Por: Vitor Silveira Lima Oliveira
Tão logo um trimestre é deixado para trás e as expectativas dos mercados voltam-se para os dados sobre as contas nacionais. Estimulados pela crise, dados sobre o crescimento econômico dos países são postos lado a lado, o que pode causar grandes confusões.
Geralmente desacompanhados de contextualização e boa explicação sobre como são calculados, os dados sobre o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) causam forte impacto, especialmente quando muitos indicadores apontam quedas para mínimas históricas, em meio a assustadoras variações de dois dígitos.
Método
Grosso modo, calcula-se o PIB pela soma do valor de todos os bens e serviços finais produzidos por um país durante certo período - costuma-se adotar o trimestre ou o ano como base. Mas para comparar o desempenho econômico dos países, é preciso entender também os diferentes modos como os dados de diferentes períodos se relacionam.
Como se dá com os resultados trimestrais de uma empresa, o crescimento econômico indica a variação da produção do país e um dos modos de fazê-lo é comparar os dados de um trimestre com os três meses imediatamente anteriores.
Todavia, o primeiro tipo de comparação pode levar a alguns enganos, caso não seja considerada a influência de eventos sazonais, por exemplo, cuja influência sobre apenas um determinado período pode causar distorções. O exemplo mais conhecido de evento não recorrente é o natal, no quarto trimestre do ano.
Variações em base anual
Por conta disto, muitos países adotam como padrão em suas estatísticas e projeções o crescimento acumulado em 12 meses, resultado da comparação dos dados do período atual com seu correspondente no ano anterior, reduzindo as diferenças existentes. Este é o caso de Brasil e Índia.
Fonte: OCDE (estimativas), IBGE, governo da Índia (CSO)
Anualização
Também é comum que países enfatizem uma projeção de desempenho anual com base na variação obtida em dois trimestres consecutivos. Embora um pouco mais sofisticada*, a chamada "anualização" é apenas uma maneira diferente para acompanhar as flutuações do produto de um país.
Tradicionalmente, é este o formato adotado pelo governo dos EUA , que na última semana anunciou dados preliminares sobre o PIB do quarto trimestre de 2008, com crescimento negativo de 6%.
Já no Brasil, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) costuma trabalhar com dados comparativos entre o atual trimestre e igual período do ano anterior.
Diferenças estruturais
Deste modo, fica evidente a impossibilidade da comparação pura e simples dos dados, obtidos de modo tão distinto. E mesmo quando a base de comparação é a mesma, alguns números sofrem ajustes (sazonais, inflação), o que pode originar grandes discrepâncias.
Por fim, é preciso relativizar a magnitude da expansão econômica ao estágio de desenvolvimento e dotação de fatores como nível de renda. Neste sentido, mesmo uma taxa de crescimento menor, em um país desenvolvido, pode significar mais que números maiores, mas obtidos por uma economia ainda emergente.
*Para a anualização, eleva-se à quarta potência a soma da variação trimestral com uma unidade, como na seguinte fórmula: (1 + i)4
**Dados ainda não divulgados
Tão logo um trimestre é deixado para trás e as expectativas dos mercados voltam-se para os dados sobre as contas nacionais. Estimulados pela crise, dados sobre o crescimento econômico dos países são postos lado a lado, o que pode causar grandes confusões.
Geralmente desacompanhados de contextualização e boa explicação sobre como são calculados, os dados sobre o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) causam forte impacto, especialmente quando muitos indicadores apontam quedas para mínimas históricas, em meio a assustadoras variações de dois dígitos.
Método
Grosso modo, calcula-se o PIB pela soma do valor de todos os bens e serviços finais produzidos por um país durante certo período - costuma-se adotar o trimestre ou o ano como base. Mas para comparar o desempenho econômico dos países, é preciso entender também os diferentes modos como os dados de diferentes períodos se relacionam.
Como se dá com os resultados trimestrais de uma empresa, o crescimento econômico indica a variação da produção do país e um dos modos de fazê-lo é comparar os dados de um trimestre com os três meses imediatamente anteriores.
Todavia, o primeiro tipo de comparação pode levar a alguns enganos, caso não seja considerada a influência de eventos sazonais, por exemplo, cuja influência sobre apenas um determinado período pode causar distorções. O exemplo mais conhecido de evento não recorrente é o natal, no quarto trimestre do ano.
Variações em base anual
Por conta disto, muitos países adotam como padrão em suas estatísticas e projeções o crescimento acumulado em 12 meses, resultado da comparação dos dados do período atual com seu correspondente no ano anterior, reduzindo as diferenças existentes. Este é o caso de Brasil e Índia.
| País | 3T08(%) | 4T08(%) |
| França | 0,6 | -1,0 |
| Alemanha | 0,8 | -1,6 |
| Itália | -1,1 | -2,6 |
| Japão | -0,2 | -4,6 |
| Reino Unido | 0,3 | -1,8 |
| EUA | 0,7 | -0,2 |
| Brasil | +6,3 | ** |
| Índia | +7,6 | +5,3 |
Fonte: OCDE (estimativas), IBGE, governo da Índia (CSO)
Anualização
Também é comum que países enfatizem uma projeção de desempenho anual com base na variação obtida em dois trimestres consecutivos. Embora um pouco mais sofisticada*, a chamada "anualização" é apenas uma maneira diferente para acompanhar as flutuações do produto de um país.
Tradicionalmente, é este o formato adotado pelo governo dos EUA , que na última semana anunciou dados preliminares sobre o PIB do quarto trimestre de 2008, com crescimento negativo de 6%.
Já no Brasil, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) costuma trabalhar com dados comparativos entre o atual trimestre e igual período do ano anterior.
Diferenças estruturais
Deste modo, fica evidente a impossibilidade da comparação pura e simples dos dados, obtidos de modo tão distinto. E mesmo quando a base de comparação é a mesma, alguns números sofrem ajustes (sazonais, inflação), o que pode originar grandes discrepâncias.
Por fim, é preciso relativizar a magnitude da expansão econômica ao estágio de desenvolvimento e dotação de fatores como nível de renda. Neste sentido, mesmo uma taxa de crescimento menor, em um país desenvolvido, pode significar mais que números maiores, mas obtidos por uma economia ainda emergente.
*Para a anualização, eleva-se à quarta potência a soma da variação trimestral com uma unidade, como na seguinte fórmula: (1 + i)4
**Dados ainda não divulgados
