sexta-feira, 21 de março de 2008

Crise do subprime faz bear market triunfar sobre bolsas dos EUA?

Por: Rodolfo Cirne Amstalden

Dados alguns meses de crise do subprime, investidores internacionais buscam conclusões sobre o comportamento da renda variável norte-americana. Ponderando dezenas de altas e baixas entre o fim de 2007 e o início de 2008, é possível afirmar que o bear market (mercado de baixa) tomou conta de Wall Street?

Desde julho do ano passado, o índice Dow Jones caiu cerca de 10%. O S&P 500 acumula baixa de 11,5%. E o Nasdaq é o mais penalizado, com queda de 13%. Ninguém pode estar contente com a performance negativa, é claro. Mas as variações não soam tão assustadoras a ponto de caracterizar o triunfo dos bears.

Um pequeno urso
Não existem definições técnicas precisas para identificar um bear market, ainda mais em meio às turbulências. Contudo, algumas simples comparações com episódios frustrantes em Wall Street podem ajudar como referência.

Tomando como base o pico do Nasdaq em outubro último, próximo dos 2.900 pontos, a perda até agora é de quase 25%. Percentual ínfimo ao lado do pânico gerado pela bolha tecnológica do início do século. Entre 2000 e 2002, o índice passou de cerca de 5 mil pontos para 1 mil, despencando 80%.

Se a bolha das pontocom parece um exemplo muito radical, uma média dos últimos bear markets norte-americanos aponta queda de 37%. A não ser que a crise se agrave, o panorama atual ainda deve muito ao histórico negativo das bolsas dos EUA.

É o bastante?
Tal constatação leva a dois cenários possíveis. No primeiro, ainda existe um longo caminho de prejuízos a ser percorrido. No segundo, Wall Street passou a responder melhor às crises, evitando períodos extensos de deterioração dos ativos.

Todo bear market acaba; só não se sabe quando. Algumas tendências de baixa recentes foram significativamente mais curtas que suas antepassadas. Nesse sentido, talvez as quedas de 10% ou 25% sejam suficientes para marcar um ponto de inflexão, a partir do qual os bulls voltem a imperar. Em outros sentidos, talvez o mercado ainda esteja hibernando.