terça-feira, 30 de junho de 2009

A quantos pontos Ibovespa encerrará 2009? Confira a projeção de 10 instituições

Por: Giulia Santos Camillo

Último dia do primeiro semestre de 2009. Para os investidores e analistas, é hora de avaliar as mudanças vistas entre janeiro e junho, de forma a saber o que esperar dos próximos seis meses. E, se a expectativa em relação ao mercado acionário está longe de ser ótima, ela pode ainda assim animar muita gente.

A opinião geral não mudou muito em relação às previsões do começo do ano. Grande parte dos analistas confirma a expectativa de recuperação da economia brasileira no segundo semestre. Entretanto, como a bolsa já se antecipou bastante em relação à melhora dos indicadores econômicos, o movimento de alta deve ser mais limitado.

Levando isso em consideração, as dez instituições consultadas pela InfoMoney estabelecem preços-alvo do Ibovespa para o final de 2009 entre 55 mil e 66,6 mil pontos. A média das projeções para o preço-alvo do Ibovespa ao final de 2009 fica em 59.197 pontos, um potencial de valorização de 13,5% sobre o preço de fechamento do último pregão, de 52.137 pontos.

Upside limitado
De acordo com a avaliação de Bruno Marinho de Carvalho, analista da Prosper Corretora, a bolsa já se valorizou muito no primeiro semestre, se antecipando à melhora de fato da economia. Na comparação com o preço de fechamento de 2008, de 37.550, o Ibovespa terminou o último pregão com uma alta expressiva de 38,8%. Dessa forma, o upside até o final deste ano é limitado.


O fato, porém, não abre espaço para pessimismo. Segundo Carvalho, mesmo sem espaço para uma grande valorização, a bolsa ainda deve responder à divulgação de dados econômicos positivos. "Ela deve refletir isso, embora nada muito expressivo", ressalta.

Pausa em junho
Apesar do desempenho positivo do mercado acionário brasileiro no primeiro semestre, a performance de junho assustou um pouco os investidores. Até o dia 29, o Ibovespa acumulava queda de 2%. Vale lembrar que foi por volta dessa época no ano passado que a tendência da bolsa paulista mudou radicalmente, entrando logo depois no bear market (mercado em tendência de baixa).

Contudo, os analistas afirmam que não há justificativas para alarme. Há diferenças substanciais entre 2008 e 2009. Os lucros, por exemplo, estavam no pico no ano passado e agora estão na mínima ou próximos dela. O mesmo acontece com as commodities, conforme análise do Citigroup.

"Nós acreditamos que os investidores não devem ficar muito preocupados com o ajuste nas bolsas em junho. Nós não esperamos que esse recuo vire tendência, muito menos que seja o prelúdio de um grande colapso do mercado, como o que começou nessa mesma época no ano passado", argumenta o banco, mantendo o otimismo.

Os analistas do Citi acrescentam ainda que veem esse ajuste como uma pausa. Segundo eles, uma nova alta é esperada para daqui a dois meses, seguindo notícias de recuperação da economia brasileira. "Resumindo, nós vemos isto como uma pausa bem-vinda, que deve ser usada pelos investidores para se posicionarem para a próxima perna desse novo bull market".

Acompanhe as projeções do mercado
Instituição Preço-alvo (pontos) Upside frente ao
fechamento de 29/6/2009
Ativa 61.000 17,0%
Brascan 61.965 18,9%
Citigroup 60.000 15,1%
Credit Suisse 55.000 5,5%
Gradual 55.000 5,5%
Itaú Corretora 66.600 27,7%
Merrill Lynch 57.000 9,3%
Prosper 60.000 - 65.000 19,9%
Socopa 57.900 11,1%
Wintrade 55.000 5,5%
Média 59.197 13,5%




























Drivers de médio prazo

Cabe ressaltar ainda que o Citigroup vê fortes drivers para a bolsa brasileira no médio e longo prazo. O primeiro é o aumento do fluxo doméstico para o mercado acionário, movimento que deve seguir a desaceleração da inflação e a redução da taxa básica de juro para 9,25% ao ano, atingindo um único dígito pela primeira vez desde a década de 1960.

"As propostas do governo para aumentar o limite de aplicação em ações dos fundos de pensão e para tributar algumas poupanças também pode criar um ímpeto novo para movimentação no mercado acionário", explica a instituição.

Análise setorial
Acompanhando as perspectivas gerais para a bolsa, os analistas também ressaltam as expectativas para os setores. No caso do Citigroup, a recomendação de overweight (peso acima da média do mercado) fica com os segmentos financeiro, tecnológico e de materiais básicos.

Já Bruno Carvalho, da Prosper Corretora, aposta nas empresas voltadas para o mercado interno. "Elas devem apresentar desempenho melhor, dada a manutenção de uma atividade ainda boa no Brasil, principalmente no varejo", indica. Além disso, ele também destaca as small caps, como MMX, LLX e MRV Engenharia, que têm apresentado bom desempenho.

Em relação às empresas ligadas a commodities, a alta das cotações dos produtos têm sido favorável. Mas Carvalho ressalva que é necessário ficar de olho no nível dos estoques de minério de ferro e de aço, principalmente na China. A descoberta de uma nova mina de minério de ferro no país pode levar a esforços do governo chinês para diminuir a dependência das importações, afetando empresas brasileiras.

Por fim, o analista da Prosper afirma que os papéis defensivos também podem ter desempenho pior do que os ativos de maior risco. "Assim como na crise eles foram os que menos sofreram, numa recuperação devem ter menos impactos positivos", explica.

Erros e acertos
Otimistas ou pessimistas, os investidores devem lembrar que os analistas não podem prever o futuro. As projeções são baseadas em cenários pressupostos, de forma que são sempre passíveis de erros, especialmente em tempos de incerteza.

No início do segundo semestre de 2008, a revista InfoMoney Ações e Mercados fez um levantamento das projeções de preço-alvo do Ibovespa para o final daquele ano com 50 instituições. Antes da falência do Lehman Brothers, dos planos de ajuda do governo norte-americano, da estatização de Fannie Mae, Freddie Mac e AIG, a média ficou em 80.736 pontos. A menor projeção foi de 72 mil pontos.