domingo, 14 de dezembro de 2008

Fed pode reduzir ainda mais a taxa de juros, dizem analistas

O Federal Reserve (Fed, banco central americano) inicia amanhã uma discussão de dois dias sobre sua política monetária e a maioria dos analistas acredita que ele reduzirá novamente a taxa de juros, atualmente em 1%.

O Comitê de Mercado Aberto do Fed, que desde outubro reduziu em 0,5 ponto percentual sua taxa de juros nos empréstimos interbancários de curto prazo, divulgará sua decisão na terça-feira às 17h15 (horário de Brasília).

O presidente do Fed, Ben Bernanke, disse há duas semanas que a instituição seguirá afrouxando sua política monetária se isto for necessário para aliviar as turbulências da economia.

O Fed iniciou em setembro de 2007, quando as taxa de juros estavam em 5,25%, uma política monetária generosa, em um de seus mutos esforços para encorajar a despesa dos consumidores, que nos Estados Unidos equivale a mais de dois terços da atividade econômica.

A economia esteve em recessão desde dezembro de 2007, o desemprego continua aumentando e a queda da especulação imobiliária deixou cambaleante o sistema financeiro, motivo pelo qual muitos analistas acham que o Fed reduzirá sua taxa de juros na terça-feira em mais 0,5 ponto percentual.

Entre os fatores a favor de uma baixa adicional das taxas de juros está o fato de que a inflação se moderou a ponto de alguns analistas começarem a se preocupar com uma deflação.

Segundo o Departamento de Trabalho, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) caiu 1% em outubro, a maior diminuição mensal desde 1947, e, em novembro, o Índice de Preços de Produtor (IPP) teve queda de 2,2%.

Além disso, o Fed deve considerar o impacto de sua política monetária sobre a cotação do dólar, que no fechamento da semana passada caiu a seu nível mais baixo em 13 anos em relação ao iene.

O dólar também registrou sua pior semana em oito anos frente ao euro.

Em sua última reunião, no final de outubro, o Fed chegou a um consenso de que os riscos de uma deterioração do crescimento aumentaram.

Em seus cálculos de quanto a economia dos EUA crescerá este ano, os analistas do Fed reduziram suas previsões de entre 1% e 1,6%, para uma expectativa de 0% a 0,3%.

Além disso, acreditam que no ano que vem a economia terá de uma contração de 0,2% a um crescimento de 1,1%.

Apesar da redução da taxa de juros pelo Fed, os bancos continuam mais preocupados com a reconstituição de sua solvência e a acumulação de capital do que em facilitar o crédito aos consumidores, e, de fato, seguem aumentando as taxas de juros que impõem em cartões de crédito.

À parte de sua política em relação às taxas de juros, o Fed esteve emprestando, em regras de curto prazo, mais de US$ 2 trilhões por semana e, para irritação do Congresso e dos analistas, até agora não dá detalhes de quem são os tomadores de empréstimos nem do que aceita como garantia.

O total de empréstimos do Fed superou a marca de US$ 2 trilhões pela primeira vez na semana de 6 de novembro, e aumentou 138% desde 14 de setembro, quando o Fed afrouxou seus requisitos sobre garantias.

Com a aproximação da última reunião regular do Fed antes da posse do presidente eleito Barack Obama, os analistas discutem o que mais o banco central americano poderia fazer depois de reduzir a taxa de juros para 0,5%, como prevêem os analistas.

Entre outros instrumentos aplicados, o Fed anunciou em outubro a criação de um fundo, nutrido pelo Departamento do Tesouro, para a aquisição, sem precedentes, de enormes quantidades de letras de câmbio no curto prazo e sem garantias, a fim de fornecer liquidez para o funcionamento normal dos negócios e o consumo.