quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Bolsa tenta converter aspirantes em investidores

Mariana Segala 


Programa de fidelização “Fica Mais” vai dar pontos para quem indicar potenciais clientes que abrirem conta.

Atrás de alcançar a meta de encerrar 2014 com cinco milhões de investidores, a BM&FBovespa começa a tomar providências efetivas para converter "aspirantes" em participantes do mercado de ações.

A leitura é de que iniciativas de popularização - como a mais recente, que fez de Pelé garoto-propaganda da bolsa - transmitem as mensagens pretendidas.

É o que mostra pesquisa com 240 entrevistados em Campinas, Belo Horizonte e Curitiba, encomendada pela BM&FBovespa, sobre os primeiros meses de exibição na TV dos vídeos da campanha "Quer ser sócio?", com o astro do futebol.

Há, no entanto, um abismo entre os que se interessam pelo assunto e os que decidem operar.

Por essas e outras, a alternativa foi incluir um estímulo a novos cadastros no novo programa de fidelização da bolsa, chamado de "Fica Mais". Anunciado em agosto pelo diretor-presidente da bolsa, Edemir Pinto, só agora o sistema de milhagem está saindo do papel. O objetivo é que os investidores acumulem pontos que depois sejam trocados por produtos e serviços de instituições.

Um dos itens que renderá pontos ao investidor é a indicação de potenciais novos aplicadores. Pela ajuda na prospecção de novos clientes, cada indicação cadastrada no site "Fica Mais" se traduzirá em cinco pontos de crédito. Se o cliente recomendado de fato abrir uma conta para operar na bolsa, o investidor levará mais 50 pontos.

Só a adesão do investidor ao "Fica Mais" lhe garantirá 100 pontos. Pedir o cancelamento do envio de extratos de custódia e informativos em papel (acessando os mesmos dados pela internet, no Canal Eletrônico do Investidor) assegurará outros 50 pontos.

Mas é a permanência no mercado o campo mais fértil para acumular pontos - quem tiver posição em custódia no último dia útil de cada mês receberá 50 por isso, podendo acumular 600 pontos em um ano.

A previsão é de que o resgate dos pontos comece em janeiro. Os prêmios incluem consultorias financeiras - estaria sendo estudada uma parceria com Gustavo Cerbasi, autor de livros de educação financeira. Futuramente, deverá ser possível também trocar os pontos por créditos para comprar ações.

Corretora intrusa

A BM&FBovespa está tentando envolver mais as corretoras na busca por novos investidores. São elas a ponta final de contato com os clientes. Mas pesquisas quantitativas e qualitativas apresentadas ontem pela bolsa indicam que a figura da corretora ainda não é bem conhecida pelos aplicadores.

Somente por intermédio de uma delas o investidor consegue negociar no mercado. Por isso, mais do que uma facilitadora, a corretora acaba sendo encarada como uma obrigação. Enquanto a imagem dos bancos é mais familiar, a das corretoras se assemelha a de um personagem extra metido na relação entre o investidor e a bolsa.