terça-feira, 25 de março de 2008

Quando volatilidade é costume, há sempre mais com que se surpreender

Por: Rodolfo Cirne Amstalden

Quem vem acompanhando o mercado durante os últimos meses já compreendeu que a volatilidade impera; não é tão difícil perceber. Mas mesmo com essa impressão arraigada, os últimos pregões assustaram. O Ibovespa caiu 3,19% na segunda, subiu 3,20% na terça, despencou 5,01% na quarta.

O Professor Alcides Leite, da Trevisan Escola de Negócios, pede calma: "não é um problema das nossas empresas; é um problema dos investidores de fora". Pelo capital externo e suas preferências mutantes, o que merecia compra antes, agora é venda.

"Vimos as commodities explicando grande parte do comportamento da bolsa brasileira", avalia Alexandre Horstmann, diretor de Gestão da Meta Asset Management. No caso, a queda dos preços do petróleo e dos metais trouxe má influência à renda variável doméstica.

Pudera. "O Ibovespa é muito concentrado em Petro e Vale, quase um terço do índice", lembra Alcides. As blue chips estão à mercê das commodities, e a bolsa local está à mercê das blue chips.

Nos EUA não é melhor
Nos EUA a lógica é outra, nem por isso melhor. Vide o cuidado especial com cada agenda semanal de indicadores econômicos. A próxima apresenta a confiança do consumidor, "um dos dados mais importantes para enxergarmos o que vem à frente", considera Alexandre Horstmann.

Já olhar para trás é analisar os números finais do Produto Interno Bruto do quarto trimestre de 2007. Segundo o diretor da Meta, "esse PIB deve vir em linha com as últimas publicações (+0,6%); porém, se surpreender, é pra pior".

Por último, cabe uma menção ao núcleo do PCE, medida de preços acompanhada pelo Fed. "A inflação ainda preocupa", alerta Alcides Leite, "mas eles vão ter que conviver com isso, sobretudo diante da desvalorização do dólar".

Os preços no Brasil
Já a agenda brasileira tem como primeiro plano a inflação. "O grande debate por aqui é se o Copom vai ou não vai subir o juro", explica Alexandre. Nesse sentido, vale acompanhar o IPCA-15 na quarta-feira (26) e o IGP-M de março, na sexta.

Questão de costume
Ainda são peculiares altas ou baixas de 3%, 4% ou 5%, como as ocorridas durante as sessões passadas. Porém, elas estão perdendo o título de "inesperadas", graças ao cotidiano de sustos imposto pelo subprime. "A semana que vem tende a seguir a mesma toada dessa que passou", opina o Professor da Trevisan. Preocupante? Mesmo rotinas perturbadoras permitem conformismo.