segunda-feira, 29 de novembro de 2010

União Europeia aprova socorro de € 85 bilhões para a Irlanda

Brasil Econômico   - Por Jan Strupczewski e Julien Toyer/Reuters

"Oferecer um empréstimo para a Irlanda é a garantia da salvaguarda da estabilidade financeira na Zona Euro e da UE como um todo", anunciou Juncker

A UE aprovou um socorro financeiro de € 85 bilhões (US$ 115 bilhões) para a Irlanda no domingo (28/11) e esboçou um sistema permanente para resolver o problema da crise da dívida da Europa.

Os ministros das Finanças dos 16 países da Zona do Euro, ansiosos para evitar que o mercado se contagie e acabe atingindo Portugal e Espanha, foram unânimes em apoiar um pacote de emergência para ajudar Dublin a cobrir suas dívidas bancárias podres e superar um enorme déficit orçamentário.

"Os ministros concordam com a Comissão Europeia e com o Banco Central Europeu que oferecer um empréstimo para a Irlanda é a garantia da salvaguarda da estabilidade financeira na Zona Euro e da UE como um todo", anunciou Jean-Claude Juncker, presidente do conselho dos ministros da Zona do Euro, numa entrevista coletiva.

O governo irlandês disse que € 35 bilhões seriam destinados a ajudar a reestruturar seus bancos quebrados. Desse total, € 10 bilhões seriam usados para uma injeção de capital imediato e o resto será um fundo de contingência. A Irlanda vai contribuir com € 17,5 bilhões do seu próprio dinheiro e fundos de reserva para salvar os bancos.

O resto do pacote de emergência, que Dublin disse que foram concedidos à uma taxa de juros média de 5,8%, vai ajudar a cobrir o enorme rombo que os bancos fizeram nas finanças públicas.

O FMI vai contribuir com € 22,5 bilhões.

Em uma concessão especial, a Irlanda terá um ano a mais, até 2015, para reduzir o seu déficit orçamentário até o limite da UE de 3% do seu Produto Interno Bruto, com base em uma previsão mais cautelosa do que os 2,75% do crescimento anual do seu PIB, estimados pelo governo.

O primeiro-ministro Brian Cowen, cujo governo impopular está à beira do colapso devido ao socorro da UE/FMI, disse que o acordo foi "o melhor possível" para a Irlanda. E que não implica em qualquer mudança na sua baixa taxa de 12,5% nos impostos corporativos.

Os recursos permitirão que a Irlanda faça empréstimos com taxas mais baixas do que obteria nos mercados de capitais, onde os custos de financiamentos subiram para cerca de 9%, disse Cowen.

Pressionado para tomar medidas drásticas para parar uma ameaça sistêmica ao euro antes que os mercados da Ásia abram nessa segunda-feira, os 27 ministros das finanças da UE aprovaram as linhas gerais de uma resolução permanente de um mecanismo de crise, baseado em uma proposta conjunta da Alemanha e França.

Fundamentalmente, os portadores de títulos do governo poderão ter que compartilhar os encargos de qualquer reestruturação futura da dívida soberana da Zona do Euro, sujeita a uma avaliação caso a caso, sem qualquer automaticidade, disse Rehn.