segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Wells Fargo espera por recuperação surpreendente dos EUA em 2009

Por: Vitor Silveira Lima Oliveira

Se tudo ocorrer como projetam os economistas do banco Wells Fargo, o ano de 2009 será marcado pela surpreendente recuperação da economia dos Estados Unidos de sua pior recessão desde a Grande Depressão da década de 1930.

Em debate recentemente promovido pela instituição financeira, os analistas Scott Anderson, Eugenio Aleman e o estrategista para investimentos Jim Paulsen, ressaltaram como causa desta recuperação a pesada política fiscal expansionista dos EUA, que deverá injetar ao todo US$ 2 trilhões na economia do país até o final de 2009.

"Um sinal claro é que o setor responsável por levar a economia a este pântano está quase virando a esquina", afirmou Scott Anderson sobre a recuperação do setor imobiliário norte-americano.

Mira descalibrada
Todavia, algumas ressalvas foram feitas. Causa preocupação entre os analistas os possíveis efeitos da política monetária extremamente flexível adotada pelo Federal Reserve, considerados pouco eficientes para reverter os aspectos da crise mais relacionados à confiança.

"A atual política monetária só ajudará os proprietários de casas que não precisam de ajuda", afirmou Aleman. Em sua interpretação, as instituições financeiras não emprestarão recursos para pessoas sem empregos estáveis ou reservas financeiras, seja qual for a taxa de juros praticada.

Os economistas também criticaram a atitude do governo Bush com o Congresso durante a aprovação dos planos de recompra de títulos problemáticos - TARP. Segundo o estrategista do Wells Fargo, parte da confiança perdida será recuperada ainda no primeiro semestre de 2009.

Esperança
Muito disto em virtude das necessidades dos norte-americanos, que até agora refrearam seu consumo, também impulsionados pelo plano de apoio à economia de Barack Obama.

Jim Paulsen espera que o novo presidente busque investimentos em infra-estrutura e cortes de impostos para a classe média, cuja amplitude deverá ser maior que o criticado plano de ajuda do início de 2008, responsável pela transferência direta de recursos aos contribuintes por meio de cheques.

Embora entendam que as medidas são necessárias, os efeitos colaterais da elevação dos gastos do setor público não foram ignorados, como a possível elevação de impostos e pressões inflacionárias futuras. Embora o governo dos EUA tenha acesso a financiamentos pouco custosos, "será muito caro e requisitarão impostos mais altos, mas a alternativa é ainda pior".

Todavia, por mais rápida que seja a recuperação, a expectativa é de um crescimento econômico em ritmo lento. "Até os mercados esquecerem os erros passados e iniciarem a construção da estrutura da próxima bolha", concluiu Aleman.