Por: Arleu Anhalt
Maus exemplos corporativos, como os escândalos que envolveram a Enron e a WorldCom, produziram reviravoltas nas práticas de governança das empresas e detonaram grandes mudanças no arcabouço legal para conter a onda de fraudes que se anunciava. Em 2002, eles culminaram com a edição da lei Sarbanes-Oxley, um marco no combate a fraudes contábeis e símbolo da obsessão por transparência que se seguiu não apenas nos Estados Unidos como no resto do mundo - e no Brasil.
Já o movimento silencioso que se processa na vida das empresas movido por bons exemplos promete uma revolução de magnitude comparável, embora à primeira vista o seu peso no destino do mundo corporativo possa passar quase despercebido.
Empresas que nos últimos anos tomaram a decisão de abrir o capital para financiar a expansão e inseriram o mercado de capitais em suas estratégias tendem a ampliar o seu campo de influência como padrões de excelência. São hoje referências para as demais serem avaliadas e medidas.
No caso dos maus exemplos, a imprensa se encarrega de concentrar o foco, mergulhar na cobertura das manobras e acompanhar as conseqüências, que no caso da Enron já se materializaram na condenação de boa parte dos responsáveis. Mas identificar os bons exemplos nem sempre é fácil. Muito menos monitorar a sua influência no mundo corporativo. Notoriamente, no entanto, sua importância cresce, em particular, nos momentos de maior volatilidade do mercado.
A valorização das ações em Bolsa tem funcionado como um natural sinalizador de casos de sucesso. Empresas consistentemente comprometidas com a saúde de seus negócios têm obtido boa resposta dos investidores, em particular nas análises de períodos mais longos. As cotações das ações raramente refletem com perfeição a lucratividade e as perspectivas das empresas. O mercado se move por percepções nem sempre corretas sobre a realidade. Este, aliás, é o grande desafio das áreas de relações com investidores das companhias abertas: alinhar as percepções ao justo valor das ações.
Tal desafio tem sido particularmente crucial nestes meses que sucederam a crise dos mercados internacionais desencadeada pela inadimplência nas hipotecas do mercado imobiliário norte-americano. Investidores tornam-se crescentemente seletivos e avessos a riscos. Condição essencial para as companhias abertas enfrentarem esses tempos é a consistência entre discurso e realidade, o valor essencial reconhecido pelo mercado.
Destacam-se nas análises que orientam investidores a avaliação de fatores como gestão de riscos e das práticas de governança corporativa. A qualidade da comunicação com o mercado e do trabalho de relações com investidores torna-se ainda mais decisiva na valorização das ações. E nesse processo os bons exemplos corporativos tendem em intensidade crescente a distinguir-se dos maus.
Arleu Anhalt é presidente da FIRB, ex-presidente executivo e atual membro do conselho de administração do IBRI e escreve bimestralmente na InfoMoney, às quintas-feiras.
arleu.anhalt@infomoney.com.br
Maus exemplos corporativos, como os escândalos que envolveram a Enron e a WorldCom, produziram reviravoltas nas práticas de governança das empresas e detonaram grandes mudanças no arcabouço legal para conter a onda de fraudes que se anunciava. Em 2002, eles culminaram com a edição da lei Sarbanes-Oxley, um marco no combate a fraudes contábeis e símbolo da obsessão por transparência que se seguiu não apenas nos Estados Unidos como no resto do mundo - e no Brasil.
Já o movimento silencioso que se processa na vida das empresas movido por bons exemplos promete uma revolução de magnitude comparável, embora à primeira vista o seu peso no destino do mundo corporativo possa passar quase despercebido.
Empresas que nos últimos anos tomaram a decisão de abrir o capital para financiar a expansão e inseriram o mercado de capitais em suas estratégias tendem a ampliar o seu campo de influência como padrões de excelência. São hoje referências para as demais serem avaliadas e medidas.
No caso dos maus exemplos, a imprensa se encarrega de concentrar o foco, mergulhar na cobertura das manobras e acompanhar as conseqüências, que no caso da Enron já se materializaram na condenação de boa parte dos responsáveis. Mas identificar os bons exemplos nem sempre é fácil. Muito menos monitorar a sua influência no mundo corporativo. Notoriamente, no entanto, sua importância cresce, em particular, nos momentos de maior volatilidade do mercado.
A valorização das ações em Bolsa tem funcionado como um natural sinalizador de casos de sucesso. Empresas consistentemente comprometidas com a saúde de seus negócios têm obtido boa resposta dos investidores, em particular nas análises de períodos mais longos. As cotações das ações raramente refletem com perfeição a lucratividade e as perspectivas das empresas. O mercado se move por percepções nem sempre corretas sobre a realidade. Este, aliás, é o grande desafio das áreas de relações com investidores das companhias abertas: alinhar as percepções ao justo valor das ações.
Tal desafio tem sido particularmente crucial nestes meses que sucederam a crise dos mercados internacionais desencadeada pela inadimplência nas hipotecas do mercado imobiliário norte-americano. Investidores tornam-se crescentemente seletivos e avessos a riscos. Condição essencial para as companhias abertas enfrentarem esses tempos é a consistência entre discurso e realidade, o valor essencial reconhecido pelo mercado.
Destacam-se nas análises que orientam investidores a avaliação de fatores como gestão de riscos e das práticas de governança corporativa. A qualidade da comunicação com o mercado e do trabalho de relações com investidores torna-se ainda mais decisiva na valorização das ações. E nesse processo os bons exemplos corporativos tendem em intensidade crescente a distinguir-se dos maus.
Arleu Anhalt é presidente da FIRB, ex-presidente executivo e atual membro do conselho de administração do IBRI e escreve bimestralmente na InfoMoney, às quintas-feiras.
arleu.anhalt@infomoney.com.br