quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Dentre emergentes, Brasil é menos exposto à Europa

Felipe Peroni, Brasil Econômico

Cresce a preocupação sobre o grau de exposição dos países emergentes diante de uma deterioração da crise na Zona do Euro.


O Produto Interno Bruto (PIB) conjunto da Zona do Euro deve sofrer retração de 0,9% em 2012, segundo estimativas do banco britânico Lloyds. E a menor demanda desses países deve afetar os emergentes.

Segundo pesquisa do Lloyds, o Brasil está no grupo de emergentes com menor exposição direta a uma redução da demanda de exportações da Europa.

"Brasil e México estão relativamente isolados de uma desaceleração na demanda europeia", afirma em relatório Sian Fenner, do Lloyds.

O analista ressalta que não está considerando os outros canais de contágio, como mercados financeiros e confiança na economia.

Com economia relativamente fechada, as exportações correspondem a 11,2% do PIB brasileiro, e 18,2% dessas exportações vão para países da Zona do Euro.

Situação bem diferente vive a Rússia, cujas exportações respondem por 27,8% do PIB, e do total das vendas externas, 35,7% vão para seus vizinhos europeus.

No grupo de países menos afetados, junto ao Brasil figuram a Índia, cujas exportações para a Zona do Euro são 14,5% do total, e o México, cujas exportações para a região são apenas 4% do total.

Isso não significa que o Brasil esteja imune a uma crise. Justamente a China, que é o maior comprador das exportações brasileiras, é um dos países mais vulneráveis à Zona do Euro.

Na nação asiática, cerca de 30% do PIB vem das exportações, e 15% das vendas externas são destinadas à Zona do Euro.

"A maior compradora do Brasil é a China. Ela compra para sustentar sua produção, que só vai ocorrer se tiver demanda no mundo", diz Cláudio Gonçalves dos Santos, conselheiro do Conselho Regional de Economia de São Paulo (Corecon-SP).

"Apesar do Brasil ser uma economia relativamente fechada, uma crise pode afetar significativamente vários países, atingindo também o nosso", afirma.

Para o economista, mesmo excluindo os demais canais de contágio, a estrutura interligada do comércio internacional pode impactar a economia brasileira.

"Até por isso hoje o governo divulgou medidas fiscais, justamente para estimular o consumo interno e fazer com que a economia não se desacelere", lembra o economista.