quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Medidas são elogiáveis, mas insuficientes para conter a crise, afirma tributarista

Silvana Salles

Elogiáveis, porém insuficientes. É a opinião do tributarista Gilberto Luiz do Amaral, presidente do IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário), sobre o pacote de contenção da crise global anunciado hoje pelo governo federal. "O pacote demonstra sensibilidade e preocupação do governo com a crise", diz Amaral. "Mas ainda são medidas insuficientes para combatê-la no plano tributário".

O presidente do IBPT vê o anúncio como uma opção de Brasília de atacar os sintomas da crise de forma pontual, em vez de lançar estratégias para contê-la de maneira firme. Para ele, o risco de o plano do governo falhar existe porque não é suficiente para despertar a confiança do empresariado e evitar que a do consumidor se perca.

Segundo o tributarista, as mudanças no Imposto de Renda são importantes para as classes média e baixa, mas devem surtir pouco efeito mesmo aliadas à redução do IPI. "O consumidor não vai passar a pensar em trocar de carro somente porque houve uma leve queda de preço. Ele precisa saber que vai ter emprego para conseguir pagar as prestações".

A sugestão de Amaral é a redução do PIS/Cofins e das alíquotas pagas ao INSS, tanto pelo empregador quanto pelos trabalhares. "PIS/Cofins e INSS atingem todo mundo. Uma redução das alíquotas permitiria uma queda dos preços ao consumidor e dos custos de produção", afirma.

"Uma redução previdenciária sobre a folha de pagamento, mesmo que temporária, teria impacto no caixa das empresas. E o governo poderia exigir em troca [da desoneração] um comprometimento da classe empresarial para que não houvesse cortes na força de trabalho", completa o tributarista.