terça-feira, 17 de julho de 2012

Força à promoção comercial

Por Marcos Troyjo - Diretor do BricLab da Universidade Colúmbia e professor do Ibmec
Brasil Econômico

Neste contexto de baixo crescimento do mercado interno, o Brasil tem de multiplicar seus esforços de promoção comercial pelos quatro cantos do mundo.

Que ninguém se engane, é num cenário de morosidade da economia global que os países buscam ainda com mais garra a conquista de mercados.

Os EUA lançaram em 2010 a Iniciativa Nacional de Exportações (NEI, na sigla em inglês), com o objetivo de dobrar suas vendas ao exterior num período de cinco anos.

A China e a Coreia do Sul não têm hesitado financiar em termos crescentemente favoráveis suas empresas exportadoras. México, Chile, Colômbia e Peru vêm multiplicando seus acordos bilaterais de comércio sem amarras ideológicas.

Para o Brasil, o sucesso da inserção externa via promoção comercial é essencialmente uma combinação de três elementos.

O primeiro é ter um bom material de divulgação, não apenas informacional, mas também analítico, que esteja disponível na internet em vários idiomas e que possa servir de base inicial de apoio e geração de interesse para aqueles que querem saber mais sobre o Brasil, seus estados e cidades.

O segundo é uma boa estrutura como polo de recepção para a realização de negócios.

Se é verdade que o interesse pelo Brasil como destino de aplicações financeiras diminuiu, é verdade também que diferenciais brasileiros - como o potencial agroenergético - fazem com que o apetite por estabelecer unidades de produção no país continue aguçado.

É muito importante que prefeituras e governos estaduais, ou seja, as várias unidades federativas, tenham os seus instrumentos formais de recepção daqueles que se interessam em investir e realizar negócios.

A promoção comercial no exterior e a atração de investimentos para o país não podem ser apenas uma tarefa do governo federal.

No Rio de Janeiro, é marcante o exemplo exitoso do Rio Negócios, entidade resultante de uma parceria público-privada e que tem trazido tão bons resultados para a Cidade Maravilhosa.

Que bom seria se cada município no Brasil com mais de 500 mil habitantes tivesse sua própria agência de promoção de investimentos e comércio.

O terceiro é o elemento pró-ativo. Não adianta termos apenas informações vertidas em línguas estrangeiras e disponibilizadas em meios eletrônicos, ou oferecermos um serviço cerimonial às delegações de negócios que visitam o Brasil. Temos de nos promover no exterior.

Assim, cada vez ganha mais relevância a chamada "diplomacia empresarial". Os chineses realizam centenas, milhares de missões empresariais ao exterior, seja de órgãos de representação setorial ou das províncias e cidades chinesas.

Eles estão sempre muito presentes nos grandes mercados mapeando oportunidades. Conversei recentemente com o editor de uma revista econômica chinesa, a 'Caijing'.

Ele me dizia que, a cada dia, 365 cinco dias por ano, há pelo menos duas missões empresariais chinesas em território americano buscando fazer negócios.

É assim fundamental que prefeitos e governadores façam 'road shows', divulguem seus estados, assinalem seus atrativos.

O Brasil ainda é um dos países mais fechados do mundo. Logo, essa "vertebração" global é muito importante. Toda a força à promoção comercial.