sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

País cresceu 7,8%, diz índice do BC

Expansão em 2010 supera projeção. Segundo Mantega, crédito já está desacelerando

A economia brasileira cresceu 7,81% no ano passado, de acordo com o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) do Banco Central (BC), divulgado ontem. O número supera a projeção da instituição sobre a expansão do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país), de 7,3%. Para 2011, o BC espera uma expansão de 4,5%. No último trimestre do ano passado, o IBC-Br teve um crescimento de 5% em relação a 2009 e de 1,03% sobre o período de julho a setembro.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, confirmou ontem que o PIB deve ter crescido entre 7,5% e 8% em 2010. Mas acrescentou que as medidas de restrição ao crédito adotadas pelo governo "já estão produzindo efeitos de desaceleração do financiamento e do comércio".

- A economia desacelera devido a medidas fiscais e monetárias - afirmou ele, em discurso durante evento promovido pelo banco BTG Pactual com investidores brasileiros e estrangeiros.

Apesar da força, especificamente em dezembro, o IBC-Br ficou praticamente estável, com leve crescimento de 0,07% em relação ao mês anterior, mostrando arrefecimento. Em novembro, o índice havia registrado aumento de 0,33% sobre o mês anterior. Segundo especialistas, no entanto, essa trégua do fim de 2010 não deve se intensificar nos primeiros meses deste ano, já que diversos indicadores mostram que a economia continua aquecida.


Entre os indicadores, destacou o economista-chefe da Austin Asis, Alex Agostini, estão as vendas de papelão ondulado (um dos mais clássicos termômetros de atividade), que cresceram 2% sobre janeiro de 2010. Ele também citou as vendas de veículos no período, cujo crescimento encostou em 15%. Por isso, acredita Agostini, o cenário ainda aponta para a atividade aquecida, mesmo com as medidas macroprudenciais tomadas em dezembro pelo BC, que restringiram e encareceram o crédito de longo prazo voltado para bens duráveis.


- O primeiro trimestre vai ser fundamental para avaliar o comportamento da inflação - afirmou Agostini, acrescentando que, por conta desse cenário, o BC deverá continuar elevando a Selic - hoje em 11,25% - até 12,75% ao ano.