terça-feira, 11 de março de 2008

Processo de consolidação no setor imobiliário pode começar neste ano

Por: Conrado Mazzoni Cruz

Iminente ou realidade? A resposta sobre a questão de qual estágio se encontra o processo de consolidação da indústria imobiliária ganhou novos ingredientes. "Company e Helbor estudam uma fusão." "Fatia minoritária da Tecnisa estaria na mira de investidores estrangeiros." Especulações que apimentaram o debate.

E ajudaram a detectar uma mudança no perfil do setor. Depois da enxurrada de IPOs (Initial Public Offering) de incorporadoras, que marcou o ano passado, o menor apetite por ativos deste segmento no mercado se agravou com a crise financeira originada no mercado de crédito dos EUA, limitando as opções de capitalização.

Aproximadamente 30% das 64 operações de aberturas de capital realizadas em 2007 teve uma empresa do ramo imobiliário como protagonista. Encerrada a oportunidade de ingresso na bolsa para captar recursos, agora deve ganhar ênfase a tática das incorporações, fusões e aquisições das empresas, principalmente as médias e pequenas.

Pequenas e médias
"Uma alternativa das empresas será a capitalização através de associações, seja por meio de joint ventures pontuais, ou efetivamente a saída do mercado através de venda para grandes incorporadoras", opina Elvis Camargo Silva de Brong Mattar, sócio do escritório Navarro Advogados. Essa pode ser a solução para sobreviver no mercado.

"As empresas médias estão buscando um processo de aquisição como forma de crescimento. Existem empresas no mercado de capitais que entraram, mas são pequenas, e precisam de mais recursos para competir com as grandes", explica Maurício Almeida Prado, sócio do escritório L.O.Baptista Advogados.

Company-Helbor
Veja, por exemplo, o rumor sobre Company e Helbor. Segundo análise do Banif, que acredita ser iminente o momento de concentração setorial, os papéis da primeira iniciaram o mês de março com valor de mercado de R$ 1,072 bilhão, e as ações da Helbor com R$ 589 milhões. Juntas a cifra subiria para R$ 1,7 bilhão.

As empresas, parceiras em alguns projetos, negaram ter qualquer negociação fechada. "A Helbor compreende que no mercado imobiliário brasileiro há margem para a associação de empresas listadas em bolsa como forma de aumentar a liquidez das companhias, mas neste momento não tem qualquer acordo fechado com outra empresa do setor", informa, em nota, a assessoria de imprensa da incorporadora.

Momento oportuno
"As conversas já estão em curso. Regularmente devemos ter anúncio de operações como estas em 2008. Uma das opções predominantes no início será a de incorporadoras pequenas se juntando com outras pequenas", decreta François Legleye, diretor vice-presidente do Corporate Finance do BNP Paribas.

Os especialistas consideram o processo de fusões e aquisições como um catalisador importante para o desempenho acionário do setor em 2008, que ainda é fragmentado e possui muitas empresas na bolsa. A ausência de IPOs tende a colaborar para o início já neste ano.

"É importante lembrar que como pararam as ofertas iniciais de ações, os bancos de investimento também colocaram todo o foco deles em fusões e aquisições", acrescenta Almeida Prado, que cita também o fluxo de aportes externos diretos ao Brasil.