terça-feira, 3 de março de 2009

Indústria perde no curto prazo tudo que ganhou em 2 anos, diz Fiesp

A recuperação da atividade industrial em janeiro não foi motivo de alegria para a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Isso porque a melhora se deu na comparação com o último trimestre de 2008, quando a produção diminuiu 20%, pelos dados da entidade."Em um curtíssimo espaço de praticamente dois meses, a indústria paulista devolveu tudo o que ganhou nos últimos dois anos", afirmou o diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp, Paulo Francini.

O Índice do Nível de Atividade (INA) que mede o desempenho da indústria de transformação do Estado de São Paulo,
teve leve alta de 0,9% em janeiro, na comparação sem ajuste sazonal com dezembro de 2008. Com o ajuste, a variação foi positiva em 6,2%. No entanto, em dezembro, o indicador já tinha marcado queda de 23,1%, frente ao mês anterior, sem ajuste.

O confronto com janeiro de 2008 é negativo - indicador, registrou queda de 15,7% frente ao mesmo mês do ano passado.

"Os dados mostram que voltamos ao patamar de atividade apresentado no segundo semestre de 2006", completou Francini. Segundo ele, se a indústria paulista quiser empatar os resultados de 2009 com os de 2008, ela precisa crescer a uma média de 2,1% em todos os meses do ano, nos dados dessazonalizados. "Para somente empatarmos com o ano passado, nossa indústria terá uma tarefa muito árdua pela frente", afirmou o diretor.

Na análise setorial, Metalurgia Básica foi o setor de pior desempenho no primeiro mês do ano. O INA desse segmento, sem ajuste sazonal, marcou recuo de 38,7% frente a janeiro de 2008. Com relação a dezembro do ano passado, a queda foi de 8,1%, sem ajuste, e de 6,2%, considerando as variações sazonais.

Com relação ao Nível de Utilização da Capacidade Instalada (NUCI), o setor que teve o pior resultado foi o Nuclear e Produção de Álcool, que registrou 52% em janeiro, enquanto o melhor resultado ficou com o de Outros equipamentos de Transporte, com 89,1%, sem ajuste sazonal.

"Há setores que estão apanhando mais agora, mas a verdade é que a crise vai bater em todos, mais cedo ou mais tarde", afirmou Paulo Francini.

Ele explicou que, diante deste cenário de retração, a sensação geral do mercado é de que os efeitos da crise não cessaram e devem piorar. O Sensor Fiesp, indicador que mostra a percepção dos agentes da indústria sobre o período corrente, registrou 42,3 pontos na segunda quinzena de fevereiro frente à primeira, o que significa que as expectativas do mercado permanecem negativas.

"Os estoques altos continuam assustando e as projeções de vendas também mostram que o mercado não acredita que o processo de retração está arrefecendo. Isto deve recair sobre o mercado de trabalho, que observará uma queda ainda maior do emprego nos próximos meses", concluiu o diretor de pesquisas.

(Vanessa Dezem | Valor Online)