quarta-feira, 9 de abril de 2008

Greenspan diz não se arrepender de sua gestão no Fed

O ex-presidente do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) Alan Greenspan continuou hoje defendendo seu mandato na instituição, ao dizer que não tem "arrependimentos" com a política conduzida pelo Fed durante sua gestão. Greenspan acrescentou que havia pouco que o BC americano ou os reguladores pudessem fazer à época para evitar a crise imobiliária.
"Eu respondi a muitas questões desta natureza e digo que não me arrependo de qualquer política que iniciamos, pois acredito que elas foram adotadas profissionalmente", disse o ex-presidente do Fed em entrevista à rede americana de notícias econômicas CNBC.

Nos últimos meses, Greenspan está sob fogo cruzado por ter permitido que a bolha imobiliária florescesse durante seu primeiro mandato à frente do Fed, devido a uma combinação de juros excessivamente baixos e regulação não intervencionista nas instituições financeiras.

À CNBC, Greenspan afirmou que o Fed não poderia impedir a crise imobiliária e a conseqüente deterioração do mercado de crédito. Ele culpou "práticas de empréstimo egrégias" no mercado de hipotecas de segunda linha (subprime) pela crise. Os problemas reais começaram a emergir quando as hipotecas subprime foram securitizadas e vendidas a investidores que buscavam rendimentos mais e mais altos, sem muita preocupação com os riscos, disse o ex-presidente do Fed.

Greenspan também declarou que a bolha imobiliária teria estourado mesmo sem empréstimos exóticos como as hipotecas com taxas ajustáveis. A correlação entre preços imobiliários e taxas de hipotecas ajustáveis é "muito fraca", observou. Segundo ele, dados sugerem que mesmo que as hipotecas ajustáveis não existissem, as compras de imóveis no auge do boom imobiliário teriam ocorrido do mesmo modo, mas financiadas por taxas hipotecárias de longo prazo e levemente mais altas.

Recessão

O setor não financeiro da economia americana continua em "forma extraordinariamente boa", na avaliação de Greenspan. Ele reconhece, porém, que as receitas das corporações estão escolhendo, uma vez que a demanda está sob pressão. "Estamos sentindo as dores de uma recessão", afirmou. Em relação ao setor financeiro, "é bastante óbvio que, pela primeira vez em minha memória, temos tanto o setor bancário quanto os mercados de ativos em problemas".

Os mercados agora demandam crescentes quantias de capital para todas as instituições financeiras - bancos, hedge funds e bancos de investimento, disse Greenspan. "Acredito que quando sairmos disso os mercados exigirão fatias de capitais maiores e alavancagem menor das instituições financeiras". As exigências regulatórias sobre capital provavelmente também passarão por revisão significativa, conclui. As informações são da Dow Jones.