sexta-feira, 26 de junho de 2009

Demanda por minério de ferro vai cair mais, diz Unctad

A demanda global por minério de ferro vai cair ainda mais do que em 2008, no rastro da queda de até 15% na demanda por aço nas economias em recessão. A projeção é da Agência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad), em relatório publicado hoje.A Unctad alerta que o excesso de oferta de minério de ferro não vai mudar tao cedo, num cenário de queda da produção siderúrgica para o pior nivel desde a crise do petróleo em 1974-75, e de aumento da produção do minério, diz a entidade.

O relatório chama a atenção tambem para as arrastadas negociações sobre o preço para minério de ferro com a China, principal comprador mundial, que até agora não aceitou nenhum novo preço.

Segundo a Unctad, nos acordos feitos até agora por outras companhias siderúrgicas da Asia, o preço pago pelo minério de melhor qualidade da Austrália foi reduzido em 33% e o do Brasil, em 28,2%. O preço para o minério de ferro bitolado (Lump Ore) foi reduzido em 44%.

O consumo mundial de produtos de aço acabado caiu 1,4% em 2008, para 1,197 bilhão de toneladas. O consumo de aço bruto caiu 1,5%, ficando em 1,325 bilhão de toneladas.

A demanda mundial de minério de ferro cresceu 3,6% no ano passado, mas começou a cair no quarto trimestre, quando as economias sofreram mais duramente a recessão.

O comércio internacional de minério de ferro chegou a bater recorde em 2008, com as exportações crescendo pelo sétimo ano seguido e atingido 882 milhoes de toneladas, com alta de 7,8% - mas tudo isso antes do declínio do ultimo trimestre.

Segundo a Unctad, as exportações dobraram desde 1999. A Austrália voltou nos ultimos anos a ser o maior exportador mundial, seguida pelo Brasil. As vendas da Austrália aumentaram 16%, para mais de 300 milhoes de toneladas, enquanto no Brasil o aumento foi de 4,5%.

A China por sua vez é o maior importador de ferro, tendo comprado 444 milhoes de toneladas no ano passado. A produção de pequenas e médias companhias chinesas foi interrompida, por causa de altos custos na exploração do minério.

Em todo caso, o excesso de capacidade global é enorme. Novas minas que entraram em operação em 2008 podem produzir 88 milhoes de toneladas. Mas o total de projetos em andamento representa mais 430 milhoes de toneladas de produção. A maioria dos projetos está na Austrália.

(Assis Moreira | Valor Econômico, para Valor Online)