quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Roubini faz alerta sobre 'commodities'

O Globo

 DAVOS, Suíça. O economista Nouriel Roubini afirmou ontem, no primeiro dia do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, que o mundo já vive um processo de recuperação. De acordo com sua visão de um copo "meio cheio", disse que evitou-se uma nova recessão, que o crescimento é mais forte do que se pensava - graças aos emergentes - e que, depois da crise irlandesa, os mercados se acalmaram. Mas, como ponto negativo, ressaltou os riscos da alta dos preços das commodities, do fraco crescimento dos Estados Unidos e dos países da zona do euro, e, acima de tudo, da crise fiscal europeia.

Roubini afirmou que a instabilidade política gerada pela inflação dos preços dos alimentos e da energia, além de outras commodities, pode derrubar regimes e é um dos fatores que podem afetar o crescimento:

- Quando o barril do petróleo chegou a US$148, no verão (no Hemisfério Norte) de 2008, este foi o momento de virada para economia global, que levou à recessão global.


Conhecido por ter antecipado a crise financeira que explodiu em setembro de 2008, Roubini é polêmico e considerado extremamente pessimista - seu apelido é Doutor Apocalipse. Ele afirmou que os EUA ainda enfrentam uma crise imobiliária e inspiram pouca confiança em sua capacidade de lidar com o déficit, enquanto os mercados europeus impuseram a aplicação de medidas de austeridade que ameaçam o crescimento, principalmente da zona do euro.
Espanha é grande demais para cair e ser resgatada
Para o economista, que leciona na Universidade de Nova York, a economia da Espanha é muito grande para ser resgatada. No Fórum do ano passado, ele já havia alertado: "Se a Grécia cair é um problema, se cai a Espanha é um desastre". Dessa vez disse que "a Espanha é grande demais para cair, grande demais para ser resgatada".

Já Klaus Schwab, que preside a reunião anual, destacou as oportunidades em países emergentes. Pesquisa da PricewaterhouseCoopers indicou que 48% dos 1.201 presidentes-executivos consultados em Davos estão "muito confiantes" sobre crescimento de receitas nos próximos 12 meses - perto do nível de 50% de 2008 e bem acima da taxa de 31% de um ano atrás.

E o magnata das comunicações Rupert Murdoch cancelou todas as aparições marcadas no Fórum, segundo fontes. Segundo a programação, deveria participar de um painel amanhã.