segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Deutsche Bank avalia se FMI possui recursos para ajudar países emergentes

"Será que o FMI (Fundo Monetário Internacional) possui recursos suficientes para salvar os mercados emergentes?". A indagação está em relatório do Deutsche Bank divulgado nesta segunda-feira (29), no qual a equipe do banco analisa a restrição orçamentária da instituição nestes tempos pautados pela falta de liquidez.

Inicialme
nte, os analistas mostram a contradição na história da autarquia, dado que, há aproximadamente um ano, o FMI atravessava uma crise existencial, num momento em que quase a maioria dos países com obrigações junto à instituição já tinham quitado suas dívidas, além do elevado e precavido nível de reservas em dólares dos mercados emergentes colocar a função do órgão internacional em xeque.

Entre vulnerabilidade e resistência
"O aumento massivo de fluxos financeiros entre os países certamente tornou mais desafiadora a contenção das contas de capital das nações para o Fundo", pondera o Deutsche Bank, listando mais uma dificuldade no caminho da instituição, ao passo que o capital líquido privado para os países emergentes cresceu a níveis exponenciais durante os últimos anos, enquanto o teto para empréstimos do FMI obteve avanço mais modesto no período, parte obtido com o pagamento das dívidas externas brasileira e argentina.

No entanto e,
após a erupção da crise de crédito, a autarquia ganhou relevância novamente, ao fornecer empréstimos a diversos países, como Paquistão, Ucrânia, Hungria, Islândia, entre outros. Tal necessidade destas nações vai ao encontro à estatística do Banco Mundial acerca dos países emergentes, na qual a instituição afirma que 50% dos inseridos neste grupo apresentaram déficit superior a 5% do PIB (Produto Interno Bruto).

Emergentes fortes
Caso falte liquidez ao FMI, cenário possível se quatro dos seis maiores países emergentes demandarem empréstimos, alternativas para a obtenção de crédito não faltam, ao passo que, por exemplo, o Japão já ofereceu US$ 100 bilhões à instituição, além do provável interesse da China no financiamento do Fundo, visando elevação dos poderes econômico e geopolítico, conforme análise do banco alemão. Além disso, o Banco Mundial e outros bancos de desenvolvimento detêm meios de suprir um possível lapso de liquidez.

"Em conclusão, mesmo se uma crise global prolongada reduzir substancialmente a capacidade do Fundo e prejudicar sua função como financiador de última instância, isto não necessariamente acarretará em perdição e sombra para os países emergentes", conclui o Deutsche Bank, explicitando otimismo ao afirmar ainda que acredita em resiliência dos mercados emergentes face à crise e que os fundos destes países serão suficientes para os problemas financeiros a serem enfrentados no próximo biênio.