segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Choque do petróleo não deverá ser prolongado, diz Société Générale

InfoMoney

O recente rali nos preços do barril de petróleo não deverá impactar substancialmente o cenário econômico global, uma vez que este movimento de choque na oferta provavelmente será temporário, aponta a equipe do banco Société Générale.

Segundo a equipe do Société Générale, tudo o mais mantido constante, uma elevação permanente de US$ 10 por barril de petróleo resultaria em uma queda de 0,25 ponto percentual do PIB (Produto Interno Bruto) global no ano seguinte. “Raramente, no entanto, tudo permanece igual”, revela o relatório.

Considerando a possibilidade dos conflitos no norte da África e no Oriente Médio se espalharem para outros países produtores de petróleo, os preços da commodity poderiam atingir US$ 200 o barril. No entanto, este evento, considerado como um Black Swan (cisne negro) – um fato com possibilidades remotas de ocorrer, mas consequências desastrosas -, não provocaria um aperto monetário, dada a preocupação com os efeitos negativos sobre o crescimento.

Quanto aos fatos concretos – o preço do barril de petróleo Brent avançou mais de US$ 15 desde o final de janeiro -, o impacto na economia global depende do quão alto o preço do barril atingirá e por quanto tempo este movimento ascendente continuará, aponta o relatório.

Movimento temporário
No entanto, Michala Marcussen, responsável pelo documento, acredita que este avanço é temporário por duas razões: a contaminação da crise para a Arábia Saudita parece baixa e a OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) possui uma reserva que oferece condições de compensar as distorções no fornecimento.

Por outro lado, caso o “Black Swan” se torne um fato concreto, o crescimento global levará um severo golpe, destaca Marcussen, contaminando negativamente o desempenho para os ativos de risco ao redor do globo e, com uma demanda menor, o preço de outras commodities cairia, mas não ocorreria um aperto monetário. “Para que os preços das commodities acionem elevações das taxas de juros, deve ser um choque guiado pela demanda”, afirma.

Choque permanente da demanda
Já analisando pelo lado da demanda, Marcussen revela que há um choque permanente. “Essas altas nos preços são levadas pela recuperação global, e notavelmente pela forte retomada nos mercados emergentes”, ressalta. Neste caso, as consequências são diferentes, o que implica ganhos para os ativos de risco.

E esse fato pode levar a um movimento inflacionário. Nos últimos anos uma elevação no preço das commodities com base na demanda era compensada por uma tendência deflacionária nos bens manufaturados. Mas com a transformação das economias emergentes de exportadoras para consumidoras, este efeito será suavizado.

Alta moderada
No entanto, a expectativa do Société Générale é de que o preço do petróleo represente ganhos moderados durante os anos seguintes, com um crescimento das economias emergentes a um ritmo menor que o atual, seguindo um aperto na política monetária.

Enquanto isso, o BCE (Banco Central Europeu) não promoverá mudanças na taxa básica de juros neste ano, uma vez que não há um problema fundamentalmente inflacionário e que a recuperação ainda permanece frágil, com a questão da dívida soberana ainda longe de ser resolvida.

Cisne branco
Por fim, há mais um cenário projetado pelos analistas, com uma recuperação global mais forte que o previsto. “É importante notar que esse cenário é menos provável que gere uma forte alta nos preços do petróleo”, ressalta. Neste caso, a resposta dos governos seria o aperto monetário.