sexta-feira, 14 de outubro de 2011

‘Brasil deixou de ser emergente. Já emergiu’, diz ex-secretária de Estado norte-americana

Madeleine Albright destacou que o governo brasileiro está fazendo algo que os Estados Unidos não estão: "Acumular reservas internacionais, pois (no caso dos EUA) vão para a China"

Ricardo Leopoldo, da Agência Estado

A ex-secretária de Estado norte-americana Madeleine Albright elogiou a economia brasileira. Em evento com os CEOs das principais empresas do País, ela destacou que o Brasil registra taxas de crescimento e de avanços de investimentos surpreendentes em nível mundial. "Alguns até já dizem que o Brasil deixou de ser uma economia emergente pois já emergiu", afirmou.

Ela ressaltou que o País, junto com outras nações como Índia e Turquia, merece um papel político mais relevante em instituições internacionais como a ONU e o Fundo Monetário Internacional (FMI), instituições que, na avaliação dela, deveriam passar por reformulações pois o mundo mudou muito nas últimas décadas.

"Brasil e Estados Unidos são países líderes regionais e apoiam a democracia. A economia do Brasil está indo muito bem, é forte, robusta e está em condições de ser competitiva", disse.

Segundo Madeleine, a economia mundial é interdependente e fatos que ocorrem nos EUA e na Europa afetam outras nações pelo mundo. "O governo brasileiro está fazendo algo que o meu não está, que é acumular reservas internacionais, pois (no caso dos EUA) vão para a China", afirmou.

Ela disse que é "irônico" que Europa e EUA, que no passado "davam aulas para América do Sul, Ásia e África" sobre boa gestão fiscal, hoje enfrentem dificuldades para equilibrar seus orçamentos. "Agora o sapato está no outro pé", afirmou.

A ex-secretária de Estado dos EUA ressaltou que os países avançados, incluindo os EUA, estão enfrentando uma série de dificuldades como o alto nível da dívida pública, estagnação econômica, negociações políticas que não avançam e nervosismo de investidores.

"Os líderes mundiais estão buscando equilíbrio entre a necessidade de estimular a economia e a existência de restrições fiscais, o que é necessário para evitar falências e desenvolver políticas para alavancar a repartição do crescimento econômico", disse.

China

Madeleine Albright também destacou que a China é um grande país e precisa atender "compromissos multipolares" que vão beneficiar a economia global. Na palestra, ela não citou, no entanto, quais seriam tais compromissos. Mas o governo norte-americano vem pressionando há vários anos as autoridades de Pequim para adotarem algumas mudanças na política econômica, especialmente apreciar o câmbio e assim reduzir o déficit comercial norte-americano com o país asiático.