terça-feira, 16 de novembro de 2010

“Se bem administrado, cenário é de oportunidades ao Brasil”

Conrado Mazzoni   (cmazzoni@brasileconomico.com.br)

Hugo Penteado: “O mercado está indeciso”

A relativa tranquilidade vista durante as eleições não está sobressaindo após a definição do pleito presidencial. Para o economista-chefe da Santander Asset Management, “o mercado está indeciso”.

A indefinição econômica está longe de ser um privilégio somente do plano externo, segundo avaliação de Hugo Penteado. "Existe incerteza no combate inflacionário no Brasil, dado o cenário de transição política, a cena econômica externa fraca e a farta liquidez global", analisa.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou taxa de 0,75% em outubro, acima do 0,45% de setembro. O preço dos alimentos teve a maior alta desde junho de 2008.

Na visão do economista-chefe da Santander Asset Management, será preciso tratar do aumento da demanda agregada da economia brasileira em 2011. Seja via aumento de juros ou por meio de corte de gastos do Estado.

Eis o ponto de interrogação do mercado quanto ao novo governo Dilma Rousseff. Para Penteado, o panorama eleitoral sem grandes sustos, sob a noção de continuidade do governo Lula, está evaporando. O mercado anseia por respostas.

Penteado, porém, evita a pecha de pessimista. "Essa enorme liquidez no sistema pode criar oportunidades, desde que bem administrada".

Excesso de liquidez?

Questionado sobre a necessidade do banco central americano inundar o mercado com mais US$ 600 bilhões, o economista relembrou a discussão envolvendo o Japão na década de 1990, quando o país começou a enfrentar uma realidade de crescimento baixo, índices negativos de inflação e juros reduzidos.

A receita do renomado economista Milton Friedman era injetar dinheiro na economia. Até hoje é desconhecido se Friedman, um dos expoentes das ideias do comandante do BC americano Ben Bernanke, tinha razão. Pois o Japão não lançou mão da ferramenta.

Respondendo, de fato, Penteado disse: "O mercado sempre erra na dosagem [antes da decisão do Federal Reserve, as bolsas e commodities engataram tendência de alta, na iminência dos estímulos]. Será preciso saber da postura dos outros BCs. O Banco da Inglaterra, por exemplo, manteve inalterada a meta de compras. A política monetária é assimétrica".