Volatilidade recorde na Bovespa
Índice registrou 36,33% e se encontra no maior patamar desde o ano de 2000
Nem só de tendência de alta ou de baixa vive o mercado. A palavra volatilidade, nos últimos meses passou a ser a mais proferida pelos investidores e a perspectiva é de que os altos e baixos continuem a fazer parte do dia a dia da bolsa devido ao quadro de incertezas relativas à economia americana. Já no mês passado, os altos e baixos e a aversão ao risco foram intensas. "Quase todos os mercados do mundo e a grande parte dos ativos sofreram oscilações bruscas intra e entre pregões, deixando os investidores de curto prazo sem rumo", destaca o relatório do Banco Real para o mês de abril.
Segundo o levantamento realizado pela equipe de análise da Corretora Souza Barros, nestes primeiros meses de 2008, o Ibovespa registrou volatilidade de 36,33% e se encontra no maior patamar desde 2000, início da pesquisa. O cálculo é realizado pelo desvio padrão médio acumulado no dia a dia. O indicador em 2007 estava em 27,44% e 24,16% em 2006. "A volatilidade aumenta quando há insegurança ou falta de informações consistentes", afirma o analista da Corretora Souza Barros, Clodoir Vieira.
Mas existem papéis integrantes da carteira do Ibovespa com oscilações médias muito maiores. Como destaques dentre as ações com liquidez e volatilidade estão as ações ordinárias nominativas (Nos) da Vale, que no início deste ano apresentaram volatilidade de 53,23% nos primeiros meses de 2008. Os papéis da Net também mostraram forte oscilação, com volatilidade de 59,99%. Já as ações Gafisa, dentre os papéis do Ibovespa, foram as que mais oscilaram: 61,23%. Petrobras ON ficou com 53,12% no mesmo período.
Os meses de janeiro e março, marcados pela instabilidade, tiveram maior oscilação. Em janeiro, a volatilidade do Ibovespa ficou em 45,26% e em março foi de 34,94%. Para abril, a projeção é de que a volatilidade ainda permaneça acima de 34%.
Segundo os economistas do banco Real, ainda vão ocorrer períodos de estresse e forte volatilidade antes que o mercado equacione os problemas de solvência de algumas instituições.
"A tendência externa, deverá continuar a dar o tom do mercado a exemplo do verificado nas últimas semanas. O quadro difícil no curto prazo sugere grande prudência de atuação. Porém no médio/longo prazos ainda nos mantemos otimistas, acreditando no bom momento de nossa economia e principalmente das empresas", explicam.
Bons fundamentos
Neste cenário, compras progressivas de empresas com bons fundamentos podem ser recomendadas. "Na nossa visão o Ibovespa continuará negociando na faixa de 58.mil a 66 mil pontos no curto prazo, sendo necessário para mudança de patamar um novo direcionador (como por exemplo, a conquista do investment grade)", explicam os economistas do Real.
No mês passado, os altos e baixos estão relacionados ao quadro internacional mais grave com default de fundos e problemas generalizados, o que provocou grande perda de valor dos ativos. Em alguns períodos tivemos uma situação crítica de liquidez internacional, com rumores sobre instituições e fundos, forte sentimento de aversão ao risco.
Também não ajudaram os indicadores econômicos dos EUA e da China. "No período tivemos o empréstimo socorro do Fed, através do JP Morgan como intermediário, liberando recursos para Bear Steans, que estava em situação de falta de liquidez no mercado financeiro, contaminando todas as ações do setor bancário americano, que tiveram forte perda de seus preços, contaminando também os negócios nas demais bolsas internacionais", resumem os economistas do banco Real.
Recessão nos EUA
O Ibovespa registrou em março uma desvalorização 3,9%. "Com a ameaça de uma crise bancária mais profunda, os investidores, já prevendo uma recessão na economia dos EUA, começaram a se desfazer de posições alavancadas em ativos reais, como commodities, migrando para os títulos públicos norte-americanos."
Essa mudança de atitude dos investidores, segundo a análise do banco Real, leva as commodities, "que vinham num movimento de forte alta nos últimos meses, mesmos com os crescentes temores de uma desaceleração mundial maior, momentaneamente reverteram esta trajetória e entraram em declínio." Segundo os economistas da instituição, "nesta onda de aversão ao risco que derrubou as bolsas internacionais, o Ibovespa, por exemplo, registrou forte queda, sendo puxada por duas grandes empresas produtoras de commodity, a Petrobras e a Vale".
Oportunidade de ganho
Mas a volatilidade faz parte do mercado e deve ser vista como oportunidade de ganhos, principalmente para os investidores mais ambientados. O economista e investidor Henrique Demiya explica que as queda do mercado se configuram como um bom momento para obter ganhos. "A volatilidade dá oportunidade de ganho a todos", afirma. Segundo ele, é possível ganhar na volatilidade dentro do dia e viver somente disso.
Dentre papéis com alta volatilidade, ele destaca a Telebrás, Ecodiesel e Docas de Imbituba. O grande problema é a liquidez dessas ações. Mas papéis como os da própria Bovespa Holding e da Bolsa de Mercadorias & Futuros também demonstram altas oscilações que dão a possibilidade de retorno para os mais ousados, desde que o ingresso ocorra na hora certa. "Se a queda for forte e sem fundamento é hora de entrar", destaca.
Estrangeiros
Segundo Demiya, as oportunidades são geradas quando existem algumas distorções. "Muitas vezes o investidor compra o papel e perde em opções. Nessas horas precisam desfazer das ações para cobrir as opções e saem vendendo tudo. Isso gera oportunidade", diz.
O mesmo acontece com papéis de boa liquidez e que estão nas mãos de estrangeiros. "Quando estrangeiros que encarteiraram algumas ações possuem perdas no exterior, precisam cobrir o rombo no exterior. Para isso eles saem vendendo os papéis no Brasil", explica.
Ana Borges
Índice registrou 36,33% e se encontra no maior patamar desde o ano de 2000
Nem só de tendência de alta ou de baixa vive o mercado. A palavra volatilidade, nos últimos meses passou a ser a mais proferida pelos investidores e a perspectiva é de que os altos e baixos continuem a fazer parte do dia a dia da bolsa devido ao quadro de incertezas relativas à economia americana. Já no mês passado, os altos e baixos e a aversão ao risco foram intensas. "Quase todos os mercados do mundo e a grande parte dos ativos sofreram oscilações bruscas intra e entre pregões, deixando os investidores de curto prazo sem rumo", destaca o relatório do Banco Real para o mês de abril.
Segundo o levantamento realizado pela equipe de análise da Corretora Souza Barros, nestes primeiros meses de 2008, o Ibovespa registrou volatilidade de 36,33% e se encontra no maior patamar desde 2000, início da pesquisa. O cálculo é realizado pelo desvio padrão médio acumulado no dia a dia. O indicador em 2007 estava em 27,44% e 24,16% em 2006. "A volatilidade aumenta quando há insegurança ou falta de informações consistentes", afirma o analista da Corretora Souza Barros, Clodoir Vieira.
Mas existem papéis integrantes da carteira do Ibovespa com oscilações médias muito maiores. Como destaques dentre as ações com liquidez e volatilidade estão as ações ordinárias nominativas (Nos) da Vale, que no início deste ano apresentaram volatilidade de 53,23% nos primeiros meses de 2008. Os papéis da Net também mostraram forte oscilação, com volatilidade de 59,99%. Já as ações Gafisa, dentre os papéis do Ibovespa, foram as que mais oscilaram: 61,23%. Petrobras ON ficou com 53,12% no mesmo período.
Os meses de janeiro e março, marcados pela instabilidade, tiveram maior oscilação. Em janeiro, a volatilidade do Ibovespa ficou em 45,26% e em março foi de 34,94%. Para abril, a projeção é de que a volatilidade ainda permaneça acima de 34%.
Segundo os economistas do banco Real, ainda vão ocorrer períodos de estresse e forte volatilidade antes que o mercado equacione os problemas de solvência de algumas instituições.
"A tendência externa, deverá continuar a dar o tom do mercado a exemplo do verificado nas últimas semanas. O quadro difícil no curto prazo sugere grande prudência de atuação. Porém no médio/longo prazos ainda nos mantemos otimistas, acreditando no bom momento de nossa economia e principalmente das empresas", explicam.
Bons fundamentos
Neste cenário, compras progressivas de empresas com bons fundamentos podem ser recomendadas. "Na nossa visão o Ibovespa continuará negociando na faixa de 58.mil a 66 mil pontos no curto prazo, sendo necessário para mudança de patamar um novo direcionador (como por exemplo, a conquista do investment grade)", explicam os economistas do Real.
No mês passado, os altos e baixos estão relacionados ao quadro internacional mais grave com default de fundos e problemas generalizados, o que provocou grande perda de valor dos ativos. Em alguns períodos tivemos uma situação crítica de liquidez internacional, com rumores sobre instituições e fundos, forte sentimento de aversão ao risco.
Também não ajudaram os indicadores econômicos dos EUA e da China. "No período tivemos o empréstimo socorro do Fed, através do JP Morgan como intermediário, liberando recursos para Bear Steans, que estava em situação de falta de liquidez no mercado financeiro, contaminando todas as ações do setor bancário americano, que tiveram forte perda de seus preços, contaminando também os negócios nas demais bolsas internacionais", resumem os economistas do banco Real.
Recessão nos EUA
O Ibovespa registrou em março uma desvalorização 3,9%. "Com a ameaça de uma crise bancária mais profunda, os investidores, já prevendo uma recessão na economia dos EUA, começaram a se desfazer de posições alavancadas em ativos reais, como commodities, migrando para os títulos públicos norte-americanos."
Essa mudança de atitude dos investidores, segundo a análise do banco Real, leva as commodities, "que vinham num movimento de forte alta nos últimos meses, mesmos com os crescentes temores de uma desaceleração mundial maior, momentaneamente reverteram esta trajetória e entraram em declínio." Segundo os economistas da instituição, "nesta onda de aversão ao risco que derrubou as bolsas internacionais, o Ibovespa, por exemplo, registrou forte queda, sendo puxada por duas grandes empresas produtoras de commodity, a Petrobras e a Vale".
Oportunidade de ganho
Mas a volatilidade faz parte do mercado e deve ser vista como oportunidade de ganhos, principalmente para os investidores mais ambientados. O economista e investidor Henrique Demiya explica que as queda do mercado se configuram como um bom momento para obter ganhos. "A volatilidade dá oportunidade de ganho a todos", afirma. Segundo ele, é possível ganhar na volatilidade dentro do dia e viver somente disso.
Dentre papéis com alta volatilidade, ele destaca a Telebrás, Ecodiesel e Docas de Imbituba. O grande problema é a liquidez dessas ações. Mas papéis como os da própria Bovespa Holding e da Bolsa de Mercadorias & Futuros também demonstram altas oscilações que dão a possibilidade de retorno para os mais ousados, desde que o ingresso ocorra na hora certa. "Se a queda for forte e sem fundamento é hora de entrar", destaca.
Estrangeiros
Segundo Demiya, as oportunidades são geradas quando existem algumas distorções. "Muitas vezes o investidor compra o papel e perde em opções. Nessas horas precisam desfazer das ações para cobrir as opções e saem vendendo tudo. Isso gera oportunidade", diz.
O mesmo acontece com papéis de boa liquidez e que estão nas mãos de estrangeiros. "Quando estrangeiros que encarteiraram algumas ações possuem perdas no exterior, precisam cobrir o rombo no exterior. Para isso eles saem vendendo os papéis no Brasil", explica.
Ana Borges