Por: Catarina Pedrosa
Uma questão que sempre assombra investidores é o anúncio de fusões e aquisições pelas empresas. A primeira pergunta que vem a mente é: será que estão pagando caro ou barato e onde é melhor estar posicionado. A avaliação não é simples. Temos que levar em conta vários fatores, entre eles, e talvez o mais importante, os ganhos que tal fusão ou aquisição trará para o investimento original.
O postulado diz para investir em ações do vendedor e vender ações do comprador. Mas nem sempre este é o melhor movimento. Com alguns poucos dados é possível se fazer contas básicas sobre o valor do negócio. O primeiro deles é uma rápida comparação com outras aquisições. Ou seja, qual o preço pago por medida de produção comparada com outras aquisições efetuadas anteriormente.
Mas essa comparação não reflete a realidade da época em que a transação foi feita. Uma venda a US$ 100 por tonelada hoje pode ser barata, sendo que no ano anterior foi considerada cara.
Um exemplo concreto: a oferta da Vale do Rio Doce pela Xstrata. Recordando o passado, a Xstrata disputou e ganhou a aquisição da Falconbridge (Noranda) em 2004. O preço de US$ 5,5 bilhões, na época, foi, em geral, avaliado caro por analistas. Hoje a Vale tenta comprar a Xstrata por US$ 80 bilhões e os analistas avaliam como um excelente negócio. É necessário dizer que o preço do cobre subiu 118%.
Ainda olhando para a Vale, é importante lembrar que quando ela anunciou a intenção de comprar a Inco o preço de suas ações caíram mais de 10%. Com o negócio se mostrando bom, e o preço do níquel praticamente dobrando no primeiro momento, o preço das ações recuperaram e subiram 120% em um ano.
A recente aquisição da JBS de dois frigoríficos nos Estados Unidos e um na Austrália é um bom exemplo de aquisição que aparentemente agrega valor ao acionista. O preço médio pago pelas três empresas é de US$ 260 por cabeça de gado, o que se compara às ações da JBS que negociam a US$ 288 por cabeça de gado. Com isso, há uma valorização de imediato de suas ações, que tiveram recentemente performance muito melhor do que o Ibovespa. Subiram 7,5% enquanto que o Ibovespa apresentou recuo de 0,8% no período.
As informações no anúncio da aquisição são normalmente escassas. Normalmente não temos todos os dados. Em especial não temos muita informação sobre os ganhos de sinergia que as fusões podem trazer. Mas alguma avaliação tem que ser feita. Por isso a importância de se ter um bom entendimento sobre o funcionamento do setor, procurando identificar os ganhos e perdas por conseqüência da compra, além de procurar os melhores parâmetros para comparação e avaliação do preço pago.
Catarina Pedrosa é chefe do departamento de análise para a América Latina do Grupo Banif e escreve mensalmente na InfoMoney, às segundas-feiras.
catarina.pedrosa@infomoney.com.br
Uma questão que sempre assombra investidores é o anúncio de fusões e aquisições pelas empresas. A primeira pergunta que vem a mente é: será que estão pagando caro ou barato e onde é melhor estar posicionado. A avaliação não é simples. Temos que levar em conta vários fatores, entre eles, e talvez o mais importante, os ganhos que tal fusão ou aquisição trará para o investimento original.
O postulado diz para investir em ações do vendedor e vender ações do comprador. Mas nem sempre este é o melhor movimento. Com alguns poucos dados é possível se fazer contas básicas sobre o valor do negócio. O primeiro deles é uma rápida comparação com outras aquisições. Ou seja, qual o preço pago por medida de produção comparada com outras aquisições efetuadas anteriormente.
Mas essa comparação não reflete a realidade da época em que a transação foi feita. Uma venda a US$ 100 por tonelada hoje pode ser barata, sendo que no ano anterior foi considerada cara.
Um exemplo concreto: a oferta da Vale do Rio Doce pela Xstrata. Recordando o passado, a Xstrata disputou e ganhou a aquisição da Falconbridge (Noranda) em 2004. O preço de US$ 5,5 bilhões, na época, foi, em geral, avaliado caro por analistas. Hoje a Vale tenta comprar a Xstrata por US$ 80 bilhões e os analistas avaliam como um excelente negócio. É necessário dizer que o preço do cobre subiu 118%.
Ainda olhando para a Vale, é importante lembrar que quando ela anunciou a intenção de comprar a Inco o preço de suas ações caíram mais de 10%. Com o negócio se mostrando bom, e o preço do níquel praticamente dobrando no primeiro momento, o preço das ações recuperaram e subiram 120% em um ano.
A recente aquisição da JBS de dois frigoríficos nos Estados Unidos e um na Austrália é um bom exemplo de aquisição que aparentemente agrega valor ao acionista. O preço médio pago pelas três empresas é de US$ 260 por cabeça de gado, o que se compara às ações da JBS que negociam a US$ 288 por cabeça de gado. Com isso, há uma valorização de imediato de suas ações, que tiveram recentemente performance muito melhor do que o Ibovespa. Subiram 7,5% enquanto que o Ibovespa apresentou recuo de 0,8% no período.
As informações no anúncio da aquisição são normalmente escassas. Normalmente não temos todos os dados. Em especial não temos muita informação sobre os ganhos de sinergia que as fusões podem trazer. Mas alguma avaliação tem que ser feita. Por isso a importância de se ter um bom entendimento sobre o funcionamento do setor, procurando identificar os ganhos e perdas por conseqüência da compra, além de procurar os melhores parâmetros para comparação e avaliação do preço pago.
Catarina Pedrosa é chefe do departamento de análise para a América Latina do Grupo Banif e escreve mensalmente na InfoMoney, às segundas-feiras.
catarina.pedrosa@infomoney.com.br