda II, cuja oferta soma R$ 190 milhões. Serão emitidas 2,563 milhões de cotas, cada uma com valor unitário de R$ 74,12. O mínimo para investir é de 68 cotas, o que significa uma aplicação inicial de R$ 5.040,16. O coordenador-líder da oferta é o BB Investimentos e a administração ficará a cargo da Pentágono Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários. Já a RB Capital atuará como consultora imobiliária e gestora.

Os recursos captados pela oferta serão destinados à aquisição de seis empreendimentos, construídos sob medida para quatro empresas: AmBev, Leader, Ampla e Agusta. Todos os seis empreendimentos já estão alugados, com contratos com prazo médio de 14 anos. Todos têm contratos de locação chamados de atípicos - se o locatário resolver sair antes de o prazo vencer, ele terá de pagar uma multa referente a todo o saldo remanescente. Pela lei do inquilinato normal, a companhia teria de pagar três aluguéis.

Segundo o prospecto da oferta, o objetivo do fundo "consiste na exploração desses empreendimentos, passando a figurar como locador dos contratos de locação atípica já firmados, de modo que o fundo passe a receber diretamente a renda decorrente dos aluguéis". O início do prazo de reserva começa em 30 de agosto e termina em 28 de setembro. A taxa de administração e de gestão é de 0,2% ao ano.

O prospeto diz ainda que, de acordo com um estudo de viabilidade realizado, o ganho esperado para o período a se encerrar em outubro de 2020 corresponde a 8,63% acrescido da variação da inflação. "Ainda de acordo com o estudo, considerando-se um período mais amplo, a se encerrar em outubro de 2060, a rentabilidade esperada corresponde a 8,89%, acrescida da inflação." O documento deixa claro, entretanto, que não existe nenhuma garantia de que esse retorno será alcançado.

Esta é a segunda carteira do gênero estruturada pela RB Capital com foco em imóveis construídos sob medida para empresas. No ano passado, houve a oferta do RB Capital Renda I, que englobava empreendimentos alugados para AmBev, Danfoss, C&A e Leader. Na ocasião, a operação foi coordenada pelos bancos Bradesco BBI e BB Investimentos, no valor de R$ 132 milhões.

Além dessa oferta, o Bradesco anunciou ontem que atuará como formador de mercado para as cotas do fundo Mais Shopping Largo 13. O formador de mercado é um agente contratado para garantir um mínimo de negócios, assegurando que o investidor encontrará comprador para as ações quando quiser vendê-las. Esta é a segunda vez que o banco atua como formador de mercado de fundos imobiliários. O primeiro ocorreu com as cotas da carteira Presidente Vargas.

Com o anúncio, os investidores que já tiverem aderido à oferta devem confirmar, no prazo de cinco dias úteis contados a partir de ontem, o interesse em continuar na oferta. Caso o aplicador não se manifeste, ficará subentendida a manutenção do interesse.

A oferta pública de cotas do Mais Shopping Largo 13 soma R$ 90,840 milhões. São ofertadas 90.840 cotas, no valor de R$ 1 mil cada uma. O investidor deverá adquirir, no entanto, o mínimo de cinco cotas, ou seja, a aplicação inicial é de R$ 5 mil. O investimento máximo é de R$ 1,5 milhão. O prazo de reserva vai até 10 de setembro.

Dos recursos captados, 95,1% serão utilizados pelo fundo para a aquisição de 20% a 40% do empreendimento imobiliário "Mais Shopping Largo 13". Com inauguração prevista para outubro de 2010, o shopping está situado no Largo Treze de Maio, no bairro de Santo Amaro, zona sul de São Paulo. Os outros 4,9% serão destinados ao pagamento dos custos da operação. A taxa de administração é de 0,5% ao ano.

O Mais Shopping Largo 13 é um projeto que utilizará lojas modulares, com tamanho entre 10 e 20 metros quadrados. O espaço será alugado ao lojista mediante pagamento de um preço fixo por mês, independentemente do volume de vendas. As lojas serão contratadas por prazo indeterminado, sem direito a renovação compulsória.

E o mercado de fundos imobiliários deve ganhar ainda mais corpo. O Banco do Brasil já anunciou que pretende lançar em setembro um fundo imobiliário , em parceira com o Banco Votorantim.