Por: Márcio Santos
"Nunca na história desse país..." Esse bordão, tantas vezes repetido no Brasil, nos faz ter a sensação de que as coisas vão melhorar eternamente e que nosso mercado de ações está imune a qualquer crise que nossa otimista consciência pode imaginar.
A gente acredita em Papai Noel até quando aquela tia sem coração nos conta que ele não existe. Dependendo do momento em que isso ocorre, pode doer muito...Fazer-nos chorar...Sofrer...
No mercado de ações, temos que estar preparados para ciclos econômicos, crises e quaisquer outras adversidades que possam nos pegar de calças-curtas.
A crise americana pode sim ser a primeira pedra do dominó deste ciclo econômico em que o Brasil aproveitou tão pouco. Tivemos um crescimento cíclico impulsionado pelo crescimento global, mas o tal do crescimento sustentado onde o governo deveria comparecer tomou chá de sumiço, foi procurar o que Maria perdeu atrás da horta...(Nunca entendi o porquê que minha avó dizia "atrás da horta").
"Por que arriscar ganhos acumulados apostando que o Brasil está vacinado contra tudo?"
Mesmo que o Tio Sam consiga reverter o pavor de uma recessão, o Brasil já está encontrando um gargalo de crescimento, e podem ter certeza que faltará estradas, portos, aeroportos, ferrovias e pasmem energia elétrica. Não surpreendi ninguém, né? Por esse motivo, as ações podem estar já nos seus topos, precificadas, valendo cada tostão que apresentam em sua cotação, pois os preços movem-se em tendência, de acordo com a expectativa média dos participantes do mercado.
Ou seja, se as coisas vão melhorar cada vez mais, pagamos agora o preço pedido pelas ações da empresa "x", pois o valor dessa empresa tende a ser cada vez maior, empurrando os preços para cima e, certamente, vamos vendê-las obtendo lucro no futuro. Quando todos pensam da mesma forma, o mercado move-se em alta, aponta para cima...Sobe.
Mesmo com todas essas notícias, ainda não vi essa quebra de expectativa otimista aqui pelas bandas da Bovespa.
A turminha de gestores forjados na alta não teme os fundamentos ainda frágeis da nossa economia, pois os indicadores continuam melhor que formidáveis. O presidente disse ao Ministro Mantega ao anunciar números crescentes do PIB essa semana: "comemorem com moderação", pode isso??? Comemorar com moderação...Parece anúncio de manguaça. Os ministros deveriam se entusiasmar, mas não pular carnaval com quatro anos de crescimento consecutivos. Um número de pouco mais de 3% em média...Muito pouco perto do que o país precisava ou poderia ter crescido.
Como já assisti alguns ciclos econômicos onde a expectativa média era de que as coisas iriam piorar cada vez mais, ao invés de acender vela e rezar pra São Judas Tadeu, fico fora do mercado até que as coisas comecem a clarear um pouquinho mais. Prudência e caldo de galinha não fazem mal a ninguém. Por que arriscar ganhos acumulados apostando que o Brasil está vacinado contra tudo?
Lembre-se da máxima do mercado: - "O mercado sobe de escadinha e desce de elevador", ou seja, as quedas são muito mais rápidas e fortes do que as altas.
Não vire refém de sua própria carteira, você tem todo o tempo do mundo para esperar por precinhos camaradas. Basta ter paciência, observar e tentar entender onde você esta se metendo.
Depois, se você for pego pela "realização de lucros" e ficar paralisado, estarrecido, com o estômago grudado nas costas e rezando para que o tempo se encarregue de curar sua teimosia, não reclame, afinal somos brasileiros e não desistimos nunca.
Márcio Santos é diretor da corretora Gradual e escreve mensalmente na InfoMoney, às sextas-feiras.
marcio.santos@infomoney.com.br
"Nunca na história desse país..." Esse bordão, tantas vezes repetido no Brasil, nos faz ter a sensação de que as coisas vão melhorar eternamente e que nosso mercado de ações está imune a qualquer crise que nossa otimista consciência pode imaginar.
A gente acredita em Papai Noel até quando aquela tia sem coração nos conta que ele não existe. Dependendo do momento em que isso ocorre, pode doer muito...Fazer-nos chorar...Sofrer...
No mercado de ações, temos que estar preparados para ciclos econômicos, crises e quaisquer outras adversidades que possam nos pegar de calças-curtas.
A crise americana pode sim ser a primeira pedra do dominó deste ciclo econômico em que o Brasil aproveitou tão pouco. Tivemos um crescimento cíclico impulsionado pelo crescimento global, mas o tal do crescimento sustentado onde o governo deveria comparecer tomou chá de sumiço, foi procurar o que Maria perdeu atrás da horta...(Nunca entendi o porquê que minha avó dizia "atrás da horta").
"Por que arriscar ganhos acumulados apostando que o Brasil está vacinado contra tudo?"
Mesmo que o Tio Sam consiga reverter o pavor de uma recessão, o Brasil já está encontrando um gargalo de crescimento, e podem ter certeza que faltará estradas, portos, aeroportos, ferrovias e pasmem energia elétrica. Não surpreendi ninguém, né? Por esse motivo, as ações podem estar já nos seus topos, precificadas, valendo cada tostão que apresentam em sua cotação, pois os preços movem-se em tendência, de acordo com a expectativa média dos participantes do mercado.
Ou seja, se as coisas vão melhorar cada vez mais, pagamos agora o preço pedido pelas ações da empresa "x", pois o valor dessa empresa tende a ser cada vez maior, empurrando os preços para cima e, certamente, vamos vendê-las obtendo lucro no futuro. Quando todos pensam da mesma forma, o mercado move-se em alta, aponta para cima...Sobe.
Mesmo com todas essas notícias, ainda não vi essa quebra de expectativa otimista aqui pelas bandas da Bovespa.
A turminha de gestores forjados na alta não teme os fundamentos ainda frágeis da nossa economia, pois os indicadores continuam melhor que formidáveis. O presidente disse ao Ministro Mantega ao anunciar números crescentes do PIB essa semana: "comemorem com moderação", pode isso??? Comemorar com moderação...Parece anúncio de manguaça. Os ministros deveriam se entusiasmar, mas não pular carnaval com quatro anos de crescimento consecutivos. Um número de pouco mais de 3% em média...Muito pouco perto do que o país precisava ou poderia ter crescido.
Como já assisti alguns ciclos econômicos onde a expectativa média era de que as coisas iriam piorar cada vez mais, ao invés de acender vela e rezar pra São Judas Tadeu, fico fora do mercado até que as coisas comecem a clarear um pouquinho mais. Prudência e caldo de galinha não fazem mal a ninguém. Por que arriscar ganhos acumulados apostando que o Brasil está vacinado contra tudo?
Lembre-se da máxima do mercado: - "O mercado sobe de escadinha e desce de elevador", ou seja, as quedas são muito mais rápidas e fortes do que as altas.
Não vire refém de sua própria carteira, você tem todo o tempo do mundo para esperar por precinhos camaradas. Basta ter paciência, observar e tentar entender onde você esta se metendo.
Depois, se você for pego pela "realização de lucros" e ficar paralisado, estarrecido, com o estômago grudado nas costas e rezando para que o tempo se encarregue de curar sua teimosia, não reclame, afinal somos brasileiros e não desistimos nunca.
Márcio Santos é diretor da corretora Gradual e escreve mensalmente na InfoMoney, às sextas-feiras.
marcio.santos@infomoney.com.br