quinta-feira, 11 de novembro de 2010

China está ‘comprando o mundo’, diz ‘Economist’

Sílvio Guedes Crespo

A China respondeu neste ano por 10% das aquisições feitas por companhias de países diferentes, afirma revista britânica “The Economist”, sem citar fonte.

A reportagem de capa da edição desta semana, intitulada “Comprando o mundo – a onda vindoura de aquisições chinesas”, mostra o potencial do país asiático de adquirir empresas mundo afora. A revista critica os que têm medo do avanço chinês e diz que a internacionalização do país asiático beneficia outras nações.

Atualmente, mesmo respondendo por um décimo de todas as compras de empresas entre países, a China detém somente 6% dos investimentos mundiais em empresas. A título de comparação, o Reino Unido tinha 50% em 1914; os EUA, chegaram a 50% em 1967.

Para a revista, a China pode começar a usar sua poupança interna – obtida com grandes superávits comerciais – para comprar empresas pelo mundo e, assim, diversificar suas reservas. “Hoje [a poupança] é amplamente utilizada para comprar títulos públicos de países ricos; amanhã, podem ser usadas para comprar companhias e proteger a China contra desvalorizações e possíveis calotes.

Medo ‘injustificado’

Diante disso, alguns países tentam se proteger. Austrália e Canadá, por exemplo, estão criando barreiras para dificultar as aquisições por empresas chinesas apoiadas no Estado.

No entanto, diz a revista, o medo do avanço chinês não é justificado. Primeiro, porque a internacionalização das empresas daquele país ainda é muito incipiente. A China está longe de poder controlar um setor estratégico, como o de commodities.

Impedir que a China invista em serviços essenciais de outros países, como energia elétrica, também é uma atitude injustificada, na opinião da revista. No lugar disso, os governos deveriam melhorar a regulação no sentido de promover a competição. Assim, se a empresa chinesa não oferecer bons serviços, o cliente muda de fornecedor.

Benefício chinês

O avanço de empresas chinesas traz, inclusive, benefícios aos países aonde elas chegam, diz a “Economist”, mesmo que seja com capital subsidiado. O que importa é que entra dinheiro no país.

Ainda, as empresas compradas acabam tendo acesso ao mercado chinês, como a Volvo, cujo novo dono é a Geely.

Além dos benefícios econômicos do avanço chinês, há os políticos. “Na medida em que a China investe na economia global, seus interesses se tornam cada vez mais alinhados com os do resto do mundo”. Por fim, quem acredita que a China ameace o capitalismo global demonstra “um profundo pessimismo com o próprio capitalismo”.