O Bradesco anunciou na quinta-feira (6) que fechou a compra da Corretora Ágora por R$ 830 milhões.Com a aquisição, o banco vai assumir a liderança nas negociações de home broker, além do segundo lugar em volume negociado na Bovespa, segundo dados referentes a janeiro e fevereiro deste ano.
Bradesco saiu na frente
A corretora SLW divulgou avaliação positiva sobre o negócio, "uma vez que acabou saindo por um preço abaixo do especulado inicialmente, de R$ 1,2 bilhão", argumenta. A compra reforça o Bradesco num mercado que vai ganhar grande competitividade nos próximos anos, acredita a SLW.
Para Henrique Navarro, analista de instituições financeiras do Santander, a aquisição abre caminho para a consolidação no setor. "As corretoras estavam esperando a abertura de capital das bolsas para começar este movimento", argumenta.
Com as bolsas trabalhando em busca de lucro, ao contrário do que era antes, as taxas cobradas às corretoras tenderiam a ficar mais caras. Assim, apenas players com mais capacidade podem enfrentar a grande competitividade e o aumento de custos. Navarro estima que o número de corretoras, hoje em 80, se reduzirá à metade no médio prazo.
A consolidação deve proporcionar, numa segunda etapa, IPOs (Initial Public Offering) das corretoras. "Consigo imaginar um cenário de várias pequenas se unindo em pools ou em holdings para então abrir capital", prevê Navarro. O analista explica que este seria o caso já que o mercado não se interessaria por operações que envolvessem menos de R$ 500 milhões.
Recomendação dos papéis
A equipe de análise do UBS Pactual também acredita no fortalecimento do mercado de corretagem. O Bradesco se beneficia, particularmente, pois comprou a corretora por um preço "razoável" em relação ao lucro que o negócio pode gerar.
Porém, o UBS não vê um acréscimo direto para as ações do Bradesco, já que parte do pagamento foi feito com papéis do BBI por valores abaixo das suas oportunidades de crescimento. Além disso, avalia que o desempenho do setor bancário está muito condicionado ao risco-país e, em tempos de turbulências no cenário mundial, confere recomendação neutra para o papel preferencial do Bradesco, com preço-alvo de R$ 57.
Já Navarro, do Santander, diz que o negócio foi positivo, mas lembra "a notícia já estava no mercado e isso já foi precificado pelas ações".
Em contrapartida, a SLW acredita que o negócio deve beneficiar o desempenho das ações. O Banif engrossa o otimismo e reitera sua recomendação de compra para o Bradesco e, ao contrário das demais análises, vê a aquisição como neutra para o desempenho do banco, já que "o anúncio é coerente com a estratégia do banco de tornar-se líder em todos os segmentos bancários".