sexta-feira, 14 de março de 2008

Merrill Lynch compara crise atual com outros episódios de recessão nos EUA

Fazendo uma comparação com a bolha imobiliária dos anos 1990 nos Estados Unidos, o banco de investimentos Merrill Lynch acredita que o colapso atual é muito mais amplo e atinge outros tipos de produtos e bens além dos hipotecários. A turbulência atual encontra mais paralelos com a recessão que assolou o país entre 1973 e 1975, afirma o banco.

Em 1992, os preços de residências chegaram ao nível mais baixo da crise e o estoque de casas existentes levaria sete meses para ser vendido. Hoje, este estoque demoraria dez meses para suprir a baixa demanda e "não existe sinal de melhoria em vista", afirma o relatório.

Preços podem cair até 30%
O banco exemplifica a dimensão da atual crise dizendo que o número de casas e apartamentos à venda supera em um milhão de unidades os níveis normais. Dessa forma, com o excesso de oferta, a Merril prevê um grave processo deflacionário no mercado imobiliário até o final de 2009. O banco projetava declínio nos preços de residências de 11% mas agora alterou a estimativa de queda para uma faixa entre 20% a 30%.

Como conseqüência do endividamento com suas casas, os norte-americanos tendem a gastar menos. A Merril traça um paralelo histórico no qual compara a turbulência macroeconômica atual com a recessão de meados da década de 1970, quando os preços de alimentação e energia saltaram e os gastos com consumo ficaram menores, ao mesmo tempo em que se observou uma desvalorização nos setores imobiliário e financeiro.

Consumo em queda
O ciclo de consumo não apresentou nenhuma retração desde 1991, época do colapso imobiliário anterior. Atualmente, os gastos de consumidores estão ligeiramente abaixo da média histórica, mas, se de fato a turbulência recente se assemelha àquela dos anos 1970, o consumo pode cair ainda cerca de 10%, avalia o banco.

Recessão se aproxima
Por fim, considerando que a única vez em que os mercados acionário e imobiliário sofreram depreciação maior que 15% simultaneamente foi em 1974, o banco de investimentos acredita que a situação de crise nas bolsas e no sistema de crédito deve ainda se prolongar por pelo menos dois trimestres, tempo de duração da primeira crise.

Somando-se a isso o fato de que as condições de trabalho estão se deteriorando, a probabilidade dos Estados Unidos entrar em recessão se torna muito maior, já que nos últimos três meses 141 mil vagas foram cortadas, número que no passado sinalizou forte contração da economia.