quarta-feira, 11 de abril de 2012

As estratégias vitoriosas dos grandes gestores

Por André Rocha


Pessoas bem sucedidas causam fascínio. Não é diferente em relação aos grandes investidores. Conheça as táticas de alguns gestores renomados: Warren Buffet, Benjamin Graham, Peter Lynch, George Soros, Luis Stuhlberger e Dório Ferman.

O investidor mais conhecido internacionalmente chama-se Warren Buffet. Fiz um post "As estratégias de Warren Buffet", em 06/09/2011, abordando sua filosofia de investimento. Resumindo, ele observa três aspectos ao adquirir ações de uma companhia: (i) elevado potencial de valorização do ativo comparando seu valor de mercado ao valor econômico ou justo; (ii) administração transparente e comprometida com o negócio e (iii) atividades econômicas simples e compreensíveis. Ao contrário do recomendado pelos livros textos, ele não gosta de diversificar seus investimentos.

Benjamin Graham foi professor de Warren Buffet. Seu livro "O Investidor Inteligente" é um dos mais conceituados no mundo das finanças.  Nele, Graham usa uma alegoria, o "Mr. Market", para diferenciar os conceitos de preço justo da ação e o seu preço diário no mercado. Aquele representa o valor intrínseco da empresa alicerçado na perspectiva de rentabilidade da companhia. Com isso, apresenta menor volatilidade do que a cotação em bolsa. A aquisição de uma ação com desconto para o valor justo da ação garante segurança ao investidor. A aplicação em uma ação só deve ser feita após profunda análise do aspecto operacional da companhia. Há uma diferença marcante entre Graham e Buffet. Graham era adepto da diversificação da carteira de ações.

A abordagem de outro grande investidor, Peter Lynch, difere da utilizada por Graham e Buffet. Esses buscam ações de empresas de reconhecida reputação cujos preços de mercado estejam sendo negociados abaixo do valor intrínseco da ação.  Assim, é natural que escolham ações nos quais seus múltiplos – P/L, FV/EBITDA, P/VPA - estejam cotados com desconto em relação a outras empresas do setor. O grande objetivo é obter barganhas. Já Lynch buscava ações de companhias que pudessem apresentar crescimento de seus resultados acima da média de mercado. Logo, os múltiplos dessas ações poderiam negociar com um prêmio sobre seus pares. Por quê? O crescimento futuro faria o múltiplo presente desinflar.

O bom livro de Alexandre Póvoa, "Mundo Financeiro – O Olhar de um Gestor", da Editora Saraiva, fala da estratégia dos gestores acima e ainda inclui outros três nomes: o húngaro George Soros e os brasileiros Luis Stuhlberger e Dório Ferman.

Os dois primeiros se especializaram em fundos multimercado. Póvoa cita algumas recomendações de Soros:

  • Quando houver convicção a respeito do investimento, monte grandes posições.
  • Durante o dia, comunicar-se apenas com pessoas selecionadas; todo gestor precisa de tempo para estudar e refletir.
  • Se o portfólio não estiver dando resultados, dobrar a aposta pode ser um erro. Não tenha vergonha de zerar posições com prejuízo.
  • Há momentos em que o mais importante é ser conservador. A sobrevivência é o ativo mais importante.

Stuhlberger é um dos principais executivos do Credit Suisse Hedging-Griffo e gestor do conceituado fundo multimercado Hedging-Griffo Verde. O fundo possui sempre uma posição em renda variável que pode variar entre 20% a 50%.

Segundo Póvoa, o gestor utiliza as seguintes estratégias:

  • Comprar seguros baratos, com perda limitada.
  • Apostar contra o consenso. Aqui estão as grandes oportunidades de ganho. Buscar visões alternativas e conversar sempre com o setor real da economia.
  • Evitar a obsessão pelo CDI mensal na tomada de decisões, pois a limitação temporal faz com que os gestores não tomem decisões ótimas.
  • Controle de risco qualitativo. Evitar apenas os controles quantitativos como o VAR. O ideal é buscar diversificar posições em diferentes mercados e limitar a exposição máxima em cada mercado.

Por fim, o livro aborda as táticas de Dório Ferman, executivo do Banco Opportunity e gestor do Fundo Opportunity Lógica II, criado em 1986. Ferman é um adepto da análise fundamentalista e possui estratégias similares a adotada por Buffet e Graham.

Seguem algumas características de seus investimentos:

  • Concentrar a aposta em poucos papéis. Apesar do aumento do risco, cresce a expectativa de retorno da carteira.
  • Não utilizar alavancagem. Enquanto a concentração de ativos pode acarretar prejuízos, a alavancagem pode destruir o fundo.
  • Não acreditar na estratégia de "market timing", ou seja, buscar distorções de preço dos ativos no curto prazo. Ele investe em ações que, de acordo com sua análise, se encontram baratas, dando o tempo necessário para que a cotação de mercado alcance o preço justo.

As distintas estratégias de investimento demonstram que não há uma abordagem universal quando se fala do investimento em ativos. Os pontos de semelhança são o trabalho duro e a espetacular rentabilidade auferida por suas carteiras.


André Rocha é analista certificado pela Apimec e atua há 20 anos como especialista na avaliação de companhias listadas na bolsa.