Por: Karin Sato
Os bancos centrais têm a função de implementar as políticas monetária e cambial e supervisionar o mercado financeiro. Essa definição, sozinha, basta para explicar qual o papel das autoridades monetárias no enfrentamento de uma crise, quando ela se instala. Isso porque as duas variáveis são essenciais à recuperação da economia.
"Com a política monetária, é possível controlar o volume de recursos em circulação. Por meio de mecanismos como os depósitos compulsórios, a taxa de redesconto (que funciona como uma espécie de cheque especial para os bancos), a compra e a venda de títulos públicos e a definição da taxa básica de juros, é possível aumentar ou diminuir a quantidade de dinheiro na economia e a oferta de crédito", explica o professor de Economia da Trevisan Escola de Negócios, Alcides Leite.
Em outras palavras, os bancos centrais têm à sua disposição ferramentas que podem ativar toda uma economia. Mas essa é a teoria. Na prática, cada decisão tomada tem inúmeras implicações, positivas e negativas, de maneira que os investidores acompanham cada passo das autoridades monetárias.
Zelando pelo mercado financeiro
A saúde do mercado financeiro é uma questão central quando o cenário é de desaceleração do crescimento econômico, ou mesmo de recessão.
Dela dependem empresas, correntistas, grandes e pequenos investidores e a economia em si. Para exemplificar, o professor de Economia da Trevisan afirma que, quando um banco de porte médio ou grande quebra, o efeito é sistêmico. A crise pode passar a ser de confiança e as dificuldades se alastrarem entre as instituições financeiras sobreviventes.
Daí a liberdade das autoridades monetárias de muitos países para intermediar as compras de uma instituição financeira por outra, bem como as fusões e aquisições. Em determinadas nações, isso não é possível, porque existe um órgão específico para tal.
"A economia um todo se torna mais frágil quando um banco ou outro passa por dificuldades", garante o professor de Finanças da FGV (Fundação Getulio Vargas), Ricardo Araujo.
Crise atual
Perante o cenário econômico atual, os bancos centrais têm atuado junto aos governos de seus respectivos países, inclusive aqueles que possuem independência legal, ou autonomia para tomar decisões. Eles formaram verdadeiros times em torno de um inimigo comum: a crise.
O presidente do Federal Reserve (o Fed, banco central americano), Ben Bernanke, por exemplo, afirmou, esta semana, que o poder público norte-americano poderá assumir uma participação minoritária em alguns dos maiores bancos do país, ao mesmo tempo em que descartou a nacionalização dos mesmos.
Já na semana passada, ele defendeu a inovação na política monetária, considerando seu poder convencional de definição da taxa de juros limitado. "Influenciar apenas as taxas de juro de curto prazo se provou ineficiente para sobrepujar os efeitos da crise financeira e recuperar as condições de crédito", disse.
Nesse meio tempo, o presidente do BCE (Banco Central Europeu), Jean-Claude Trichet, fez um alerta acerca dos problemas cíclicos da crise e disse que uma maior regulamentação do setor financeiro poderia fortalecer a economia.
Para ele, o processo de desalavangem no sistema bancário deveria ser monitorado, uma vez que há o risco de minar o setor como um todo. Principalmente, há uma necessidade de regular os hedge funds, as agências de classificação de risco e as operações com derivativos.
A mão forte da autoridade monetária
O próprio noticiário econômico ressuscitou a discussão acerca da interferência na economia. Dizem que justamente a falta da interferência tanto de governos quanto dos bancos centrais teria desembocado no quadro de recessão e desemprego em países do hemisfério norte, principalmente nos Estados Unidos.
"Não tive notícia de não-interferência na economia por parte dos bancos centrais. É muito difícil um BC não se mexer em um momento difícil como o que vivemos atualmente", diz Araujo, da FGV.
"Mas, na crise de 29, o Fed agiu de maneira estranha, na minha opinião. Os efeitos foram muito mais nefastos do que os que observamos hoje e o Fed nem mesmo impediu que bancos importantes desaparecessem. É verdade que, na época, as autoridades monetárias não tinham a força que têm agora".
Os bancos centrais têm a função de implementar as políticas monetária e cambial e supervisionar o mercado financeiro. Essa definição, sozinha, basta para explicar qual o papel das autoridades monetárias no enfrentamento de uma crise, quando ela se instala. Isso porque as duas variáveis são essenciais à recuperação da economia.
"Com a política monetária, é possível controlar o volume de recursos em circulação. Por meio de mecanismos como os depósitos compulsórios, a taxa de redesconto (que funciona como uma espécie de cheque especial para os bancos), a compra e a venda de títulos públicos e a definição da taxa básica de juros, é possível aumentar ou diminuir a quantidade de dinheiro na economia e a oferta de crédito", explica o professor de Economia da Trevisan Escola de Negócios, Alcides Leite.
Em outras palavras, os bancos centrais têm à sua disposição ferramentas que podem ativar toda uma economia. Mas essa é a teoria. Na prática, cada decisão tomada tem inúmeras implicações, positivas e negativas, de maneira que os investidores acompanham cada passo das autoridades monetárias.
Zelando pelo mercado financeiro
A saúde do mercado financeiro é uma questão central quando o cenário é de desaceleração do crescimento econômico, ou mesmo de recessão.
Dela dependem empresas, correntistas, grandes e pequenos investidores e a economia em si. Para exemplificar, o professor de Economia da Trevisan afirma que, quando um banco de porte médio ou grande quebra, o efeito é sistêmico. A crise pode passar a ser de confiança e as dificuldades se alastrarem entre as instituições financeiras sobreviventes.
Daí a liberdade das autoridades monetárias de muitos países para intermediar as compras de uma instituição financeira por outra, bem como as fusões e aquisições. Em determinadas nações, isso não é possível, porque existe um órgão específico para tal.
"A economia um todo se torna mais frágil quando um banco ou outro passa por dificuldades", garante o professor de Finanças da FGV (Fundação Getulio Vargas), Ricardo Araujo.
Crise atual
Perante o cenário econômico atual, os bancos centrais têm atuado junto aos governos de seus respectivos países, inclusive aqueles que possuem independência legal, ou autonomia para tomar decisões. Eles formaram verdadeiros times em torno de um inimigo comum: a crise.
O presidente do Federal Reserve (o Fed, banco central americano), Ben Bernanke, por exemplo, afirmou, esta semana, que o poder público norte-americano poderá assumir uma participação minoritária em alguns dos maiores bancos do país, ao mesmo tempo em que descartou a nacionalização dos mesmos.
Já na semana passada, ele defendeu a inovação na política monetária, considerando seu poder convencional de definição da taxa de juros limitado. "Influenciar apenas as taxas de juro de curto prazo se provou ineficiente para sobrepujar os efeitos da crise financeira e recuperar as condições de crédito", disse.
Nesse meio tempo, o presidente do BCE (Banco Central Europeu), Jean-Claude Trichet, fez um alerta acerca dos problemas cíclicos da crise e disse que uma maior regulamentação do setor financeiro poderia fortalecer a economia.
Para ele, o processo de desalavangem no sistema bancário deveria ser monitorado, uma vez que há o risco de minar o setor como um todo. Principalmente, há uma necessidade de regular os hedge funds, as agências de classificação de risco e as operações com derivativos.
A mão forte da autoridade monetária
O próprio noticiário econômico ressuscitou a discussão acerca da interferência na economia. Dizem que justamente a falta da interferência tanto de governos quanto dos bancos centrais teria desembocado no quadro de recessão e desemprego em países do hemisfério norte, principalmente nos Estados Unidos.
"Não tive notícia de não-interferência na economia por parte dos bancos centrais. É muito difícil um BC não se mexer em um momento difícil como o que vivemos atualmente", diz Araujo, da FGV.
"Mas, na crise de 29, o Fed agiu de maneira estranha, na minha opinião. Os efeitos foram muito mais nefastos do que os que observamos hoje e o Fed nem mesmo impediu que bancos importantes desaparecessem. É verdade que, na época, as autoridades monetárias não tinham a força que têm agora".