quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Entre inflação e autonomia, analistas interpretam Fed como emissor de dívida

Por: Vitor Silveira Lima Oliveira

O ass
unto é polêmico. Possivelmente a instituição norte-americana mais destacada no combate à atual crise desde o seu início, o Federal Reserve poderá passar a emitir títulos de sua dívida. Independência, juro básico, segurança. Palavras presentes nas interpretações de analistas.

Logo a hipótese de que a instituição necessita levantar capital é descartada - ao Federal Reserve é reservada a tarefa de emitir moeda. Seja qual for a finalidade de Ben Bernanke e seus diretores, a autoridade monetária ganhará mais uma ferramenta para retirar a liquidez do mercado.

Mais do que assumir uma função não costumeira, a notícia espantou a muitos por sua oposição à atual política monetária expansionista impetrada pelo Fed. No momento em que a instituição luta com todas as forças para aumentar a oferta de moeda e seu giro na economia, impulsionando assim o crédito, qual sentido pode fazer a emissão de títulos?

Domando o mercado
Segundo analistas da Merrill Lynch, o motivo mais provável é aumentar a atratividade dos depósitos na instituição, "necessários para manter as Fed Fund Rates efetivas, próximas à meta", ressaltam. A emissão de títulos complementaria o pagamento de juro sobre o depósito compulsório dos bancos, considerado insuficiente para cumprir a tarefa.

Já a equipe do Société Générale entende que a emissão de títulos pode ser uma estratégia de saída do afrouxamento monetário, combatendo de modo rápido possíveis pressões inflacionárias, com a redução da moeda disponível no mercado.

Outras possibilidades
Ademais, os analistas do banco francês consideram possível que a ampliação das reservas, por meio da emissão de títulos, seja uma medida para evitar que um movimento abrupto de retiradas provoque uma quebra repentina nos programas expansionistas do Fed.

Já a Merrill Lynch considera possível que o Federal Reserve vise diminuir as pressões sobre o departamento do Tesouro, que poderá levantar até US$ 2 trilhões por meio de Treasuries neste ano.

Sob ótica distinta, o Fed pode buscar maior independência com a medida, a fim de evitar que a parceria entre as instituições ameace a autonomia completa da autoridade monetária.