terça-feira, 21 de dezembro de 2010

2011 vai começar hostil às ações do setor de carne, alerta HSBC

Ainda não é hora de apostar no setor proteínas no Brasil, que terá
desafios adicionais no começo de 2011, diz banco de investimentos

Produtores de proteína brasileiros terão pressão adicional de custos
em 2011, projeta HSBC

São Paulo - Quando o tema é apostar em ações de produtoras de proteína
brasileiras, a palavra de ordem do investidor deve ser cautela,
recomenda o HSBC. Ao menos no curto prazo, o setor de carnes e
frigoríficos enfrentará dificuldades adicionais com altos custos e
condições desafiadoras, projeta o banco de investimentos em estudo
trimestral sobre o setor divulgado nesta segunda-feira (20).

Tanto no quarto trimestre quanto nos primeiros três meses de 2011, o
cenário para as empresas deve permanecer desafiador, com pressões
extras pelo encarecimento das matérias-primas e conseqüente aperto nas
margens das empresas. "Recomendamos aos investidores que adotem uma
abordagem de 'esperar para ver' por enquanto", dizem os analistas
Pedro Herrera e Diego Maia.

A recomendação vale para os papéis da BR Foods (BRFS3), JBS(JBSS3),
Marfrig (MRFG3) e  Minerva (BEEF3). Entre os principais impactos no
planos das companhias está a alta nos preços de commodities de grãos –
cuja oferta mundial sofre com a baixa produtividade da safra americana
e o risco La Niña na América Latina - e a volatilidade do real, que
abate o valor das exportações de carne nacional.

"Acreditamos que os investidores devem se posicionar em empresas com
poder de colocação de preços, forte presença no robusto mercado
doméstico brasileiro e em produtos processados e parâmetros sólidos de
alavancagem", avaliam os analistas.

Confira as recomendações do HSBC para o setor de frigoríficos e
produtores de proteína nacionais:

Brasil Foods (BRFS3) – É a aposta preferida do HSBC no cenário atual.
"A companhia combina forte poder de colocação de preços, maior
exposição ao mercado doméstico brasileiro e índices de alavancagem
confortáveis".  O maior risco apontados para o equilíbrio contábil da
empresa envolve possíveis atrasos na aprovação da fusão das companhias
pelo CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), esperada para
o primeiro semestre de 20011. A recomendação para o papel é overweight
(alocação acima da média de mercado) e o preço alvo para dezembro de
2011 é 32 reais.

JBS (JBSS3) – O desempenho recente abaixo da média do mercado afetou a
avaliação do papel, que ganhou viés cauteloso. Por outro lado, entre
os pontos positivos, o HSBC citou as aquisições da Bertin no Brasil e
Pilgrim's Pride nos Estados. "A empresa espera sinergias totais de 485
milhões de reais e aproximadamente US$220 milhões, respectivamente,
nos próximos anos", dizem os analistas.  A recomendação para o papel é
de é overweight (acima da média de mercado) e o  preço alvo para
dezembro de 2011 é de 12,50 reais.

Marfrig (MRFG3) -  O frigorífico Marfrig também caminha entre
incertezas. Um ponto negativo é o aumento das despesas de juros após a
emissão de 2,5 bilhões de reais em debêntures para financiar a
aquisição da Keystone. No entanto, é justo a companhia americana o
maior catalisador para os papéis, ao adicionar aproximadamente 66% à
receita líquida de 2011 e cerca de 35% à estimativas de EBITDA. A
companhia deve permanecer na linha de frente no setor de aves, também
projeta o HSBC.  A recomendação para o papel é de overweight (acima da
média de mercado) e o  preço alvo para dezembro de 2011 é de 21 reais.

Minerva (BEEF3) -  Ainda que esteja se recuperando de seu ciclo de
conversão de caixa e que tenha aumentado sua capacidade de operação, a
Minerva é a aposta mais arriscada do setor neste momento. "A Minerva
continua atrás de seus pares em termos de diversificação de proteínas,
crescimento internacional e parâmetros de alavancagem", avaliam os
analistas. Como vantagem, a companhia apresenta pressões limitadas dos
preços de grãos ao produzir basicamente carne bovina. A recomendação
para os papéis é neutra e o preço alvo para dezembro de 2011 é 7,80
reais.