sexta-feira, 26 de junho de 2009

The Economist: crescimento chinês em 2009 pode ser uma "aterrissagem difícil"

A The Economist Inteligence Unit não está tão otimista quanto ao crescimento da economia chinesa no ano de 2009. Apesar de a projeção da instituição para o avanço do PIB (Produto Interno Bruto) do país ter variado de 6,8% para 7,2%, crê que este ano será como uma "aterrissagem difícil" para a China, haja vista que suas médias de crescimento anuais há muito tempo são compostas por dois dígitos.

A equipe aponta que a precarização da demanda global é questão delicada para os chineses, cujas exportações, em volume, devem encolher em 8,8% neste ano, associadas a uma baixa dos investimentos em negócios situados nas províncias costeiras voltadas para atividades de exportação.

Não para por aí. O crescimento da produção do gigante asiático também desacelerou em função do setor industrial pesado, comprometido pelo desaquecimento da construção civil no ano passado. Nesse contexto, entra o pacote de estímulo do governo.

O pacote e o crescimento
O programa de incentivo à atividade econômica lançado pelo governo da China verá seus maiores gastos ainda em 2009, com vistas a sustentar o crescimento nos moldes atuais das reformas sendo empreendidas.

Com os amplos gastos promovidos, o afrouxamento do crédito e a robustez do gasto público devem ser fatores de preocupação, na medida em que devem ser limitantes do crescimento em 2010 - projetado para algo em torno de 7,6%, segundo a The Economist Inteligence Unit.

Ainda com a distância das marcas vistas no período de 2003-2007 - que extraordinariamente extrapolaram os 10% -, a China continuará sendo a economia com o mais acelerado ritmo de expansão em todo o mundo nos próximos anos. Mesmo com o consumo no país sujeito a uma queda, as tendências deflacionárias e o incremento na renda devem impulsionar o crescimento.

O pacote e o investimento
No entanto, a injeção intensa e rápida de liquidez levanta dúvidas quanto à qualidade dos investimentos realizados: esse intenso fluxo pode acabar em projetos de natureza econômica de valor questionável. Um aumento na capacidade produtiva de setores estratégicos poderia agravar as pressões deflacionárias neste momento em que a demanda já sofre, segundo pesquisa da instituição.

Ademais, a sustentabilidade dos gastos do programa também deve ser considerada, dados os números explosivos relativos ao crédito, que não devem dar mostras de continuidade por muito tempo. Entidades reguladoras locais já tomam medidas no sentido de prevenir a alocação indevida dessa massa de crédito fácil.

E se for diferente?
Os analistas também cogitam a ocorrência de um cenário mais favorável do que o previsto. Por exemplo, a generosidade da oferta de crédito pode reativar o setor imobiliário do país, assim como uma recuperação precoce dos níveis de salário pode turbinar o consumo privado.

Apesar dessas possibilidades, uma outra é de que as autoridades do país venham a praticar medidas mais cautelosas, movidas pelo temor de frear a retomada econômica em seu início.

Não sem um preço, entretanto. Se levada a cabo, alertam os analistas, essa decisão deve trazer para 2009 e 2010 um "superaquecimento" à economia da China.